Afastado por Carpegiani, goleiro fez valer o contrato de R$ 65 mil mensais, ficou e agora ajuda o grupo contra o rebaixamento.
Muitos dos torcedores do Corinthians não devem saber, mas o goleiro Jean, contratado no começo deste ano, que foi titular e depois acabou afastado pelo então técnico Paulo César Carpegiani, ainda continua no clube.
Aos 35 anos, o jogador, que recebe R$ 65 mil mensais, preferiu não trocar o certo pelo duvidoso e, apesar de receber ofertas de outros times, inclusive da Série A, não quis abrir mão do contrato que tem até o final deste ano.
Afastado, Jean se recupera de uma cirurgia no joelho direito e, enquanto faz tratamento, tenta ajudar os companheiros na luta contra o rebaixamento. Experiência não falta: ele já passou por isso na carreira, quando defendeu Vitória, Guarani e Ponte Preta.
– Em uma entrevista recente, o Felipe te elogiou, disse que apesar de não jogar você está sendo importante para o time…
Jean – É verdade? Falou de mim. A gente tem procurado conversar bastante mesmo. O Felipe é como um irmão, eu tenho liberdade para falar com ele, cobrá-lo… É uma relação legal.
– Você já viveu experiências com rebaixamento na carreira. O que fazer para ajudar?
Jean – Queria estar no bolo, mas fui afastado sem entender o motivo. O Carpegiani chegou e, logo depois, o Ilton [José da Costa, então gerente de futebol] me avisou que eu estava afastado e que o meu contrato seria rescindido, mas existe uma lei. Aí fiquei, mas eu procuro conversar com o pessoal, animar o ambiente. Sempre chega um jogador mais cabisbaixo um dia. Aí eu procuro brincar, pois sem isto pode ficar muito pior.
– Você guarda mágoa de alguém?
Jean – O engraçado nisso é que dos que foram afastados apenas eu era titular do time e também fui o único que ficou. Mas não tenho mágoa de ninguém. Eu procurei trabalhar, fui profissional, treinei com chuva, sol…
Você acredita que seu afastamento foi uma decisão só do Carpegiani? Coincidentemente todos os jogadores que chegaram quando o Leão era o técnico foram embora…
Jean – Não sei se foi uma decisão do Carpegiani, da diretoria… Sei que acatei, mas eu não vou acusar ninguém agora, é uma situação que ficou no passado.
Você recebeu propostas para deixar o Corinthians?
Jean – Recebi, mas não quis sair. Os valores eram inferiores aos que eu recebo aqui, não tinha motivo, financeiramente era bom ficar.
– Mas o Corinthians pagou em dia?
Jean – Não tenho do que reclamar. A diretoria do Corinthians está cumprindo tudo, sem atrasar um único dia.
O Corinthians foi um retrocesso na sua carreira?
Jean – Não vejo desta maneira. Profissionalmente não foi o que eu esperava, mas acho que tudo que acontece tem um propósito. A passagem pelo Corinthians está sendo importante por outros motivos. Posso dizer que aprendi muito, estou mais calmo, já não chuto o balde com tanta facilidade.
– Seu contrato acaba no final do ano. O que vai fazer?
Jean – Quero primeiro me recuperar da cirurgia no joelho. Depois vou pensar, mas já apareceram algumas coisas.
Marcius Azevedo, especial para o Pelé.Net
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