Ponte Preta 2 x 3 Vitória: CONFESSO QUE CHOREI

Será que aquela família voltará a um estádio algum dia?

Texto: Fernando Tolentino

CONFESSO QUE CHOREI

A emoção já era muito forte, no jogo de ontem contra a Ponte Preta, quando o Vitória fez o gol da virada e a torcida local invadiu o campo, tentando agredir os próprios atletas de seu time.

O Vitória se recolocava em condições de lutar para permanecer na Série A do Brasileirão. Além disso, em um jogo na casa do adversário, onde o Vitória nunca se saiu bem. A Ponte Preta também precisava desesperadamente vencer e contaminou os seus fanáticos torcedores com esse clima. Embora com um bom desempenho nas primeiras rodadas do segundo turno, principalmente nas disputas em campo adversário, o rendimento vinha notoriamente decaindo.

O resultado era também um desabafo, pois o pessimismo é tradicional em boa parte da nossa torcida, dando sempre a derrota como o resultado mais certo.

Junte a história do jogo. Aos 15 minutos, já perdíamos por 2 a 0 e acumulávamos vários cartões amarelos. O time parecia assustado e não conseguia reagir. Tanto que não o fez sequer quando um zagueiro da Ponte Preta foi expulso, quatro minutos depois do segundo gol.

A virada se deu quando o Vitória voltou do vestiário. A Ponte Preta preferiu se defender e foi acuada pelo time: 3 gols e daria para ser mais.

Parte da torcida da Ponte derrubou o alambrado e invadiu o gramado, disposta a punir os jogadores do time, inclusive portando pedras e paus. Os atletas tiveram que fugir, abrigando-se no próprio vestiário do Vitória.

A partir daí, o “espetáculo” foi da PM. Conseguiu retirar os invasores do gramado, para isso usando a violência, com muita pancada e gás de pimenta. Mas não se deu por satisfeita e evacuou o próprio estádio.

Se já estava emocionado com o meu time, as minhas lágrimas não vieram com o resultado positivo ou a forma como se deu. Explodiram ao ver uma família de torcedores da Ponte Preta sendo tangidos por um grupo de policiais, obrigados a irem para a rua, onde já estavam os que promoveram a confusão. O pai (ou seria um avô?), aparentemente queria permanecer na arquibancada ainda vazia. Temia o que podia estar ocorrendo fora do estádio e pretendia proteger a esposa, uma jovem adolescente, talvez sua filha, e muito claramente um menino, que se mostrava apavorado com a situação.

Ninguém precisa me falar da atitude padrão da PM paulista. Eu testemunhei pessoalmente diante do Fórum da Barra Funda, quando Lula fora intimado para um depoimento do qual foi liberado horas antes. Os policiais paulistas levam ao paroxismo a ideia de que a ordem se impõe com violência e ela é o único argumento disponível em ações de segurança.

Será que aquela família voltará a um estádio algum dia?

Fernando Tolentino, Torcedor do Vitória e amigo do Futebol Bahiano

 

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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