O trânsito caótico, dificuldades de socorrer pessoas ao redor do estádio e outros problemas ligados à inauguração de Pituaçu e no Barradão são problemas a serem resolvidos pelas autoridades competentes. Esse deve ser o sentido de clubes organizados e dos poderes que respondem pela preservação do direito público do cidadão a paz, a vida e a liberdade de locomoção.
O Bahia e o Vitória poderiam, ao invés de disputar espaço na mídia sobre o Estádio de Pituaçu, uma vez que ele já é um fato consumado, elevar o nível da discussão sobre o uso de bebidas dentro e em torno do Estádio; isto sim, seria uma forma de respeitar o cidadão. Não é preciso estar muito informado para saber que álcool e violência estão ligados intimamente. O problema é que ninguém quer abrir mão de seus lucros. A bebida é fartamente distribuída sem que haja qualquer constrangimento aos beberrões.
Experiências ao redor do mundo e também aqui no Brasil demonstram a necessidade de conjugar uma política de segurança com proibição de consumo de bebidas alcoólicas. Em Pernambuco, depois de cinco rodadas, a população de Recife é majoritariamente a favor da proíbição de bebidas.alcóolicas. Os índices não são nada desprezíveis: em torno de 80% dos entrevistados em pesquisa recente são a favor da iniciativa de probição de bebidas nos estádios de futebol de Pernambuco. Já se pensa em aumentar a abrangência da lei seca para em torno dos estádios na terra do autor de Asa Branca.
Cada vez mais a sociedade organizada e consciente de seu papel está a reclamar ações menos tolerantes contra drogas lícitas que atuam no sistema nervoso humano em condições até maiores de causar danos a outrem e aos próprios consumidores de bebidas alcóolicas. O bem obtido por políticas de repressão ao consumo de drogas lícitas, como o álcool no trânsito, já se fez sentir seus ganhos junto à população que aprovou este tipo de intervenção do Estado na saúde e bem-estar da população.
Maurício Guimarães