A identificação de uma cidade com seus grandes templos dá uma idéia da alma do povo que ali habita. É assim com a Fonte Nova, desde a inauguração, em 1951, quando Salvador experimentava o progresso dos arranha-céus, da industrialização e das avenidas.
Quase um ano após a interdição, a Fonte agora virou símbolo de nossa própria incapacidade. No dia 25 de novembro de 2007, um buraco se abriu na arquibancadas e de lá despencaram torcedores que esperavam o apito final para vibrar com a fuga do Bahia da incômoda Série C, após um empate sem gols com o Vila de Goiás.
Sete morreram, mas até então, nenhum dirigente responsável pela programação pagou pela precipitação da decisão de abrir o estádio de manutenção precária para 60 mil pessoas enlouquecida pelo fanatismo tricolor.
Hoje, quase um ano depois da tragédia, o estádio ainda está lá, encravado na alma e no coração de uma cidade que ficou sem opção compatível com o potencial de seus 2,8 milhões de habitantes de região metropolitana
Restaram a dor, o inconformismo e a promessas de uma reforma que não tem prazo para a conclusão. Ficou ainda, o visual de uma cicatriz que se quer mascarar, com a colocação de flandes da mesma tonalidade do cimento pintado, como se o arranjo tivesse o poder de reduzir a dor e do sangue derramado dos setes mártires tricolores.
A eles, a lembrança eterna de uma cidade que era feliz com seu templo e agora já não sabe o que virá. Que não veja em vão a queda de Milena Palmeiras, Jadson Celestino, Joselito Lima, Anísio Marques Neto, Djalma Lima Santos, Márcia Santa Cruz e Lídia Andrade Santos. Máteria do Correio
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