O sofrimento tomou conta da partida entre Brasil e Costa Rica. Após 90 minutos de um “treino” de ataque contra defesa, a Seleção Brasileira conseguiu vencer com um gol salvador marcado com Philippe Coutinho aos 45 minutos do segundo tempo e outro do atacante Neymar já no último suspiro.
Após o duelo, o técnico Tite elogiou o desempenho da equipe apesar da dificuldade para encontrar o gol e vencer o jogo. Comentou também a possibilidade de usar Gabriel Jesus e Firmino juntos, além da atuação e do desabafo do atacante Neymar. Sobre a polêmica da arbitragem de vídeo (VAR), o treinador voltou a contestar a decisão do árbitro.
Confira trechos da entrevista, publicados no site Globoesporte:
Jesus e Firmino juntos
“A gente tem um tempo junto com os atletas, e as características fazem com que você possa arriscar a execução de uma função. Estudamos bastante o Firmino na posição que ele tem, o adversário com uma linha de cinco e uma de quatro. E nisso estão inseridas as virtudes que ele tem ali. Conversamos, não treinamos, mas preparamos o atleta para essa função. Chamei ele: “a gente vai criando algumas alternativas táticas”. Quando mostrei para ele no quadro ele abriu um sorriso: “Professor, eu gosto de jogar ali, eu tenho essa condição”. A gente tá descobrindo as características do atleta”.
Segundo tempo
“Grande segundo tempo. Deu aula. Três vezes: grande segundo tempo. Conseguiu botar volume, precisão, Navas jogou muito. Primeiro tempo não, início nervoso, errando passe. Segundo tempo retomou, errando passe. “Domina bem pra passar bem, e aí vai poder criar as oportunidades”. Douglas tem amplitude na direita e na esquerda, com a entrada do Firmino a gente tem o Fagner construtor e cinco mais enfiados. Outra coisa que eu preparei foi: “Vou ter problema com o Fagner, boto Marquinhos e Fernandinho pra fazer a função. Não precisou”. Não imaginava que ia acontecer isso com o Danilo, no último lance do treino”.
Queda na festa
“Me fisgou. Não é contratura. Fisgada também não é. Rompeu a fíbia. Não consigo andar direito. na hora da comemoração, estávamos criando volume, toda uma situação. Time focado, criava, oportunidades, tudo que queríamos desde o primeiro tempo. No segundo tava acontecendo não é possível, tudo que a gente está fazendo e não sair gol, o Navas tirando tudo, a gente não acredita! Quando saiu o gol, o Ederson me bateu, aí quando eu vi o Cássio me bateu também, aí ferrou. Eu ia lá comemorar junto, mas não deu”.
Neymar
“Toda a individualidade aparece se o conjunto estiver forte, é desumano colocar a responsabilidade em um atleta. Eu tenho que assumir a minha responsabilidade, o Sylvinho, o Douglas Costa para a individualidade surgir. O Neymar ficou três meses e meio parado e a partida anterior foi a primeira. Ele é um ser humano, precisa de tempo para retomar o padrão alto. Mas antes de um padrão alto, precisa de um time forte, de não ser dependente.”
Choro do craque
“Eu não conversei com o Neymar. Vou para a minha parte até baixar a adrenalina, só tive contato com Coutinho. Nem vi esse lance, não tenho como fazer a avaliação. Mas uma coisa eu posso te falar: a alegria, a satisfação e o orgulho de representar a Seleção é muito grande. Ele tem a responsabilidade, a alegria, a pressão e a coragem pra externar esse sentimento. Eu, por exemplo, sou um cara emotivo, mas cada um tem a sua característica. Eu respeito as características de cada um”.
Colocação no grupo
“A busca de ser primeiro não está em pauta. Vejo a equipe consolidar e crescer, vai se construindo ao longo da competição. Eu como técnico tenho que ficar observando para oportunizar a construção dessa equipe. Se fosse uma equipe que nos dois jogos teu goleiro fez duas defesas, tu quer que tenha essa consistência defensiva? Sim. Quer a atuação ofensiva dos dois jogos? Sim. Mas quer a precisão desses dois jogos? Sim! A bola passou no meio das pernas do Navas, então bota aí a precisão. Em termos criativos e de construção, (a Seleção) está devendo. Precisa ser mais equalizado, equilibrado”.
Uso do VAR
“Tanto pode dar como pode não dar. Eu, Adenor, não o Tite técnico. Com uma pitada a mais do que o Gabriel, que eu falei que era de interpretação. Se sou eu o árbitro, cal. Se sou eu, não volto. Mas respeito porque é passível de interpretação. Não precisamos de arbitragem para vencer jogo, queremos que seja justa. Tal qual foi olhado agora, que tivesse sido olhado antes. E interpretem da forma que quiserem, mas olhem, sejam iguais para todos. Para mim, Adenor, é pênalti. Aquele do Gabriel eu até não daria. O Brasil não quer auxílio, os atletas e o técnico não querem. Quer ganhar sendo mais competente”.
Coutinho
“Quando você fala de Coutinho, fala de equipe. Quando fala que vem dois caras dar entrevista coletiva, é porque é uma equipe de trabalho. Esse é o desafio do futebol: encontrar individualidades que se potencializem, inclusive Coutinho, Neymar, os dois zagueiros que jogaram muito e outros que surgirem ao longo dos jogos”.
Liderança
“Nessa situação de ritmo, a equipe ainda precisa encontrar. Mas ela não tem uma liderança de botar a bola no chão, ela está diluída. Esse é o sentido da braçadeira, a liderança técnica é de Coutinho e de Neymar… ela tem diferentes componentes. Ainda está procurando encontrar esse meio termo”.
Sofrimento
“A gente explica que é Copa do Mundo, parceiro. A margem de erro é muito pequena. Ontem, as três equipes favoritas venceram por 1 a 0 em jogos importantes. O que eu trago para o Brasil é essa consolidação e crescimento, a equipe se forma campeã. É confirmar e crescer, mas o grau de dificuldade exige, o aspecto emocional é bastante forte”.
Poupar?
“A necessidade do Neymar, assim como a do Coutinho, do Douglas Costa, é da circunstância do jogo. Mas não é pra poupar ninguém, na Copa do Mundo não se poupa ninguém”.
Arbitragem
Em relação à arbitragem, o técnico é ético e nunca vai falar publicamente o que ele vai falar publicamente, mas tem a noção exata do que deve ser feito. Aliás, fiquei contente que a equipe não reclamou. Inclusive, no primeiro jogo pedi pra ela: “Não reclamem”. Tive uma reunião com o Seneme e ele falou: “Não reclamem, deixa pra arbitragem”. Só vai lá e olhe. Se decidiu dar ou decidiu não dar, que olhem. O do Gabriel fica claro de frente pro gol, o toque dele retira dele a possibilidade de finalizar. Pra mim, é pênalti. Se foi olhar lá e não deu, isso é justiça”.
Jogar por empate
“Nós estamos acostumados a bom desempenho e procurar vencer. Tem um DNA da equipe se formando, ela busca o gol. Se eu trouxer uma característica diferente a gente vai sair do padrão. Claro que a gente tem consciência do que possa vir, mas a gente não vai jogar para isso. Quando fez o primeiro gol (contra a Suíça), a equipe baixou um pouquinho, eu falei: “Segue!”. É característica da equipe procurar o gol sem ficar desequilibrada”.