Kieza: Jogador meeiro ou o grande no nome do Bahia?

A situação da permanência do atacante Kieza no Bahia continua indefinida, porém, hoje, com maiores possibilidades que ontem, já que o clube chinês Shanghai Shenxin, proprietário dos direitos federativos do jogador, depois de se manter irredutível e recusar duas proposta de renovação de empréstimo, acenou que pode mudar de idéia e, assim, aumenta as chances do jogador continuar no tricolor, via essa modalidade de negociação. Essa decisão deve ser ou não oficializada ainda estes dias, após a divulgação do resultado da reunião realizada ontem, entre Flávio Pires, representante dos chineses no Brasil com o empresário do jogador, Igor Albuquerque para definir a questão.

Essa novela em que, aliás, o Bahia não pode ser culpado, já teve vários capítulos, no entanto, sem sair do enredo. Apenas recapitulando: inicialmente o empréstimo do jogador venceu em Julho passado e o Bahia meteu a mão no bolso e ampliou o prazo até 31 de Dezembro e, a partir daí, novamente tentou um novo empréstimo, enquanto o clube chinês só queria despachar o jogador de vez pelo valor 2 milhões de dólares, cerca de R$ 8 milhões pelo atacante de 29 anos e 29 gols, na temporada passada. Já o Bahia oferecia, no primeiro momento, algo próximo e parecido com de R$ 2,6 milhões, para ter o jogador em definitivo, ou seja, uma distância oceânica. 

Como houve recusa, a oferta foi aumentada para R$ 3,7 milhões, algo inédito na história do clube (que tenha conhecimento), ainda assim, o negócio está amarrado e completamente indefinido, e se for decidido favoravelmente, custará caro ao Bahia, que tem sido zeloso com suas finanças.

Que o jogador foi de grande utilidade no ano passado, ninguém tem dúvida. Foram 29 gols, quase o dobro do segundo artilheiro do time, Max, que marcou 15 vezes, mas também não podemos negar que o jogador foi beneficiado para obter a condição de ídolo, pela pobreza técnica do elenco do Bahia no ano anterior. Alguém teria que se salvar e o sobrevivente foi Kieza.

Mas será que vale a pena tal investimento? Parte significativa da torcida acredita que sim. Outra, não tão empolgada assim, acredita que não. Um exemplo, fora da romaria dos satisfeitos, é o amigo e importantíssimo colaborador e tricolor, Lourival de Paula, que admite a importância do jogador mas, no entanto, faz ressalvas pertinentes acerca da utilidade do jogador, além de acreditar que o atleta é mera obra e fruto da carência de ídolo no Bahia.

Veja.

É INDISCUTÍVEL que o Kieza foi um dos maiores artilheiros do Brasil esse ano, sobretudo do forte baianão, onde fez 80% dos seus gols, mas também é fato que foi o recordista de impedimento na segundona; que não marca a saída de bola do adversário; que não parte pra cima dos defensores e consegue ultrapassá-los; que não faz um chute de fora da área; que só faz gol dentro da área, bola sobrando ou alguém botando de cara, jamais driblando e criando a própria chance de gol, além de ser marqueteiro de torcida organizada em detrimento dos interesses do time. Analisem tudo isso e para só depois arquitetar o perfil desse atleta. Lamento que a carência por ídolos deixe parte da torcida desesperada e faça de qualquer meeiro um candidato.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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