Presidente do Bahia no triênio (2015, 2016 e 2017) participando diretamente da reconstrução do clube depois de um período nebuloso, Marcelo Sant’Ana surpreendeu quando abriu mão e não concorreu a reeleição no tricolor mesmo tendo a eleição garantidíssima. Optou por apoiar o atual mandatário Guilherme Bellintani que venceu as eleições de forma tranquila e o clube aparentemente não sofreu qualquer problema de solução de continuidade.
O Bahia segue no processo de recuperação que vai do piso ao telhado. Dentro de campo os resultados ainda não são aqueles esperados, no entanto, o torcedor tricolor com o nível de consciência e generosidade, entende que o processo é longo e a sequência por anos BONS na primeira divisão é o caminho único para abrir as janelas das conquistas, claro, me refiro, de modo consciente e não apenas fruto ou obra do acaso, aliás, como aconteceu no último título nacional conquistado pelo clube. É preciso vencer e depois confirmar, e isto só será possível com um clube forte e estruturado, fato que não acontece da noite para o dia.
Depois que saiu do Bahia, o Marcelo Pereira “sumiu”. Inicialmente se cogitou sua presença na gerência de futebol do Atlético-PR, porém, as negociações morrerem no berço ou simplesmente foram adiadas. Não se sabe como exatidão. Não voltou para o jornalismo e vez por ora é visto oferecendo palestras, afinal, ainda quando presidente do Bahia já se notabilizava na arte do FUTEBOL FALADO e mostrava que entendia muito bem do traçado.
Na semana passada, convidado pelo Santa Cruz, foi palestrante em Recife quando falou da sua experiência à frente do Bahia. Tratou de temas como a reestruturação do clube, a mudança de estatuto após uma intervenção judicial acontecida em 2013 e os novos caminhos do futebol, como também disse enxergar semelhanças entre Bahia e Santa.
Além disso, aproveitou para avaliar o momento de Náutico e Santa Cruz, que tentam voltar ao protagonismo do futebol brasileiro e modernizar as gestões, como também passou possíveis caminhos a serem seguidos. Além disso, o ex-mandatário do Tricolor Baiano comentou o atual cenário da Copa do Nordeste. Neste domingo, o Jornal do Commercio faz um resumo do evento.
“Acredito que teve um ano mais duro, de sofrimento e desgaste. Tem situações que acompanhei mais de perto neste segundo semestre. Essa questão do executivo, patrimonial e deliberativo. Não entendia tão bem como a patrimonial podia ter tanta independência da direção. Não é uma coisa que, com o respaldo do Bahia, dava para eu entender bem”, disse.
VEJA TUDO ABAIXO:
TRICOLORES
Tem detalhes no Santa Cruz que parecem com o Bahia. Conversava com os torcedores quando era presidente e dizia que precisava existir uma sinergia do clube com a arquibancada para as coisas andarem. Acho isso parecido. Existem questões que precisam de uma maior conexão com a torcida para ganhar mais liga. Tininho (presidente Constantino Júnior) precisa buscar esses encaixes.
NÁUTICO
O que acompanho é que parece que o Náutico está em um momento político mais tranquilo. Essa questão patrimonial com a volta aos Aflitos tem funcionado como um grande elo com a torcida. Apesar da desilusão da torcida em perder o acesso para o Bragantino no mata-mata da Série C, quando era favorito, existe uma sinergia entre clube e torcedores. Existem tópicos positivos na agenda.
PERFIS
O Santa Cruz é um clube que acredito que tem mais pressão no dia a dia. Talvez pelo perfil de massa maior que o Náutico, que tem um ambiente mais estável. O Santa tem uma pressão popular muito forte e precisa de elos para a torcida carregar o time.
SÉRIE C
Olho com preocupação o momento dos dois (Náutico e Santa Cruz). São equipes de tradição no Nordeste e no futebol brasileiro. Eles apresentam uma massa de torcedores apaixonados, investidores, patrocinadores e nome no mercado. Nós que vivemos os bastidores sabemos que a Série C é uma queda muita grande. Não tem como Náutico e Santa Cruz operarem fora, no mínimo, da Série B. Claro que a Série A é o cenário ideal, mas a Segunda Divisão permite manter um nível de competitividade e operação. Já na Terceira Divisão é preciso muita cautela.
NORDESTÃO.
Tem potencial e crescimento grande. Nos últimos anos, tem se refletido no faturamento bruto da competição. Talvez na realidade financeira do Bahia, Sport, que não está jogando, e o Vitória impacte menos no fluxo de caixa. Ceará e Fortaleza estão nesse meio do caminho. Mas para outros clubes sem dúvida alguma é uma receita significativa. Acredito que até a maior receita bruta individual do ano para quem não está jogando as Séries A e B. Sem dúvida nenhuma, uma competição que precisa ser protegida.
COTAS
Os três primeiros grupos do Nordestão descolaram muito do quarto. Foi uma mão muito pesada ali. Quarto grupo vai ganhar menos ano que vem comparado com esta temporada. Não tem sentido. Ainda mais porque a competição não está em recessão. Ao contrário, aumentou a arrecadação. Mas se o coletivo de clubes aceitou, tem que ser respeitado.
LIGA DO NORDESTE
A Liga precisa atuar mais como Liga. Não é possível terceirizar as responsabilidades. Precisa de uma estrutura administrativa e operacional para o dia a dia visando não crescer só a Copa do Nordeste, mas as categorias de base e outros pontos importantes para os clubes da região.
SUCESSO
Para não falar do meu clube, que fica chato, acredito que os dois clubes do Ceará (Fortaleza e Ceará) são os melhores no momento. O Sport era o exemplo de sucesso quando assumi o Bahia em 2015. Do meio do ano passado para cá, as notícias que acompanho é de um momento de dificuldade, com problemas de fluxo e ruídos nas questões dos vestiários. Não era o mesmo clube de meados de 2016 e 2017. Tiveram algumas situações que a administração deixou acontecer. O CSA dentro de campo é um grande case, mas fora não acompanha o ritmo. Estruturalmente, precisa de uma maior robustez. Isso é natural. Em 2015, estavam sem divisão. Não dá para cobrar um milagre. Por esse motivo, olhando de uma maneira geral, não acredito que está no patamar dos cases de sucesso.
REGIÃO
Momento complicado para os times do Nordeste. Na Série A, se tudo ocorrer bem, poderemos ter um maior número de times desde o início dos pontos corridos, mas por outro lado um maior deserto na Série B. Não podemos olhar só para o topo da pirâmide e achar que está tudo certo. Principalmente com o grande número na Série C. Ficamos com realidades descoladas no mercado. Precisamos ter as forças intermediárias na Série B onde é possível fazer futebol profissional. É o momento do futebol da região estar unido para tentar agir em bloco e se proteger nas questões do mercado.
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