PM de Pernambuco joga mais que o Náutico

“Teje preso” virou rotina no Estádio dos Aflitos, em Pernambuco. Pela segunda vez na Série A do Campeonato Brasileiro, a Polícia Militar do Estado provocou um espetáculo degradante na noite de sábado. Roubou a cena da partida entre Náutico e Vitória e voltou a ganhar mais destaque do que a equipe de Recife, que mesmo com o triunfo por 1 a 0, continua na luta para fugir do rebaixamento.

As cenas de correria no intervalo e no final da partida no vestiário do Vitória lembraram acontecimentos recentes. Na quarta rodada da competição, o zagueiro André Luís, do Botafogo, foi preso por ter, supostamente, desacatado um policial. Outro time a sofrer a brutalidade da polícia pernambucana foi o Grêmio, só que em 2005, quando inclusive produziu um documentário com o título de “Batalha dos Aflitos”.

No sábado, a primeira confusão começou no intervalo da partida. De acordo com o técnico Vágner Mancini, “a tropa de choque invadiu o vestiário quando eu estava dando a palestra”. Os policiais partiram em direção ao goleiro colombiano Viáfara na tentativa de prender o jogador sob o argumento de desacato. O goleiro do Vitória teria ofendido um policial no momento em que reclamava com o árbitro José Henrique de Carvalho sobre a marcação do pênalti que originou o único gol do jogo.

No final do segundo tempo, mais confusão. Enquanto Vágner Mancini dava entrevista reclamando mais uma vez da arbitragem, os jogadores do Vitória saíam correndo do vestiário destinado à equipe. Tossindo, com os olhos vermelhos e as camisas no rosto, os atletas acusavam a PM de Pernambuco de ter jogado gás de pimenta no local. “

Vamos pedir a interdição desse estádio hoje (sábado). Isso é uma palhaçada, fomos roubados pelo juiz, que marcou um pênalti que não existiu e o vestiário está cheio de gás”, disse o presidente do Esporte Clube Vitória, Alexi Portela.

O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, afirmou que vai pedir hoje o tape do jogo para avaliar a instauração de um inquérito para apurar o caso, mas descartou a interdição imediata. “Só interditamos um estádio quando tem problemas na infra-estrutura, o que não é o caso. Acho que é coerente pedir a instauração de inquérito, mas precisamos aguardar a súmula e as imagens”, afirmou. Tribuna da Bahia

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