O que a torcida pode esperar desse time do Bahia na Série A?

NO ANO PASSADO, POR POUCO, NÃO AMARGAMOS O REBAIXAMENTO

Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia

Já foi o tempo em que o torcedor do Bahia comemorava na velha e aconchegante Fonte Nova, meses e até ano, que o nosso Esquadrão de Aço não perdia jogos no seu então tradicional reduto, independente, da competição que disputava, que podia ser campeonato regional ou nacional, não importava, mesmo com a imprevisibilidade que sempre existiu no futebol e, ainda, com as “peças” que este costuma nos pregar, o torcedor já tinha quase que a certeza que o time sairia de campo com um bom resultado. Coisas do passado, infelizmente, tudo mudou e, ao invés do futebol evoluir, involuiu porque, a palavra CRAQUE é coisa do passado e temos que se contentar ou se conformar com o que temos para o momento.

 

Neste sábado, acontece a tão esperada largada da seleta Série A, a competição mais cobiçada do futebol brasileiro, onde há várias aspirações dos seus integrantes quando, a priori, todos iniciam em busca do difícil e disputado título, que é a cereja do bolo, mas, não sendo possível, uma classificação à Copa Libertadores da América já é considerada uma conquista expressiva, para alguns clubes, a classificação à Copa Sul-Americana já fica de bom tamanho, enquanto para aqueles que acabam lutando e se livram do inferno do rebaixamento, como última opção, nada melhor.

E o Bahia, o que pode oferecer ao seu torcedor?

No ano passado, o Bahia iniciou a temporada sendo eliminado, sumariamente, da Copa do Brasil logo na estreia, perdendo para o River do Piauí, já dando mostras que o time que estava sendo montado para o Brasileirão era fraco. Na sequência da temporada, tomou dois vareios do Ceará perdendo o título da Copa do Nordeste, em pleno Pituaçu e, infelizmente, o presidente Guilherme achou normal, manteve o treinador, não reforçou o time, “seguiu o jogo” veio o Brasileirão, passamos as agruras que passamos, com o time ocupando sempre a segunda página da classificação, entrando ou se avizinhando, em algumas rodadas, a zona de rebaixamento, mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos e conseguimos manter-se na Série A.

Já na presente temporada, o time tem mostrado uma melhoria considerável no seu jeito de jogar, não aquela guinada tão esperada pelo torcedor que seria passar da água para o vinho e isso não aconteceu, mas, em relação aquele time ruim que tínhamos no ano passado sem alma, sem garra, sem raça, sem atitude e sem vontade de vencer, pelo menos, já mostrou alguma atitude e vontade de vencer quando foi campeão da Copa Nordeste em plena Arena Castelão, está bem na Copa do Brasil e, embora tenha decepcionado na despedida da Sul-Americana quando foi atropelado pelo City Torque por 4×2, deixando uma má impressão no torcedor para a estreia no Brasileirão, imagino que o péssimo resultado não entrará em campo com o time para o jogo contra o Santos, às 20 horas, em Pituaçu.

Para essa Série A, não vi grandes contratações, mas, para ser sincero e justo, enxergo como altamente positivas as contratações pontuais da dupla de zaga Germán Conti e Luiz Otávio que vem dando certo em função de restaurar um setor que foi o calcanhar de Aquiles no Brasileirão do ano passado, naquela zaga que tomou nada mais e nada menos que 59 gols, sendo a terceira defesa mais vazada da competição, entretanto, isso não basta porque a aquisição dessa nova dupla de zaga pode ter sido necessária, mas, não o suficiente para atender as necessidades do time no setor, haja vista que, tem que ter duas duplas de zagas boas, uma titular e outra reserva, o que deveria ocorrer, também, em outras posições porque, time ganha jogo e elenco conquista título.

Ademais, o time é carente, também, de bons laterais que atuem como exige o futebol moderno, ou seja, laterais polivalentes que marquem bem e façam, também, o papel do antigo ponta direita que partia pra linha de fundo, cruzando ou se aproximando da área do adversário e, para tanto, o Bahia só tem o velho Nino Paraíba. Quanto a goleiros, o presidente do Bahia, por pressão da torcida, passou mais de um ano a procura de um para fazer sombra ou substituir Douglas e não “encontrou”, mas, como Deus escreve certo por linhas tortas, às vésperas das semifinais da Copa do Nordeste, Douglas foi acometido pela Covid-19, Matheus Teixeira entrou na “fogueira”, foi protagonista e herói nas cobranças de pênaltis, tanto no jogo contra o Fortaleza como na finalíssima contra o Ceará mostrando muito serviço e categoria e passou a ser merecedor da titularidade. Tenho a impressão que com Douglas no gol, não teríamos conquistado a “Orelhuda”.

Vejo que o grande problema no momento para o time do Bahia é a possível perda do atacante Gilberto que tem contrato com o clube até o final da temporada e, se até o final de junho não for renovado, o atleta já pode assinar um pré-contrato com outro clube e aí, será que ainda vai se preocupar em suar a camisa jogando pelo Bahia? Imagino que seriam seis meses, apenas, para cumprir o resto do contrato, o que se evidencia numa situação dessa, é que o atleta perderia toda motivação e empolgação de permanecer jogando no clube, só ficando no come e dorme.

Enquanto o time do Ceará tem três centroavantes que se equivalem, Felipe Vizeu, Jael e Cleber, o Bahia há três anos só tem Gilberto, haja vista que em determinado momento, o presidente esperou “jorrar petróleo” em Dias D’Ávila para contratar Fernandão, jorrou, mas, em menos de um ano o poço secou porque o jogador não deu certo e, por pouco, o “traíra” não ajudou à rebaixar o time, já jogando pelo Goiás. Há pouco mais de um mês, contratou Thonny Anderson que funciona no ataque do time, mais como um zero à esquerda do que como um nove no futebol, fez até um gol que não adiantou nada contra o City Torque, enfim, a verdade é que agora, por culpa do próprio presidente Bellintani que negligenciou em providenciar uma sombra ou substituto para uma eventual perda de Gilberto, em tempo hábil, aconteceu que o clube se tornou refém do jogador, porque o cara é bom e tem mercado e vamos aguardar cenas dos próximos capítulos, torcendo que contratado e contratante, cheguem a um denominador comum para estender o vínculo.

Portanto, pelas questões citadas e outras não citadas, até fazer uma avaliação nos primeiros cinco jogos da competição para poder fazer um juízo de valor do desempenho do time, vejo como uma incógnita o que esse time que vai iniciar a competição, poderá apresentar de bom ou ruim, no decorrer da competição.

Por enquanto, só me resta torcer, torcer e torcer.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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