Bahia garante R$ 9 milhões de bilheteria

O Bahia anunciou ontem a assinatura do contrato, para que o tricolor mande seus jogos na Fonte Nova, a partir da data que o estádio for entregue e o assunto morreu ai. Já o consorcio, em seu site, prevê uma média de 33 jogos do Bahia na Arena Fonte Nova por ano, levando em consideração o Campeonato Baiano, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Enquanto a jornalista Daniela Leone, do Correio, nesta sexta-feira, trás detalhes importantes e valores mostrando, ou aparentemente mostrando, que o contrato foi vantajoso para o Esporte Clube Bahia. O texto é longo, no entanto, vale a pena ser conferido.

Cinco anos afastado, outros cinco de uma união estável assegurada. O Bahia está de volta à casa que sempre o acolheu. Entre 2013 e 2017, o  tricolor mandará seus jogos na Fonte Nova mais uma vez.

Clube e consórcio responsável pela operação do estádio assinaram ontem acordo que estabelece garantia mínima de R$ 9 milhões por ano como receita de bilheteria – valor que pode crescer a depender do nível de ocupação da arena nos jogos do Bahia.

O cálculo leva em conta uma progressão da porcentagem do valor arrecadado. Se o estádio atingir até 50% da sua capacidade, o clube fica com 65% da renda e o consórcio com 35%. Se o público ocupar entre 50% e 75% da arena, o Bahia arrecada 75% e a empresa 25%. No caso da arena lotar, a proporção é de 85% para o Bahia e 15% para a Arena Fonte Nova Participações, grupo formado por OAS e Odebrecht. O preço dos ingressos ainda será definido pelas partes. “Se não for ninguém ao estádio, eu tenho esses R$ 9 milhões garantidos. A Arena tem a obrigação de pagar ao Bahia. Eu vou ter R$ 750 mil todo mês. Posso lucrar dentro do mês R$ 900 mil, aí ela me repassaria os R$ 750 mil e mais o valor que passou”, destrincha Thiago Cintra, diretor financeiro do Bahia.

O clube prefere que o valor seja repassado mensalmente, mas os moldes ainda serão definidos. A garantia pode ajudar o Bahia a se planejar melhor. “Nós temos os R$ 9 milhões, independentemente se o público for maior ou menor que esse valor. Com essa garantia financeira, não vai ter o problema que a gente tem todo ano: tem um Baiano que geralmente é deficitário e um Brasileiro que é superavitário. O Bahia vai ter fluxo de caixa para ter despesas e fazer um time forte no primeiro e no segundo semestre”, continua Cintra.


Vantagem

A garantia faz com que o clube tenha por ano um incremento mínimo de 12,5% na bilheteria em relação a 2011. “Se a gente for ver o balanço de Pituaçu de 2011, o Bahia teve um valor aproximado de R$ 8 milhões líquido (venda de ingressos e torcedor oficial). Na Arena, a gente já tem uma garantia mínima com

R$ 1 milhão a mais, sendo que se formos superavitários, atingiremos mais do que essa garantia que eles estão nos dando”.

Óbvio, é preciso levar em conta aqui a capacidade dos estádios (32.157 pessoas em Pituaçu, contra 50 mil da nova arena). Ainda assim, a previsão é otimista. “Hoje, o Bahia tem, na verdade, um valor líquido de 60% do valor da bilheteria. O resto é da Sudesb, da Federação, das despesas do estádio. Quando chega no final do ano, a gente chega mais ou menos nesse valor de R$ 8 milhões. Com o advento de vir para a Fonte Nova, a gente acredita que vai ter uma torcida maior e um aumento de 40% dentro do que a gente já tem”, segue Cintra. Apesar dos R$ 9 milhões garantidos, a expectativa é de lucrar cerca de R$ 12 milhões por ano.

Operação

O Bahia só terá participação no lucro da bilheteria. Quem vai operar estacionamento, espaços de publicidade, bares e camarotes é a Arena Fonte Nova. O clube terá dois camarotes e algumas vagas para carros da diretoria durante os jogos.

Segundo o presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, o aspecto financeiro não foi o único que pesou na negociação. “Contou o fato de voltar à sua casa e foi na Fonte Nova onde o Bahia por grande parte de sua vida conquistou seus grandes títulos. O fato do torcedor ter uma identificação, a localização, tudo isso contou diretamente para que essa negociação chegasse a um bom termo. Todo esse aspecto que transcende o lado financeiro pesou no negócio, pois isso é importante pra fazer um clube vencedor”, analisou.

E apesar da obrigação de disputar apenas 25 jogos por ano na praça esportiva, o Bahia pretende jogar todos os campeonatos por lá. “Podem existir algumas ocasiões em que nós solicitemos que o Bahia se desloque por algum motivo de evento específico, mas vão ser eventos bem extremos. Cada vez que se desloca um jogo do Bahia pra outra praça, para a Fonte Nova é ruim. Então, vai haver um esforço para que isso não ocorra”, garantiu o presidente da Arena Fonte Nova, Dênio Cidreira.

O estádio tem 80% da obra concluída e Cidreira garante que o cronograma será mantido. “O nosso comprometimento foi estar disponível para a Fifa começar a instalar e fazer suas verificações a partir de 1º de janeiro e isso está mantido. Ajustes e acabamentos não impedem as intervenções da estrutura provisória da Fifa. A gente encerra o grosso das obras civis em 31 de dezembro e aí entramos em alguns ajustes de acabamento, possibilitando já, se a Fifa assim quiser, ingressar no estádio durante janeiro”. A cobertura do estádio também ficará pronta no final de dezembro.


Campo

O estádio estará à disposição da entidade, mas sem gramado. A grama só começa a ser plantada dia 15 de janeiro e a previsão é de que o primeiro corte seja feito no dia 31 do mesmo mês. Por exigência da Fifa, não poderá ser utilizada a grama em tapete como se planejava. “Ela já estaria sendo plantada, pois essa grama é plantada em um local chamado fazenda de grama e, depois, é colocada. Depois de três ou quatro dias dessa grama colocada, você já tem evento de futebol”, explica Dênio Cidreira.

“Pra nós da arena multiuso, a grama plantada, enraizada, não é a melhor alternativa, ela leva um tempo maior de maturação, mas foi decidido ter a grama enraizada e com isso teve que haver uma mudança no cronograma”, disse.

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