Torcida do Bahia será ouvida amanhã no Fazendão

As desculpas já não convencem mais ninguém. Os erros constantes em campo, a queda de produção do time no segundo tempo, e os cinco empates em sete jogos no estádio Jóia da Princesa, em Feira de Santana, não podem ser creditados apenas ao estado do gramado ou a ausência da torcida. A limitação do elenco e os problemas do grupo se tornaram evidentes. E é por isso que amanhã, representantes da torcida organizada Bamor terão uma reunião com a comissão técnica e os jogadores do Bahia.

A gota d’água para a torcida foi o empate de sexta-feira com o Bragantino, quando depois de abrir dois gols de diferença, o tricolor não conseguiu manter a vantagem. O presidente da Bamor, Jorge Alberto, e o vice, Julio Bacellar, chegaram a entrar no vestiário (com o consentimento da diretoria), mas o clima tenso fez com que a reunião fosse marcada para amanhã. “Nós não temos time, mas temos torcida pra subir para a primeira divisão. E a torcida não vai mais admitir o Bahia empatando em casa”, deu o ultimato Jorge Alberto.

Apesar de a diretoria do clube afirmar que o técnico Arturzinho está prestigiado no cargo, a situação do treinador não é tão cômoda assim. Ainda mais depois das declarações do meia Elias, que criticou todo o grupo e deixou claro que há um “racha” no elenco do Bahia.

Bahia se fortalece fora do estado

Apregoar visitas mais constantes a outras praças esportivas seria desatino imperdoável até 25 de novembro de 2007. Atualmente, a coisa mudou. Órfão da Fonte Nova após a tragédia que resultou na morte de sete torcedores, o torcedor do Bahia ainda não deu o pontapé inicial, mas decerto surgirá quando menos se espera o movimento “Xô, Bahia! Retorne em outubro”. Só Pituaçu parece capaz de devolver ao clube sua força como mandante na Série B.

E enquanto o governador do estado remexe as entranhas do Metropolitano, o elenco busca distância de Feira de Santana. “É inexplicável”, indeterminou Arturzinho, 24 horas depois do 1×1 com o São Caetano. O tal “inexplicável” se aplicaria ainda melhor após o 2×2 com o Bragantino, partida em que o time chegou a abrir 2×0. Sétimo empate na Série B, quinto no Jóia da Princesa.

Diante dos “maus fluidos” do estádio, é um alívio ver o grupo botar o pé na estrada. A viagem até o Distrito Federal pode recolocar o Bahia no caminho das vitórias e dar novamente o norte do G-4. Que venha o Brasiliense, ao menos segundo os números. Três das quatro vitórias obtidas no Brasileiro aconteceram em território adversário. O aproveitamento fora do estado é de 52,38% – quarto melhor do campeonato –, desempenho que, se mantido na média geral, nas temporadas 2006 e 2007 garantiria o acesso à elite do futebol nacional.

Este ano, o número colocaria o tricolor no rastro dos líderes, em sexto lugar, mesmos 22 pontos do Ceará – a apenas dois do terceiro e quarto colocados, Juventude e Barueri. E contando com a sorte que o time vem tendo, não seria improvável beliscar a Série A 2009. Dois empates consecutivos e o Bahia não perdeu sequer uma posição na tabela. Continua em 10o, beneficiado por “conspiração” de resultados.

Na 14a rodada, tudo dentro dos conformes. O São Caetano perdeu mais uma, para o Ceará, e agora beira a região do descenso. O Paraná tomou dois do líder Corinthians, ficando dois pontos para trás. Na noite de sábado, o Criciúma não saiu do empate com o Barueri e manteve-se um posto abaixo do tricolor. Sorte? O Bahia atravessa fase interessante. Não venceu nas últimas duas rodadas, mas no perde-ganha da Série B segue a cinco pontos do G-4 e até ampliou a margem para a zona de rebaixamento: está a seis pontos do Fortaleza, 17o colocado, com 13.

Maracajá consegue suspender liminar

O vice-presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, Paulo Maracajá, conseguiu a suspensão da liminar que determinava a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal, no inquérito civil que investiga o exercício de função diretiva paralela no Bahia, o que configuraria infração à lei orgânica do órgão. A decisão foi publicada sábado, no Diário Oficial do Poder Judiciário, em cumprimento ao mandado de segurança impetrado pelo advogado Celso Castro.

A determinação é do desembargador Antonio Pessoa Cardoso. A defesa se fundamentou no fato de que os conselheiros do TCM têm a mesma prerrogativa dos desembargadores, ou seja, segundo a Constituição Federal, só o ministro do Superior Tribunal de Justiça poderia determinar a quebra dos sigilos. “A princípio, seria uma quebra de hierarquia a atuação do Tribunal de Justiça do Estado”, analisou Castro. O advogado pondera ainda que não se aponta nada de ilícito contra Maracajá.

“Não há indício de desvio de verbas, pelo contrário. O que se diz é que ele destinaria dinheiro ao Bahia. E quanto a dizer que Paulo Maracajá tem influência no clube, ele próprio admite isso”, defende. “É como ele mesmo disse. Todas as denúncias são baseadas em depoimentos de opositores e em recortes de jornal”, repetiu. Quem conduz as investigações do Judiciário é o procurador geral de justiça adjunto, Carlos Brito dos Santos. Com informações do Correio da Bahia/Tribuna da Bahia

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