O novo bode expiatório

No final culpamos o treinador, tem sido sempre assim nos últimos anos. Quando é que vamos notar que a culpa não foi de Vadão, Lula Pereira, Artuzinho, Comelli e das dezenas de treinadores que passaram pelo Bahia? Será que descobriram a fórmula da kriptonita? Ninguém respeita o Bahia, apanhamos de todo mundo, todos os anos e querem dizer que Comelli entregou o título porque não escalou este ou aquele jogador.

Qual é o craque injustiçado? Pelo que sei o treinador está sendo execrado por ter barrado Cristiano, Didi e Ananias, se eu estivesse no lugar dele, com exceção do último, barraria a entrada destes jogadores no Fazendão. Nós achamos que entendemos tudo de futebol, é sempre fácil arrumarmos uma explicação depois de um mal resultado, mas precisamos entender que só acompanhamos os 90 minutos do fim de semana, não vivemos o dia a dia do clube, é nos coletivos que os jogadores se escalam. Não sei ao certo, mas parece que Comelli treinou um time e colocou outro pra jogar, talvez assustado com o que viu.

Hoje o nosso craque é Avine, Ananias é o xodó da torcida, ontem idolatrávamos Danilo Rios, Rafael Bastos e Moré e pegávamos no pé de Artuzinho quando ele não escalava estes “Grandes Jogadores”. Onde eles estão jogando mesmo? Ou melhor, onde eles estão “não jogando”? Elias é o nosso grande maestro, ou seja, a nossa orquestra tinha que desafinar em algum momento.

Espero que poupem o técnico dessa vez, pois acho que é o melhor desses últimos que passaram por aqui, mas isso não é suficiente, com esse time a nossa chance de voltar pra terceira divisão é grande. O Vitória também está mal, mas vejo a diretoria se movimentar, alguns jogadores estão chegando e acho que no brasileiro eles estarão com um time melhor, pelo menos esperanças eles podem ter. No entanto, dos lados de cá não vejo nada, não se fala em nenhum reforço, talvez estejam esperando o campeonato piauiense terminar.

Não aceito o argumento de que não temos condições financeiras para contratar, afinal estamos falando em fazer um time pra se manter na segunda divisão. Antes exigíamos jogadores de seleção, craques consagrados no futebol brasileiro, a história hoje é bem diferente, queremos apenas um elenco que nos dê esperanças de continuarmos onde estamos. A que ponto chegamos! Não tenho a menor dúvida, hoje o Bahia é um time pequeno. Só não consigo dimensionar o nosso tamanho. Pequeno de segunda ou de terceira?

Até agora só chegou aqui refugo do interior do Rio Grande do Sul e de um time que não conseguiu se classificar para as fases finais do campeonato gaúcho. Se a nossa diretoria assumir que não pode contratar sequer um jogador intermediário do campeonato paulista, se ela disser que o Bahia tem menos recursos que o Paraná, Criciúma, Juventude, Ponte Preta, Brasiliense, Gama, não terei mais dúvidas quanto ao nosso tamanho: neste caso, somos pequenos de terceira. E se eles admitirem que rebaixaram o clube a este patamar e que não têm nenhuma solução para sair desse buraco, pergunto: por que, humildemente, não pedem pra sair? Que amor é este? Infelizmente a pergunta é velha e não foi, nem será respondida. Hoje concentro as minhas esperanças na Polícia Federal. Quem sabe um dia não surge a “Operação Fazendão”.

Por Fábio Luís

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