Até onde esse Bahia aguenta?

A reação do Bahia no segundo turno do Campeonato Brasileiro da Série A, sem dúvida tem sido um feito que pegou de surpresa, até mesmo o maior dos otimistas entre os torcedores do Bahia, pior ainda, em relação àqueles que torcem contra em nome da rivalidade local. Mas fica a pergunta: até onde o Bahia pode chegar? O questionamento é feito de forma pertinente pelo jornalista Marcelo Sant´Ana, na edição deste Domingo no Correio. Confira 

A maior reação do Brasileiro de pontos corridos foi do Grêmio. Em 2010, o time de Renato Gaúcho virou o turno em 16º lugar, no limite fora da zona de rebaixamento. Terminou o Brasileiro no limite dos que foram à Libertadores, em 4º lugar. 

O Grêmio pulou de 20 para 63 pontos. Ou seja: somou incríveis 43 pontos em 19 jogos. É o recorde da Série A com 20 clubes (eram 24 times em 2003/04 e 22 equipes em 2005), igualado pelo atual Atlético-MG no 1º turno – e o Galo tem a chance de superar graças ao jogo com o Flamengo, remarcado pela CBF.

O Bahia de Jorginho subiu do 16º para o 13º lugar após quatro vitórias e dois empates. No 2º turno, é quem mais ganhou (4), mais fez gols (11) e menos sofreu (3). Só não é o único invicto porque a Ponte Preta, com Gilson Kleina, que estreou ontem como técnico do Palmeiras, venceu duas e empatou quatro.

Os números são ótimos. Na prática, Jorginho mudou o rumo das conversas entre os tricolores. Ninguém fala em rebaixamento e nem houve confusão na Assembleia Geral para aprovação de contas, que aconteceu terça-feira com cinco meses de atraso. 

 O torcedor voltou a fazer o que mais gosta: curtir, falar do time e apoiá-lo. O clima positivo calou as críticas a Hélder, que tem feito boas partidas, e a Jones, que, exceto contra o Vasco, joga como sempre na sua limitação. Hoje atua Elias: melhor. 

No campo, a atitude mudou. O Bahia parou de “aceitar”. Passou a “reagir”. Taticamente, Jorginho usa o 4-3-2-1. Os laterais, de ofício e não de improviso, fazem duplas com Hélder e Diones, agora armadores e não volantes. Fahel é volante: marca, desarma e toca. O armador faz isso e mais: joga de uma intermediária à outra, conduz a saída de bola e vira uma opção ofensiva. 

Na frente, Souza segue centralizado entre os zagueiros, mas ganhou companhia. O time marca na linha do meio campo, e não mais na entrada da área e Gabriel, Jones, Zé Roberto ou Elias estão mais próximos de Souza, ora jogam logo atrás e ora abrem pelos lados. A agenda positiva reabriu espaço para a divisão de base. Hoje, no Beira-Rio, será a terceira vez na Série A que o Bahia escala três titulares da base: Madson, Jussandro e Gabriel. Antes, Omar, Jussandro e Gabriel jogaram no 3×1 sobre o Santos, estreia de Jorginho em parceria com o auxiliar Eduardo Barroca; e Omar, Ávine e Gabriel, no 1×1 com o Atlético-MG, com Falcão. 

Essas três partidas foram como visitante. A diferença para hoje é que, agora, os garotos têm tranquilidade para jogar. Aliás, Gabriel está em patamar acima e gera expectativa por vê-lo em campo, enquanto dos laterais só se espera uma partida regular. É o ideal para quem chega aos profissionais. A cobrança vai na bagagem de Marcelo Lomba, Titi, Fahel, Souza… 

 Mas até onde esse Bahia poderá chegar? Até o início da rodada, o Bahia poderia acordar amanhã entre a 10ª e 16ª posição. Entre área de relativo conforto e aquela onde os nervos apertam. 

No final de julho, durante bate-papo, o gestor Paulo Angioni me perguntou qual minha expectativa para o Bahia lá no fim do campeonato. Falcão ainda era o técnico e Caio Júnior chegou, no máximo, uma semana depois. Falei que do 10º ao 14º lugar. Que não poderia ser abaixo do 14º lugar do ano passado. Mas que aquele início já me deixava cheio de dúvidas e com certo medo.

 Angioni foi bem mais ousado. Na sua opinião, o elenco, peça por peça, era bom, porém coletivamente o Bahia era fraco. Em parte pelas lesões e pelos cartões. Iniciamos um rápido debate sobre cada elenco da Série A – Barroca participou. Quem o Grêmio tem? E Cruzeiro, Flamengo? Seedorf nem era do Botafogo. 

 Meu palpite continuou precavido. O de Angioni, mais ousado. Foi um bate-papo, não uma entrevista, então fica para outra coluna o papel de “dedo-duro”. Mas, e você, leitor, o que você acha? Até onde esse Bahia aguenta?

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário