Carta Aberta à Promotora Rita Tourinho

Promotora Rita Tourinho,

O primeiro jogo de futebol que assisti num estádio foi Bahia x Fluminense/RJ, em 24/08/1995, no Estádio Metropolitano de Pituaçu. O Bahia perdeu este jogo por 1×0, gol de Renato Gaucho. Neste jogo compareceram 16.317 torcedores.

Também estive em Pituaçu em 10/09/2004 para o evento musical Skol Tropical Beats que recebeu um público de 25.000 pessoas, contando com as apresentações das bandas O Rappa, Cachorro Grande e Edson Gomes.

Relato estes dois eventos em particular por que, como disse, estive nos dois e não vi nem presenciei nenhum perigo ou dano ao público ou ao meio ambiente. O que houve foi absolutamente normal em eventos de grande público: Engarrafamento nas imediações, ambulantes para todos os lados e cambistas (parece uma praga, estão em todos os lugares…)

Na época destes dois eventos também não lembro do Ministério Publico Estadual ou Federal, do IBAMA, do CRA ou de qualquer outro órgão de defesa do Meio Ambiente solicitar a proibição dos eventos. No primeiro citado, apesar do Bahia ter perdido o jogo, a torcida saiu tranquilamente, até porque o time jogou bem; levou um gol no primeiro minuto de jogo e pressionou o jogo inteiro tendo inclusive colocado bola na trave.

Também, há 11 anos vem acontecendo o Festival de Verão Salvador que reúne uma média de publico 60.000 pessoas, tendo shows inclusive durante a semana (quarta, quinta e sexta). O evento torna praticamente intransitáveis duas das principais avenidas de Salvador: a Luiz Viana Filho (Paralela) e a Dorival Cayme (Itapuã). Sabe-se que os canteiros centrais das duas vias servem de estacionamento pago e que depois do evento ficam completamente “acabados”.

O Parque Aquático Wet’n Wild, na mesma Avenida Paralela, também vem servindo constantemente de palco para shows com publico estimado de 20.000 pessoas.

Não posso deixar de falar também do Estádio Manoel Barradas que tem um péssimo acesso (admitido inclusive pela diretoria e pela torcida do Vitória) e que tem na Paralela uma de suas principais vias de acesso. Nunca fui no referido estádio mas não me consta que a senhora tenha solicitado qualquer vistoria lá, no sentido de assegurar a segurança das pessoas ou do meio ambiente.

Sou leigo em matéria de Direito Ambiental; Talvez suas alegações estejam até corretas mas carecem de bom senso pelo seguinte:

Porque que antes da reforma e ampliação de Pituaçu nunca houve tal preocupação? Será porque o Governante era outro e o MP não ousava contestá-lo? Ou não havia ainda essa preocupação?

Porque antes o referido estádio comportava jogos para 16 mil pessoas e shows para 25 mil pessoas e o MP jamais questionou a segurança das pessoas e do meio ambiente? Agora, modernizado e ampliado, o MP questiona?

Porque que o MP demorou mais de 30 dias para questionar a licença emitida pelo CEPRAM, já que desde as eleições ocorridas no Esporte Clube Bahia em 11 de dezembro de 2008 se falou diariamente na inauguração do Estádio?

Ainda no mesmo sentido da questão acima, proque o MP só fez o referido questionamento na semana do jogo de inauguração (dia 19) e, pior, só divulgou o questionamento no dia 21, já iniciada a venda dos ingressos???

Promotora, o sentimento nosso (dos cidadãos,, não só da torcida tricolor) é que há algo nos bastidores. Essa solicitação de interdição foge de qualquer razoabilidade e bom senso. Parece pirraça, perseguição!!!!

Há mais de 10 dias que Esporte Clube Bahia, Federação Bahiana de Futebol, Superintendência de Ordenamento do Uso do Solo do Município – SUCOM e Secretaria Municipal de Transporte e Infraestrutura – SETIN vem discutindo a melhor forma de reabertura do estádio. Providencias foram tomadas por todos os envolvidos para proporcionar segurança e conforto ao torcedor. A Polícia Militar estará com esquema especial de reforço (contará até com helicóptero), serão oferecidas linhas extras e especiais de transporte, o Bahia providenciou ônibus circular entre o CAB e Pituaçu e ainda estacionamentos extras para o Jogo, a SET – Superintendencia de Engenharia de Tráfego estará atuando no sentido de orientar o transito antes, durante e depois do jogo.

O rigor com que a senhora tem tratado a obra de Pituaçu deveria ser o mesmo para os empreendimentos imobiliários que devastaram a Paralela. Alphaville e Le Parc, só pra citar os maiores, desmataram uma área considerável da Mata Atlantica, sem ser incomodado (se foi, não o foi com o mesmo rigor!).

Portanto, Promotora, por questão de bom senso e coerência, a senhora deveria esperar o jogo acontecer, observar os acontecimentos (pessoalmente ou pela imprensa) e depois, se entendesse necessário, solicitar a referida interdição.

Insisto, essa atitude tem parecido pirraça. Em nós, cidadãos, fica aquela impressão de que, às vezes (ou quase sempre), a Justiça “joga contra”!

Fredson Paulo Diogo

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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