Estádio lotado, paixão mal tratada, patrimônio dilapidado

torcida do Bahia De todas as matérias divulgadas hoje pela imprensa escrita acerca do jogo de hoje à noite, entre Bahia x Vila Nova, em Pituaçu, sem dúvida o relato do jornalista Oscar Valporto do Correio da Bahia é a mais significativa, especialmente quando observada pelo ponto de vista critico da real condição da qual o clube vive nestes últimos anos. Diante do tempo de convivo na lama nada que se diga ou questione sobre o Bahia e suas mazelas será novidade, tudo já foi dito, outras exaustivamente repetida.

Mais insisto na dúvida: Porque Vitória, Grêmio, Palmeira, Atlético-MG, Coritiba, Botafogo, Corinthias e agora Vasco tiveram a infelicidade de caírem para série B e voltaram no ano seguinte (exceto o Coritiba) enquanto o Bahia se apaixonou e casou com a divisão de acesso e agora para completar, ameaça desfazer o romance para se agarrar com a série C? Bom, confira também, que estádio lotado, enche o saco mais não ganha o baba.
Foi Paulo Carneiro que disse em entrevista ao CORREIO, ao assumir o futebol do Bahia: “Pituaçu é o nosso centroavante”. Sonhava com o estádio lotado para encher os cofres do clube e empurrar o time de volta à Série A. Rubro-negro de coração, ex-presidente do Vitória, Carneiro já conhecia o poder da torcida do antigo rival, agora patrão.

Pituaçu cumpriu seu papel de trazer de volta a massa tricolor que andava longe após um ano de jogos em Camaçari e Feira de Santana. Os torcedores foram batendo recorde atrás de recorde de público no novo estádio. Mostraram que Pituaçu era pequeno para sua paixão, como pequena será a nova Fonte Nova de 55 mil lugares.

Na sexta-feira, foram mais de 31 mil tricolores gritando ‘Baêa’, chamando Pituaçu de caldeirão, cantando até acabar o fôlego, minado pelos passes errados, pela defesa mal colocada e pelos gols perdidos. O estádio novinho, moderno e organizado recebeu, durante 2009, o mesmo Bahia dos últimos anos – arcaico e desorganizado.

Um ano, quatro treinadores, dezenas de jogadores. Uma breve sequência de bons resultados bastava para a torcida encher Pituaçu. Sempre com a esperança renovada, sempre na expectativa de que, no campo ou no banco, estivesse o Messias para conduzi-la ao lugar que considera seu na Série A.

A torcida do Bahia vem fazendo o que já fizeram antes gremistas, atleticanos, palmeirenses, botafoguenses, coritintianos e como repetiram os vascaínos em 2009. Lotar o estádio, acuar o adversário, exigir o máximo dos jogadores: os tricolores fizeram isso até na Série C.

Mas os 80 mil torcedores do Vasco foram ao Maracanã, no sábado, para testemunhar a volta do time à Série A; também a volta deles – da massa vascaína – ao seu lugar. Os 30 mil do Bahia foram a Pituaçu para tentar segurar o time na Série B.

Essa multidão – principalmente esses que vão ao estádio e se desesperam, se irritam, se deprimem – não merece aquele time com a camisa tricolor. Um time de Série B que, às vezes, joga futebol de Série C. Após a frustração de sexta-feira, Pituaçu não vai lotar de novo hoje, apesar de o Bahia, mais uma vez, precisar desesperadamente da vitória. O coração de torcedor também cansa de apanhar. E o Bahia não para de dilapidar seu maior patrimônio – a massa tricolor e sua paixão.

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