Carta ao presidente Marcelo Sant’Ana do E.C Bahia

Senhor presidente,

O Esporte Clube Bahia foi fundado no dia 01 de janeiro de 1931. Todo ato de fundação é único e não tem como ser repetido. A partir da fundação pode-se aumentar ou diminuir o que foi fundado. Lembro-lhe disto com constrangimento, porque trata-se do óbvio. Entretanto seu comportamento na presidência parece ignorar o fato de o Esporte Clube Bahia já ter sido fundado e de que tem respeitável história e tradição.

Se sua pretensão é a de fundar um novo clube, a presidência de um já existente não é a função mais adequada para o senhor exercer. É legítima a pretensão de ser fundador, mas não há como fundar o Esporte Clube Bahia, ele já existe. Refundar? Marco Zero?

Como refundar o Bahia, se ele já tem milhões de torcedores? Como começar do zero, se ele já é bicampeão brasileiro? Como fazer tábula rasa, se é o clube que tem a maior torcida do estado?

Presidente, sua pretensão de refundar o Bahia leva-o a contradições flagrantes. Se o Tricolor necessita ser refundado, de onde virão os recursos necessários para isso? Os recursos virão e só podem vir em função do que o Esporte Clube Bahia acumulou em oito décadas de existência, sobretudo seus milhões de fiéis apaixonados. Será de olho neste patrimônio que os investidores (TV; patrocinadores; Arena; etc.) aceitarão negociar com o Clube. Para usar uma linguagem que o senhor tanto aprecia, o “valor agregado” à “marca” Bahia e que serve ao senhor como moeda de troca é todo ele originário de um período anterior a sua gestão. Então, como o Bahia está partindo do zero?

Senhor presidente, o Esquadrão não necessita de fundadores, ele precisa de quem aumente as glórias dele. Aliás, o senhor fez isso ao acrescentar mais um título baiano. Mas a pretensão de fazer história num clube de enorme tradição está levando o senhor a negligenciar o objetivo maior dum clube de futebol: ganhar os jogos e os títulos das competições de que participa. O Esporte Clube Bahia necessita de gestores que tenham a cabeça no presente e no futuro, mas que mantenham inteiramente os pés no presente. Pretender fazer história é uma ambição legítima, mas, lembre-se!, entra-se para a história como herói ou como vilão.

Durante sete anos a torcida tricolor ficou mergulhada na lama abraçada ao clube, até que o retirou de lá. Mas, em nenhum momento, ela declarou que o estava refundando. Não, ela dizia estar resgatando apenas o velho Bahia, para sempre Esquadrão de Aço.

Saudações tricolores,

Dinensen  – Torcedor do Bahia e amigo do BLOG

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