FUTEBOL: COMO AGRADAR TODOS OS PÚBLICOS?

Para iniciar essa resenha, recorrerei ao idioma grego onde a corrente filosófica dos Aristotélicos utilizam uma palavra que pode definir o significado da afeição em que demonstramos para amar em troca de nada um clube de futebol, a palavra “Pathos” ou abreviando-a simplesmente com suas iniciais “path” que no nosso idioma pode ser atribuída com os mesmos significados para denominar: paixão, excesso, passividade, sofrimento, assujeitamento e ligação afetiva, ilustra com abrangência os sentimentos inexplicáveis que temos e só quem é verdadeiramente apaixonado pelas cores, bandeira, escudo, hino e mascote de tal time pode sentir. No meu caso: O vermelho e preto do Leão da Barra!

Elitização do futebol afasta o torcedor popular. 

Fico triste que os torcedores do Leão ou de outros clubes em geral tem diminuído aquela maneira linda de expressar sua paixão ” ou o Pathos”, essa demasia fica evidente se lembrar-nos fazendo uma comparação entre as últimas décadas e o momento atual, vivemos na atualidade um futebol cada vez mais elitizado, chato, burocrático e caro e que com isso tem espantado a presença daquela marca do futebol que é aquele seu “torcedor popular” com pessoas até certo ponto ingênuas e simples que lotava aqueles antigos paus-de-arara, que saia dos bairros periféricos de Salvador, trazendo alegria por onde passava nos domingos pela tarde e que para todos não existia tempo ruim, poderia ter sol ou chuva, mais nunca haveria quem dispensasse aquela resenha antes, durante ou depois do baba.

Quem viveu aquele tempo sabe do que estou dizendo, as pessoas para ir ao estádio se vestiam apenas com uma bermuda, sandálias, boné e camiseta, e debaixo do subaco a bandeira enrolada e com pouco dinheiro era feliz, poi bastava ter no bolso apenas o valor do ingresso, o do churrasquinho de gato e daquela velha brejinha, pois ninguém é de ferro. Mas aqueles tempos mudaram!

Quanto aos planos de associação de torcedores?

Minha opinião sobre esse tema que vem sendo muito debatido aqui no blog com relação à associação de torcedores, eu me posiciono totalmente contra a argumentação da maioria que comentam aqui, pois ser sócio torcedor ou não é uma questão de escolha ou oportunidade, e isso não credencia um torcedor ser mais ou menos “contribuinte” que aquele outro, pois há outras alternativas para ajudar financeiramente a instituição.

Vejam só, como muitos cobram que atualmente o número em média de 15.000 sócios ainda é baixo e que poderia ter muito mais torcedores, reconheço que hoje em dia o povo brasileiro tem melhores possibilidades financeiras, o salário em média possui um poder de compra maior se comparado com outros tempos, etc e tal, mais ainda há aquelas pessoas que formam a “base da pirâmide” e nessas circunstâncias possuem um menor poder aquisitivo e há uma inviabilidade se procurar afastar essa camada de pessoas da vida do clube.

Busca de ideias que possam agradar a todos os públicos 

O torcedor “popular” nunca poderá ter o seu direito extinto em frequentar os estádios de futebol, pois há aqueles que preferem comprar seu ingresso nas vésperas ou mesmo no dia dos jogos daquela forma mais tradicional possível que é nas bilheterias dos estádios, muitas vezes fazem economias para ir uma vez por mês. Para fortalecer o clube do coração, além do interesse em ajudar, existem uma variedade de ações que podem serem exploradas pelos clubes, falta apenas pessoas certas nos locais certos.

Vendas de produtos licenciados

O torcedor pode ser incentivado, como exemplo, a fazer à aquisição de produtos licenciados que podendo serem adquiridos em lojas oficiais e dessa maneira estar ajudando o clube sem precisamente estar associado, ou através de tours no estádio ou no CT antes dos treinamentos, pacotes de viagens juntos com a delegação, etc.

Relato pessoal

Atualmente eu tenho o meu SMV e o venho renovando há três anos seguidos, por ter uma melhor estabilidade financeira, mas há tempos atrás, nas fases das vacas magras eu não tinha à minima possibilidade, mais sempre que podia eu comprava meu ingresso e deixava até de comer (uma comida melhor) por algum período para economizar e comprar uma camisa oficial, e por sinal ainda tenho essa camisa da Topper (aquela do tempo de Pet com patrocínio do banco excel). Portanto, não se pode generalizar, impor como uma obrigação à associação de sócio-torcedores e querer menosprezar ou ridicularizar aqueles que não possam.

Uma alternativa viável para sócios e não sócios 

Minha sugestão é que os sócios se um dia atingirem a capacidade máxima do estádio não detenham cém por cento do direito aos ingressos como uma exclusividade. Assim sendo, apenas uma parte de no máximo setenta por cento dos torcedores que passaria a ter acesso garantido por direito. Não vejo viabilidade para se ter um estádio para 150 mil pessoas, algo impossível e fora de cogitação!

Soluções pensadas são bem vindas

Gosto da ideia da arrecadação através dos sócios (embora a contra-partida nessa sociedade é zero de retorno, a não ser que o clube abra seu capital na bolsa de valores), mais se um debate for amadurecido e que seja criado meios para que a distribuição de entradas para os sócios não ultrapassem mais que setenta por cento da capacidade nas arquibancadas, ai já acharia realmente uma ideia ótima!

Teve um torcedor lúcido que mostrou o seguinte

Após a partida de ontem, um amigo rubro-negro veio aqui no blog e ponderou que no futebol atual o valor médio de um ingresso (dividindo o montante total da renda pelo de total de publico presente) cujo resultado girou na casa dos R$ 18,00 (dezoito reais) per capita, não daria para se fazer futebol de qualidade.

Mas eu discordo dele e acredito que ainda dá sim, pois, basta não se fazer as mesmas contratações pífias que inflacionam as finanças do clube e que basta apenas ao presidente ter um mínimo de racionalidade para ver que esses métodos arcaicos e ultrapassados de gestão do futebol não tem como dar nenhum resultado positivo nem tampouco no produto final que é no time em campo, sem pesquisa de atletas e uma definição de um perfil para contratação, pois nenhum clube vai a lugar nenhum com essa política deficitária.

Seleiro de oportunidades

Má gerenciamento do futebol implica até na atuação da criação de um marketing forte que poderia trazer recursos para o caixa do clube com a venda de produtos licenciados e assinados pela imagem de um “craque” que trazia mídia e impactava em vendas… Mais eu falei craque? Hum… isso são coisas que há muito tempo não vemos.

Quem não foi perdeu uma partida de alto nível

Antes de concluir, deixo um recado para meus amigos rubro-negros da minha “Turma dos 8” (atualmente somos cerca de quinze) que ontem resolveram em não comparecer ao Barradão por preferir ir para uma mobilização que aconteceu simultaneamente no mesmo horário na cidade, não julgo o mérito da questão, mais no meu caso o apoio ao meu Leão, foi muito mais importante, pois de alguma maneira acho que contribuir para o empate, pois não sair após o gol sofrido na cobrança do pênalti pelo Fluminense e acreditei, gritei e incentivei ainda com mais força e no final tive a recompensa com o gol de empate! Quem não foi perdeu! Foi muita emoção que senti, mesmo com a frustração de não ter conseguido o que desejava que era a vitória. Mais valeu pela raça!

Agradecimentos

Termino com um agradecimento aos homens que mudaram a cara do Vitória e em especial ao treinador Mancini que não precisa mostrar mais a ninguém que é um expert na gestão de pessoas e ali na beira do gramado ou no vestiário ele cada vez mais prova que conhece como poucos dos fundamentos técnicos e táticos do futebol moderno.

Ramon R. Silva (Ramonna)

Sócio SMV – Dancer-Man e Artista Plástico nas horas vagas.

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: [email protected]

Deixe seu comentário