Os três erros do Bahia por outra ótica

Rene simões, ecbahiaNo site Futebol Bahiano, há um texto de Éder Ferrari (O jogo dos três erros) apontando três erros de René Simões no empate entre Bahia x Botafogo. Concordo com o número (3); mas acho que os três foram cometidos antes da bola rolar, na escalação.

Em defesa de René, fale-se que os desfalques de Ávine, Carlos Alberto e Jobson quebrariam qualquer time do país. Fale-se ainda que ele pegou o bonde andando e que teve que conhecer os jogadores e montar o conjunto com o Brasileirão em curso. Mas ele não tem direito de errar nas três substituições e prejudicar o Esquadrão, que jogou um futebol previsivelmente horroroso.

Se o lateral-esquerdo titular não joga, quem joga é o lateral-esquerdo reserva, correto? Não para René Simões, que insiste em colocar Marcos improvisado na esquerda (ele não é bom nem na direita, quanto mais). Isso é uma desmoralização e sacanagem com Dodô; se ele não joga o suficiente nem para ser reserva imediato de Ávine (o que eu não concordo), dispense o menino e deixe ele cuidar da vida dele em outro clube. Além disso, por que não experimentar Jussandro, finalista da Taça São Paulo e campeão na Itália recentemente?

Colocar Marcos na esquerda é acabar com o time. Jancarlos marca mais do que apóia; Ávine apóia melhor do que marca. Quando ele coloca um destro na lateral-esquerda, ele inviabiliza o potencial ofensivo desse setor porque Marcos não vai conseguir subir correndo e cruzar ou tabelar direito. Resultado: o Bahia entrou em campo, na prática, sem atacar pelas laterais.

O segundo erro já foi devidamente comentado por Ferrari: Ricardinho não pode jogar com três volantes. Ele precisa de um meia perto dele, isso é óbvio. Ele não tem velocidade, explosão aos 34 anos. Com três volantes e Ricardinho o meio-de-campo só poderia apresentar um resultado sofrível, longe dos atacantes.

O terceiro erro foi no ataque. O reserva de Jobson é Gabriel, atacante veloz com características semelhantes ao do titular, que entrou bem contra o Corinthians e provou que tem condições de jogar. Lulinha é um cara que leva a bola do meio para o ataque, mas não é atacante.

Ao anular as subidas pelas laterais, montar um meio marcador sem velocidade e capacidade de armação e não completar devidamente o ataque, René anulou qualquer possibilidade de vitória; ganhar seria um milagre. Não dá mais pra perder tantos pontos com um time desse jeito por improvisações desnecessárias e a insistência de um meio-de-campo que não produz nada. Por sinal, René vai queimar Ricardinho com a torcida, que vai acabar responsabilizando-o pela improdutividade do meio.

Um torneio com 38 rodadas terá desfalques o tempo todo por lesões, cartões ou contratos. Ou René Simões pára de inventar e supre os desfalques com jogadores com características similares dos substituídos ou o Bahia vai continuar perdendo pontos desnecessários que, com certeza, farão falta lá na frente. E o Brasileirão não perdoa.

Vinicius da Silva – Site Tipo Revista

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