Invasão de torcida organizada ao Fazendão acua diretoria

O impulso democrático antecipou o 2 de Julho. O movimento pronto para ganhar as ruas do centro de Salvador durante as festividades pelos 185 anos de independência da Bahia concentrou sua principal ação 21 dias antes da data, com pretensão clara de assegurar autonomia política, mas ao Esporte Clube Bahia. Maria Quitéria ainda aguarda o encontro aos seus pés, programado na internet para as 8h do segundo dia do próximo mês, na Soledade.

Mas qualquer manifestação decerto perderá em expressão depois de 50 torcedores “tomarem de assalto” o Fazendão, com estratégia digna de guerrilha sem armas. O telefonema às 6h42 de ontem deu conta do que já acontecia há cerca de uma hora. “Tomamos o Fazendão”, anunciou solene Cristóvão Contreiras, diretor da torcida organizada Bamor. Tudo arquitetado durante um mês. Horários, entradas, saídas, estratégias para evitar o confronto com a polícia.

Pouco depois das 6h, o grupo percorria a área interna do Fazendão com ares de proprietário. Acesso dos funcionários permitido apenas a pé, com direito à lista de presença no portão trancado a cadeado. Cinco carros atravessados do lado de dentro deram garantia extra de restrição à passagem.

“A idéia era invadir tudo e fazer back-up dos computadores para encontrarmos provas contra essa diretoria, mas seria difícil segurar o pessoal”, ponderou Jorge Santana, presidente da torcida. O desgaste com o grupo liderado pelo conselheiro Paulo Virgílio Maracajá Pereira, há 36 anos dentro do clube, arrasta-se desde o descenso à Série B, em 2003, com ponto alto em 2006.

Os torcedores de ontem carregaram as faixas daquele 24 novembro, quando 30 mil pessoas lotaram o Campo Grande na corrida pelo objetivo que se repete: renúncia e diretas. “Fora malditos: Petrônio (Barradas), Marcelo (Guimarães) e (Paulo) Maracajá”. Os novos dizeres apelam às autoridades. “Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público, investiguem a diretoria do Bahia”.

O estopim da crise foi a possibilidade latente de o clube perder o direito de atuar no reformulado Pituaçu. O governo do estado estuda a idéia de só permitir a entrada de empresas com eleições diretas na licitação de arrendamento do estádio. “Eles abrem mão do recurso e não do poder. Aconteceu com o Sua Nota é um Show e pode se repetir com Pituaçu. Eles têm a perspectiva da eternidade. Nem Deus pode com eles”, condenou o advogado Ademir Ismerim, conselheiro de oposição. Eduardo Rocha, Correio da Bahia

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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