Eleição do Bahia tem “cartas marcadas” de cartolas

A crise do Esporte Clube Bahia promete tomar atalhos. Amargando a Série B, sem títulos há seis anos, o clube baiano enfrenta um processo eleitoral com “cartas marcadas”, apesar dos protestos da torcida. A formação do Conselho indica a permanência do grupo de cartolas que controla o “Tricolor de Aço” há três décadas. Em vez de renovação, há promessa de monotonia. Até o compositor Gilberto Gil cobrou democracia e criticou a “velha mentalidade” da direção do Bahia.

Depois do oposicionista Fernando Jorge Carneiro ter lançado a candidatura, o deputado federal Marcelo Guimarães Filho, nome da situação, se inscreveu nesta terça-feira como candidato a presidente do Bahia. A eleição do dia 11 decidirá o futuro do clube nos próximos três anos, mas não permite grande expectativa do torcedor, pois o vencedor – leia-se Marcelo Guimarães Filho – já é sabido antes da realização do pleito.

Abre parênteses: no Bahia, os sócios não têm direito a voto, tarefa exclusiva do Conselho Deliberativo formado por 23 membros natos (ex-presidentes, diretoria executiva e o presidente do Conselho Fiscal) e 300 eleitos, em eleição não proporcional. Quem ganha no bate-chapa, mesmo que por diferença de um voto, tem direito a todos os 300 nomes. Assim manda o estatuto, elaborado em 1981. Fecha parênteses.

Para conseguir os 300 nomes do Conselho, aceitam-se indicações. E o assessor do deputado federal e candidato Marcelo Guimarães Filho, Dilton Lima do Val, foi um dos indicados. É o número 59 da lista que se tornou pública somente na quinta-feira passada, quando Fernando Jorge se inscreveu.

O candidato Marcelo Filho não enxerga conflito de interesses na questão. “Eu não vejo problema nenhum, até porque ele é sócio e um ferrenho torcedor do clube. As pessoas dizem por aí que o conselho é comandado, direcionado. Eu discordo. Existem diversas pessoas no conselho que têm autoridade, autonomia e não são controladas por ninguém. Tem Victor Ventim, presidente da Fieb (Federação das Indústrias do Estado da Bahia), os deputados Nelson Pelegrino (PT) e Fábio Souto (DEM), diversas pessoas que têm toda a independência”, afirma.

Assim como no Conselho do Bahia tem também pelo menos três funcionários e um filho de funcionário do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), indicados pelo ex-presidente e influente conselheiro Paulo Maracajá, vice-presidente do Tribunal. O candidato da oposição, Fernando Jorge, aumenta a conta para nove.

São conselheiros do Bahia o coordenador de assistência aos municípios do TCM, Antônio Dourado Vasconcelos, o assistente administrativo Ari Ramos de Andrade, o chefe de gabinete Robson Wilson da Silva, além de Plínio Carneiro da Silva Filho, cujo pai é conselheiro do TCM. Paulo Virgílio Maracajá Pereira Júnior, Ricardo Pereira Neto e Carlos Roberto Maracajá Pereira, dois filhos e um irmão do ex-presidente, também compõem o Conselho.

Fato inconcebível, na visão de Fernando Jorge. “Isso é um absurdo. Se fosse só um conselheiro notável do órgão, como Chico Neto, ou até um funcionário que fosse um grande torcedor, tudo bem”, protesta.

Maracajá rebate. “Torcedor do Bahia tem em qualquer lugar, torcedor do Bahia é povo. O que ele (Fernando Jorge) deveria ter feito era, na eleição do conselho, ter apresentado uma chapa, coisa que não fez. Criticar é fácil”.

Entre os exemplos pinçados nos 300 nomes, constam ainda Vitor Cabral Accioly Lins e Renato Oliveira Accioly Lins, filho e irmão do presidente do Conselho Deliberativo do Bahia, Ruy Accioly. “A condição é ser sócio e estar em dia. Eu vou botar quem? Vou botar meu inimigo?”, justifica Ruy.

O motorista e faz-tudo do clube, Aderbal Amaral da Silva, também é conselheiro. A dois dias da eleição, Aderbal não pretende atender ao pedido de Fernando Jorge, que solicitou aos conselheiros que são funcionários do Bahia ou parentes de envolvidos no processo eleitoral não votar. “Não tem nada que impeça, não fere o estatuto. É obrigação nossa ir lá e votar”.

Seu Aderbal é funcionário do clube desde 91, mas não recorda quando entrou para o seleto grupo de conselheiros. “Um bocado de tempo, não me lembro, não”, declara. Na eleição passada, em 2005, ele votou.
Ribeiro dos Santos/Terra MagazineEleição do Bahia é suspensa
As eleições para escolha da nova direção do Esporte Clube Bahia, que ocorreriam nesta quinta-feira, dia 11, foram suspensas por liminar concedida pelo juiz da 2ª Vara Cívil. Um oficial de justiça está a caminho do Fazendão para entregar o documento que cancela a votação. Juiz autoriza, Rui Cordeiro disputa eleição quinta-feira
13:10 hs – Saiu neste momento a liminar para que Rui Cordeiro possa ser candidato a presidência do Esporte Clube Bahia A chapa estará sendo inscrita nesta tarde as 16:00hs na sede de praia do Esporte Clube Bahia
Fernando Jorge na rede
Ontem foi vez de o candidato Fernando Jorge Carneiro participar do Chat do Ibahia.com Acostumada a lotar estádios, a torcida tricolor compareceu no mundo virtual e enviou 150 perguntas, embora o tempo só tenha permitido 20 respostas. Otimista, “Senão, não teria me escrito” o empresário expôs propostas para o clube, caso vença a eleição de amanha, das 9h ás 17h, na sede de praia.

A eleição direta é atrativo para aumentar o número de sócios do Bahia, hoje em cerca de 400. “acho que 15 mil sócios ao fim do mandato de três anos é um número bom” diz.

O diretor de futebol pensado pelo candidato da oposição teria o “perfil de Paulo Carneiro”, mas não seria necessariamente o ex-presidente do Vitória, que divide opiniões entre os tricolores. No momento, nome guardado na manga é o do Grêmio, Rodrigo Caetano.

Fernando Jorge aposta na saída de Caetano do Grêmio junto com o presidente Paulo Odone, derrotados nas urnas. Hipótese improvável, segundo o diretor gremista. “Não tenho vinculo político com ninguém no Grêmio. A principio não pretendo sair. Tem a libertadores, e estamos nos preparando para 2009”

Para comandar as divisões de base, Fernando Jorge não nega que pode colocar Fernando Paiva, empresário de jogadores e sobrinho dele. “ Eu não tenho problema com esse negócio de botar alguém da família” Agora, se vier, vem trabalhar, com metas e orçamento traçados. Não deu certo, sai e entra outro”

E o técnico do time? “Será um treinador que nunca treinou o clube” afirma. Bonamigo e Márcio Araujo são os mais cotados. ( Correio)

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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