A máquina de fazer felicidade

Como sempre faço, cheguei cedo ao Barradão. Sentei nas cadeiras no mesmo lugar que costumo ficar e aguardei.

Foram acesos os refletores. A torcida começou a chegar. Os repórteres teceram os primeiros comentários sobre a partida, os times, a torcida, o tempo. Apodi confirmado.

Abraço nos amigos de sempre. Garganta seca. Sem cerveja o bom e o ruim não tem realce.

30 minutos para o jogo. Tensão, agonia, comichão, ansiedade. Os jogadores terminam o aquecimento e voltam aos vestiários.

Os Imbatíveis se posicionam e começam a cantar, a pular, a vibrar. O cenário estava preparado. Todos começam a se arrumar para quase duas horas de felicidade em estado puro.

O apito do árbitro é a chave que liga a máquina. E que máquina fantástica.
3 minutos. Gol. Roger. Abraços, sorrisos. Felicidade
15 minutos. Gol. Roger. Mais abraços, mais sorrisos. Felicidade.
23 minutos. Gol. Willian. Gargalhadas largas, êxtase. Felicidade.
27 minutos. Gol. Victor Ramos. Espanto, gozações, até lágrimas eu vi. Felicidade pura.

E assim foi até que o apito do Sr. Pablo do Santos Alves desligou a máquina com o placar do Barradão anotando 6×2. Fora o show.

A máquina ainda estava quente pelos volumosos serviços prestados na noite de domingo quando comecei a sair do Barradão. Ao subir as escadas, para cada lado que olhava, eu via e sentia o transbordar da felicidade. Era algo quase palpável.

Esta onda de felicidade então começou a se derramar sobre a cidade que tingiu-se de vermelho e preto. Em cada esquina, em cada bar, do Barradão até em casa, eu vi rostos sorridentes e corpos cobertos com as mais variadas versões do manto sagrado.

Hoje o espetáculo se repetiu. O espetáculo se repete ainda agora.
Nada no mundo feito pelo homem é mais valioso que uma máquina de fazer felicidade. Eu tenho uma. Os antigos a chamavam de “Decano”, todos nós a chamamos de “Leão”, mas os Imbatíveis a rebatizaram de VI-TÓ-RIA!

André Dantas (Snowman)

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