Ivã de Almeida revela perseguição no Vitória e rebate culpa por situação do clube

Em entrevista à TV, ex-presidente do Leão da Barra defende contratações de 'figurões' no período a frente do clube

Os últimos seis anos do Esporte Clube Vitória acumula uma série de complicações internas e, sobretudo, administrativas. Nesse período, o clube abarcou cinco presidentes distintos, dentre os quais três renunciaram após o aumento da pressão política. Responsável pela gestão do clube em 2017, Ivã de Almeida figura entre os cinco mandatários, no entanto, o período em que ele geriu o clube ficou marcado pelo alto investimento na construção do elenco daquela temporada.

 

Eleito em dezembro de 2016, Ivã permaneceu no pleito por até sete meses, visto que pediu licença e, posteriormente, renunciou após os sócios solicitarem a abertura de um processo contra a gestão. As razões partiram do princípio de antecipação de salários e contratos sem licitações. Em entrevista à TV Bahia, o ex-presidente do Leão da Barra destacou que sofreu um golpe na ocasião.

“Os caras queriam tomar [o poder] na raça. Estilo trombadinha, tomar na raça, no carnaval, quando os caras tomam na raça. Um bate aqui, outro bate ali, empurra pra lá. Todo dia era uma mentira. Até adiantamento de salário inventaram. Fiquei no Vitória oito meses. Depositaram dois meses na minha conta. Isso é adiantamento? Mesmo se tomar como prazo o 2 de abril, quando o orçamento foi aprovado. De 2 de abril a dez de julho é adiantamento? Não é. Mas eles colocaram isso”, explicou.

Durante a sua gestão, Ivã de Almeida efetuou 20 contratações, com destaque para os meio-campista Cleiton Xavier, Dátolo e Pisculichi. De acordo com ele, o método de reforços passou por um processo reverso ao tradicional de gestões anteriores.

“Valeu a pena sim! As pessoas tão tomando como referência Cleiton Xavier, mas o elenco é um todo. E o que a gente fez foi mudar um pouco a estratégia. Antes a estratégia era começar o ano com um time mais ou menos e no meio do ano você trazia um figurão. A gente resolveu fazer isso desde o início”, analisou. “Então se você considerar até o final do ano, Cleiton recebeu R$ 3 milhões e pouco, R$ 4 milhões. Que pra um jogador no nível dele que foi o 10 do campeão brasileiro do ano anterior… É você pegar o 10 do Flamengo e vir pro Vitória no próximo ano, por exemplo”, completou.

Com arrecadação de R$ 122 milhões em 2016, R$ 90 milhões em 2017, a gestão do ex-presidente teve também um endividamento de R$ 163 milhões em dezembro de 2017. Nesse sentido, algumas dívidas do clube foram reconhecidas somente no ano da sua gestão, porém o total endividamento do clube aconteceu mediante também outras administrações. Segundo o ex-mandatário do Vitória, a sua gestão foi lucrativa e não tem nenhuma relação com o rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro 2022.

“De jeito nenhum (me sinto responsável). Existe uma frase que diz: “Cada dia sua agonia”. Em 2017, era como se fosse um dia. E eu tinha aquela agonia. A agonia ali era permanecer na Série A; eu permaneci. E nós éramos um dos clubes de menor orçamento. A gente tinha R$ 84 milhões”, apontou. “Em 2017, foi o único ano no Vitória que deu lucro ao clube. Receita operacional e despesa operacional. Quando você subtrai receita operacional e despesa, tem o resultado. Se você tem, dentro desse bolo aí, despesas anteriores àquele ano, não conta. Você fez tudo, a contabilidade fecha. Mas você tem que distinguir o que é do ano e o que não é. Nos anos anteriores, era comum, porque não tinha fiscalização”, finalizou.

Autor(a)

Pedro Moraes

Jornalista, formado pela Universidade Salvador (Unifacs). Possui passagens em vários ramos da comunicação, com destaques para impresso, sites e agências de Salvador e São Paulo. Contato: pedrohmoraessjorn@gmail.com

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