Demorou até, mas o Vitória parece ter chegado a natural fase
do “saco cheio”. É quando um time que vem de muitos títulos se desgasta, cansa
da mesmice, vira rotina, a cobrança aumenta, o time cai e as coisas não
funcionam, dentro e fora das quatro linhas. Os melhores jogadores pedem para sair e a torcida surta.
O Vitória dominou o estado por uma década, ganhou muito, mas a hegemonia voltou para o seu verdadeiro dono, o Bahia, que adormeceu por alguns anos, e agora vai solitário em busca do bicampeonato, o 46º título baiano. Em contrapartida, o Leão precisa passar por um período de adaptação para tentar mudar as coisas e, quem sabe, voltar a acirrar essa rivalidade. Para ser sincero, há anos não vejo o Bahia tão favorito para ganhar o Baiano e a Copa do Nordeste, talvez em 2001/2002, quando o time conquistou um estadual e dois torneios regionais.
O interessante é que o time de 2002 jogava numa formação praticamente parecida com a do Bahia de Sérgio Soares, com trio ofensivo de hoje formado por Maxi, Kieza e Léo Gamalho fazendo lembrar, guardadas as devidas proporções, daquele de ontem com Sérgio Alves, Robgol e Nonato, trio que fez bastante sucesso e conquistou o bicampeonato do Nordeste naquele ano, comandando pelo craque Bobô. No meio de campo, um trio de médios formado pelo motor Bebeto Campos, Preto Casagrande e Capixaba, muito parecido com o de hoje com Pittoni, Souza e Tiago Real.
É como destacou meu amigo Dalmo Carrera: “O Esporte Clube Vitória precisa mudar, como mudou no passado, como foi pioneiro com avanços importantes, como a construção do Barradão, departamento de fisiologia, modernização do seu departamento amador, investimento pesado na base e agora precisa entender que o clube já não pertence a ninguém ou a grupos (isto já era, isto acabou) e sim dos seus torcedores que precisam deixar de ser apenas financiadores explorados na sua paixão para entrar em uma ERA de coparticipante da histórica do clube. A hora é essa.”
Fellipe Costa