Vitória tem uma pedreira pela frente

Depois de quatro anos de rebaixamentos e acessos, finalmente o Leão volta a comer carne de primeira. Neste sábado, contra o Cruzeiro, o Vitória pode provar que aprendeu a lição com a queda até o fim do túnel, não perdendo mais os dentes saboreando os filés do futebol brasileiro. O primeiro será osso duro de roer. A Raposa tem um time arrumado ofensivamente e está mordido com a eliminação da Libertadores, diante do Boca.

Este medo da Raposa determinada em descontar a eliminação no Leão não incomoda o técnico rubro-negro Vágner Mancini. Muito pelo contrário. “O Cruzeiro vem disposto a fazer um bom jogo. Foi uma equipe que domingo passado levantou a taça do Mineiro e quarta decidiu uma vaga que não foi bem. Acho que eles podem vir com um certo desequilíbrio emocional. Até porque os atletas do Cruzeiro se esforçaram muito na quarta-feira e podem estar cansados. Porém, apesar disso, o Cruzeiro sempre vai ser um adversário indigesto”, profetizou Mancini.

O comandante rubro-negro tem razão na sua última análise. Carne de Raposa não é um cardápio comum para o Leão baiano. É possível até dizer que, no futebol brasileiro, o mascote azulino é o predador natural do felino da boa terra, pelo menos na Série A. Desde o primeiro encontro, em 1972, o Vitória tem sido um freguês de carteirinha. Até o início dos anos 90, bastava o Leão cruzar com os mineiros para tremer na base. E de goleada. Até 1991, foram 8 confrontos no Brasileirão, com 4 goleadas cruzeirenses, como os 6 a 1 em 1973.

Em todos os confrontos na competição, o Vitória acumula 14 derrotas, conseguindo apenas seis triunfos. A primeira alegria rubro-negra diante do time celeste foi ocorrer apenas em 1994, 22 anos depois do primeiro jogo entre eles, válido pelo Brasileirão. E foi justamente o primeiro no solo sagrado do Barradão. Depois do Leão abandonar a Fonte Nova e adotar o Manoel Barradas, a Raposa nunca mais conseguiu vencer o rubro-negro em solo baiano.

Para falar a verdade, ocorreu apenas uma vez, pelo torneio seletivo para Libertadores, em 1999. Mas foi só. A torcida deve lembrar bem de 2002, quando o Cruzeiro chegou a abrir 2 a 0, mas terminou vendo o Vitória virar para 4 a 2, em uma tarde inspirada do atacante Aristizabal.

Nem o time mais perfeito do Cruzeiro em Brasileiros conseguiu superar o Leão na Toca. Em 2003, a Raposa de Wanderley Luxemburgo estava goleando todo mundo, como os 4 a 2 no São Paulo, em pleno Morumbi. Entretanto, depois de 10 rodadas imbatível, o Cruzeiro caiu pela primeira vez, diante do Vitória, na Toca. O representante baiano aplicou um 2 a 1, com gols de Adailton e Allan Delon.

Retorno – Para enfrentar o todo poderoso Cruzeiro, Vágner Mancini vai manter a base da final do Estadual. A principal expectativa girava em torno do homem que vai defenderia o gol. A comissão técnica fez um pouco de mistério. Mas a vaga vai ficar mesmo com o ídolo Ney, que volta a ser titular pelo menos temporariamente.

O colombiano Viáfara, cotado para assumir o posto, pode ficar no banco de reservas. França, titular nos jogos finais do baiano, vai aguardar nova oportunidade, tendo agora mais um concorrente.

Também garantida é a estréia do lateral-esquerdo Marcelo Cordeiro, que promete apagar seus antecessores, uma vez que não souberam import confiança no setor. Do lado oposto, sem Carlos Alberto, voltando de contusão, e Marco Aurélio suspenso, o jeito será a improvisação de Williams, posto também que pode ser ocupado pelo meia Jackson.

Dos novos reforços, todos foram relacionados para concentração, à exceção do atacante Dinei, ainda não regularizado. O meia-atacante Heverton e o atacante Muriqui podem sentar no banco. Marquinhos já está recuperado e faz dupla com Rodrigão.
Cerveja no Barradão O torcedor do Vitória vai poder tomar a sua tradicional cervejinha na partida de hoje, contra o Cruzeiro, no Barradão, mas será a “saideira”. Em caráter, excepcional, a CBF permitiu aos bares localizados no estádio a venda de bebida alcoólica, apesar da “lei seca” instituída pela entidade, a partir de hoje, em todas as praças esportivas do Brasil. Os comerciantes argumentaram para a administração do estádio que a comunicação em relação à proibição não foi feita em tempo hábil aos estabelecimentos. O clube pediu à Federação Baiana de Futebol que consultasse a CBF sobre o assunto e a entidade nacional concedeu o Ok!, mas em caráter excepcional. A liberação extraordinária (que serve também para outros estados na mesma situação) não pode servir de argumento para as próximas partidas. É hoje só, portanto, de modo a que os comerciantes possam fazer a liberação do estoque.

Correio/A Tarde

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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