Por que o Tribunal ameaça o Bahia?

A Constituição garante a livre manifestação de pensamento e opinião. Isto é uma garantia, um direito fundamental que não pode ser violado sob pena de se estar pisando sobre o que entendemos de corpo do nosso precário pacto social que expressou na Carta de 1988 algumas direitos básicos do cidadão.

É certo que já houve tempo que alguns consideravam a Carta de 1988 mero documento programático, como uma carta de intenções. Hoje, não mais resiste tal entendimento, assim como existe na nossa Constituição um instrumento chamado de Argüição por Descumprimento de Preceito Fundamental para que os entes legitimados pela Carta maior possam exigir rápido remédio a quem ousar lesar nossos direitos e garantias fundamentais esculpidos no Art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil.

Todo esse prolegómeno para deixar claro que o diretor de futebol do Bahia e o nosso técnico Alexandre Gallo não podem ser constrangidos por um tribunal formado por leigos “doutores” a se portarem com uma mordaça na boca como a rainha africana, Anastácia, que aqui aportou escravizada e amordaçada para não insuflar rebeliões.

Ameaçados ao manifestarem sua opinião, os dois cidadãos tricolores do Bahia parecem já culpados por um “código” menor, o mesmo “código” que previu uma suspensão de 60 dias para o árbitro que cometeu um pequeno descuido ao não anotar corretamente algo supostamente essencial na súmula do último Ba-vi, algo que as televisões corrigem em segundos. Suspensão odiosa dada pelo também caráter relativo da veracidade da súmula de um jogo.

Agora, se já não bastasse toda essa pressão sob os árbitros baianos, como apitar os jogos do Vitória com tranquilidade sabendo que qualquer erro pode custar ao árbitro baiano a “geladeira”? É este mesmo Tribunal que quer a cabeça do dirigente e do técnico tricolor por eles desconfiarem do espírito quixotesco de árbitros baianos. Será que faz sentido para vocês?

Diriam que o futebol voltou-se para a época do AI-5 e aderiu aos censores que habitavam em jornais e escritórios prontos a mostrar serviço aos seus superiores hierárquicos. Uma coisa é aderir a uma ideologia e ser simpática a ela, outra é colaborar ativamente para que suas idéais se imponham a força sob o colaboracionismo de quem devia julgar com mais isenção os conflitos de interesses no nosso futebol. Se o Vitória deve se beneficiar de arbitragens “isentas”, o Bahia ainda mais, posto que se viu prejudicado com o árbitro do Ba-vi decisivo em Feira em 2008. O Bahia tem que mostrar sua indignação pela conduta anti-democrática de membros do Tribunal baiano de desporto e pressionar para que este desempenhe com mais neutralidade seu papel judicante.


PS.: Plantão nordestino: pela libertadores o Sport-PE se classificou para a próxima fase, ao ganhar por 2 x 1 do Colo Colo do Chile, enquanto o CSA pela Copa do Brasil ganhou do Santos por 1 x 0, o que classificou o clube alagoano.

Autor(a)

Deixe seu comentário