Bahia x Ceará já fizeram história em 1959 e deu o tricolor

Ceará e Bahia iniciam nesta quarta-feira a decisão da Copa do Nordeste 2015, com o primeiro jogo na Fonte Nova, em Salvador e no dia 29, o segundo duelo no Castelão. Mas esta finalíssima regional não é a primeira entre os dois gigantes nordestinos.  Em 1959, o Vovô e o Tricolor baiano jogaram pela Taça Brasil decidindo o título do Nordeste, que daria vaga à fase final do torneio em três jogos. E o Bahia acabaria campeão brasileiro – o primeiro – batendo o poderoso Santos de Pelé, também em três jogos, o último no Maracanã.

Pelo feito do Bahia, ao ser campeão batendo um time que marcou história no futebol mundial e ainda disputar a Libertadores da América no ano seguinte, pode-se imaginar que o Vovô não foi páreo para o tricolor de aço, mas se você pensa assim, acredite, você está completamente enganado.

Veja como foi a história contada  em detalhes por Vladimir Marques
 O Alvinegro, que era o atual bi-campeão cearense de 1957-58, encarou o Bahia de frente, empatando os três jogos e só sendo derrotado na prorrogação, com um gol no último minuto.

O primeiro jogo aconteceu no PV, com um empate por 0 a 0 e uma nova igualdade, em 2 a 2, na Fonte Nova – gols de Leo e Claudinho (contra) para o Bahia e Nenê e Walter para o Ceará – um jogo desempate foi marcado, também para a Fonte Nova. E novamente o Alvinegro cearense foi valente, empatando em 1 a 1, gols de Biriba para o Bahia e Walter para o Ceará, mas na prorrogação, Léo fez o gol do título do time baiano.

Vale lembrar que naquela época, um terceiro jogo era marcado caso cada um time vencesse um dos jogos, ou ocorressem dois empates, sem considerar a diferença de gols por vitória ou tentos marcados fora de casa.

Respeito

O time do Ceará daquele ano tinha em seus quadros jogadores históricos, que são considerados ídolos do clube: como o goleiro Harry Carrey; o lateral-direito William, o zagueiro Alexandre, o lateral-esquerdo Carneiro e o ponta-direita Carlito.

O zagueiro Alexandre Nepomuceno, o “Filé de Gia”, titular absoluto daquele time – que se sagraria anos depois tricampeão cearense em 1961-62-63 – relembra os duelos com o Bahia.

“Decidir o zonal do Nordeste da Taça Nordeste com o Bahia foi um feito para o Ceará. Em uma época que a região era dominada pelos estados Bahia-Pernambuco, o Ceará provou também ser um time forte, que foi muito respeitado a partir daí. Nosso time foi o embrião para outros se destacarem nos regionais, como em 1964 que ganhamos do Náutico. Tínhamos um time formado por muitos jogadores da terra e fizemos três jogos equilibrados com o Bahia, que venceria o Santos de Pelé. Não fomos campeões por pouco, por um gol no último minuto da prorrogação”, recorda ele.

Rivalidade
Considerado um dos maiores zagueiros da história do Ceará – Alexandre integra a seleção de todos os tempos do Alvinegro, compilada pelo Diário do Nordeste no Caderno Especial do Centenário do clube em julho de 2014 – e recorda que as rivalidades regionais já afloravam ali, com os zonais da Taça Brasil, que hoje são revividas com a Copa do Nordeste.

“Nos regionais da Taça Brasil, só jogavam os campeões de cada estado. Por isso era tão difícil. E a gente enfrentar um Bahia na final, foi uma experiência marcante. Ali, os regionais já chamavam a atenção, com os estádios lotados, seja PV ou Fonte Nova. Em 1964, fomos campeões do Nordeste em cima do Náutico (o lendário time dos intocáveis) com 4 a 0, e já na fase final, enfrentamos o Flamengo no Maracanã, terminando em 3º lugar. O Ceará era atração onde chegava, no Norte-Nordeste, por nossas campanhas. Hoje, o Ceará também é respeitado e espero que vença o Bahia desta vez”, recorda ele.

Sobre a comparação das formações de Ceará e Bahia de 1959 e 2015, Alexandre preferiu não cometer nenhuma injustiça. “O futebol era diferente daquela época. Não lento como dizem, pois tínhamos muita técnica e a tática de prender a bola, tocar e não entregá-la ao adversário. Tenho muita saudade daquela época, de recordar o futebol das décadas de 60 e 70, mas as equipes têm relevância histórica em suas épocas, ontem e hoje”

Campanhas
Para chegar a decisão do zonal do Nordeste da Taça Brasil, Ceará e Bahia superaram ABC e CSA, respectivamente. Enquanto o Vovô precisou do terceiro jogo para eliminar os potiguares (1×1 em Natal/RN, 0x0 no Presidente Vargas, e 2 a 1 no jogo desempate, também no PV), o Bahia venceu duas vezes o time alagoano: 5×0 em Maceió/AL e 2×0 em Salvador. Na fase semifinal, o Bahia passou pelo Vasco e bateu o Santos por 3 a 1 no Maracanã no jogo desempate.

Formações

Ceará e Bahia fizeram três jogos eletrizantes por um título regional e vaga na fase final da Taça Brasil, disputados dias 20, 27 e 29 de setembro de 1959. No empate por 0 a 0 no PV, o Ceará jogou com Harry Carrey; William e Alexandre; Claudio, Claudinho e Carneiro, Carlito, Zeca, Valter Vieira, Doca e Gilberto. Já o Bahia atuou com Nadinho; Beto e Leoni; Flavio, Vicente e Neizinho; Marito, Alencar, Leo, Ari e Biriba. As formações citadas foram os times-base utilizados nos três jogos

Vladimir Marques

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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