Decifra-me ou Te Devoro!

A esfinge assim se apresentava, não era por acaso. A obrigação de se conhecer é um imperativo tão importante que podemos adoecer caso se negligencie esta tradução que a esfinge – vida – nos impõe. Famílias adoecem juntas, clubes adoecem juntos e até nações inteiras. É nesse entendimento que marco meu pensamento no sentido de que não existe ninguém inocente nesta vida. Todos nós uma vez livres da dependência da natureza estamos indissoluvelmente marcados para sermos livres e co-dependentes uns dos outros.

Sendo assim, é possível considerar que desde o mais humilde tricolor até aos mais luxuriosos dirigentes do E.C.Bahia são responsáveis pelos destinos do Bahia. Não é possível num mundo de trocas e de inter-relacionamentos, em que todos nos situamos, considerar alguém isolado e enquadrá-lo num oásis livres de quaisquer responsabilidades.

A televisão, as rádios e os outros meios de comunicação fazem o papel da fofoqueira ou fofoqueiro do passado não tão remoto. Sem falar no espírito do patrimonialismo que não tem nada de inocente cujo estigma está num curto e terrível slogan: “rouba, mas faz”. Perguntar não ofende: Nesse entra e sai de jogadores, qual o crescimento patrimonial dos nossos dirigentes?

Há também uma luta ideológica. Ela se deflagra através de conceitos e afirmações que insinuam aos despreocupados torcedores que devemos separar política e futebol, não confundamos política partidária e futebol que devemos realmente separar. Mas, quando tentamos separar política e futebol, queremos na verdade legitimar algo ou esconder para os que deviam ser mais ativos torcedores as ações daqueles que efetivamente comandam e que só pensam em manter-se no poder.

É da cidadania que todos fiscalizem as ações daqueles que dirigem e exercem funções de direção. O Internacional-RS tem 75.000 mil sócios, por que o Bahia não abre o clube para que o sócio votar para presidentes e finalmente se faça uma auditoria independente nas contas do tricolor?

Enquanto isso, uma porção consciente e apta a fazer oposição à situação, que insiste em se prolongar no poder, é colocada à margem da instituição e tem que apelar para todos os meios legítimos a fim de se insurgir contra o que principalmente chamamos de cooptação de almas. É claro que o Bahia precisa de todos empenhados em reerguê-lo dessa situação em que ele está, mas não será pelo deboche de nossa inteligência que o farão.

Maurício Guimarães

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