Rui Carvalho: Um triste dia feliz

Vai ser de bronze, mas é mutante – Logo cedo depois de nossas reuniões dominicais, quando o evangelho segundo o espiritismo é lido e comentado por todos de casa, eis que surge distante o som do hino original – somos da turma tricolor, somos a voz do campeão… baêa, baêa, baêa! O som veio crescendo, crescendo, se aproximando, nos apaixonando… Todos estáticos, quase sem respirar, eu, minha mulher, meus filhos, nossos agregados íntimos Milton, Guinho, o casal de pitbull sadam e laica, até baby nossa cadelinha piche de quase 17 anos, caolha e ofegante, já quase se despedindo da vida, levantou a orelhinha e balançou seu rabinho cotoco. Olha! Sinceramente acho que até mamá, um cágadozinho que nasceu aqui no quintal da vizinha e que convive no nosso jardim, deve ter se arrepiado, dentro de sua couraça.

O tal veículo sonorizado parou à frente de nosso lar, o som baixou de volume, os animais se levantaram e latiram amistosamente. Alguém gritou de dentro do carro mesmo – baêa, minha porra!!! Rangeram-se os pneus, aumentou-se o som e disparou em seguida. Seguiu rua acima na sua toada de felicidade, baêa, baêa, baêa! Somos da turma tricolor… Ainda não sei quem foi, nem adiantou investigar, da rua, ninguém sabe quem é, embora tenham visto tal criatura e sua ranger cinza prata com sua aparelhagem de som sobre a carroceria. De uma coisa tomei conhecimento, tudo ganhou a partir dali, um colorido diferente nesta manhã de domingo, aliás, um tri-colorido diferente no centro de nossa querida Lauro de Freitas.

Missão cumprida – Antes precisou empatar o jogo contra o Vila Nova, para garantir a classificação para a Série B, mas está mesmo cheirando a título essa arrancada do tricolor nesta resta final do octogonal. Pelo desenho deste domingo, percebe-se nitidamente que os jogadores do Bahia superaram de vez o trauma de enfrentar sessenta mil torcedores do esquadrão de aço na Fonte, por sorte a turma que veio da Base, como Elias, Ávine, Neto Potiguar, Eduardo, Nonato e outros, vêm fazendo a diferença, desinibindo outros como Adilson, More, Inho. Pena que Ednei não se enquadrou ainda, mas vem aí o baianão, quem sabe, ele ainda volte a brilhar aos olhos dos seus fãs.

Tragédia – Depois do sucesso conquistado em campo veio à comemoração esperada, infelizmente com invasões de campo e depredação do já carcomido estádio que gemendo de dor e abandono, terminou desabando parte de suas arquibancada provocando a morte de 7 pessoas e outras tantas feridas. Os responsáveis deverão agora se acusar mutuamente e tudo será esquecido, como já foi no passado no Estádio de São Januário no Rio de Janeiro.

Mais uma estrela no peito – Vencendo esta peleja definitiva contra o CRAC nesta quarta-feira, café pequeno, certamente vai ser atropelado, pois o time mais cobrado do campeonato vai estar leve e solto agora. O tricolor pode se sagrar campeão da Série C, versão 2007. Se vier a acontecer, nada de vergonha em ostentar esta estrela, viu meu caro Duda Sampaio e outros foreiros do Portal Esportivo de Pinto. Claro, ela vai ser de bronze, nem poderia ser diferente, mas deve sim o tricolor ostentá-la briosamente, desde quando, esteja na sua proposta, embutido veementemente o desejo de logo, logo pintá-la de prata com a conquista desta Série B que se avizinha, e assim, pintando-a gradualmente quem sabe se mais à frente não a tingimos definitivamente umas outras douradinha.

Ética – Não concordo com os pessimistas que já pulam à frente com suas frases de efeito a questionarem: E agora? Vamos fazer o que? Esquece-se tudo e todos os desmandos que nos levaram a esse sufoco todo e trata os atuais dirigentes como heróis? Não! Negativo! Certamente não é essa a proposta, que deve vingar daqui pra frente, como também fica provado que não é empurrando para baixo que vamos soerguer o glorioso esquadrão de aço. O estatuto tem que vim em 2008 dando direto de voto aos sócios na escolha de seu presidente e isso pode vir naturalmente sem tanta torcida contra e prejuízos amargos para provocar os escorregões dos outros em proveito próprio

Lembremos de Napoleão Bonaparte, sem dúvida, um dos maiores líderes que este mundo já conheceu. Quando questionado o porquê dele ir à frente do seu exercito fadado ao fracasso pela empreitada desigual e perigosa ele disse a seguinte frase: – É mais fácil puxar do que empurrar!

Existe apenas uma hora que é importante – agora! É a hora mais importante, porque é a única hora em que possuímos algum poder, já que poder tem aquele que sabe unir o que foi separado, que faz reviver o que parece morto, esse tem verdadeiro poder, a torcida do Esporte Clube Bahia. Indiferente às querelas dos dirigentes, conselheiros, imprensa e nefastos, reagiu positivamente, superou seus próprios movimentos, invasões e apoiou o seu bem maior, resgatando-o do fundo do poço para uma posição intermediaria, um pouco mais digna, pois que, daqui pra frente pelos menos calendário e fonte de receita garantida já tem. Pena que para tanto, alguns tenham pago com a própria vida

Rui Carvalho

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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