Negociações entre Paulo Carneiro e o Flu-Ba não evoluíram

O ex-presidente do Esporte Clube Vitória, Paulo Carneiro, foi sondado pela diretoria do Fluminense de Feira para assumir uma função no Departamento de Futebol do tricolor feirense. Algumas reuniões aconteceram, mas pelo menos por enquanto essa possibilidade está descartada.

As negociações não prosperaram e Carneiro não voltou a ser procurado por Elmano Portugal ou por Jodilton Souza. Os motivos para que as conversas tenham sido suspensas ainda não foram anunciados oficialmente e se depender de um dos mais polêmicos dirigentes esportivos dos últimos tempos, dificilmente serão conhecidos.

Em entrevista ao PORTAL FS, o engenheiro e empresário, que presidiu o rubro-negro baiano por quase 15 anos e arrebatou a hegemonia estadual do arquirival Bahia, diz que não divulgará informações sobre a proposta apresentada ao tricolor feirense.

Ele afirma ainda ter ficado chateado com o vazamento de detalhes sobre sua proposição e destaca que o Fluminense precisa sonhar com a Série B do Campeonato Brasileiro. Carneiro também apontou o que ele considera como os pilares fundamentais para garantir a sobrevivência de um clube de futebol.

PORTAL FS – Como estão as negociações entre o senhor e a direção do Fluminense de Feira?

PAULO CARNEIRO – Eu estou em Feira faz muitos anos e depois que me afastei do Vitória passo quase toda a semana aqui na cidade, cuidando da minha empresa.

Recentemente me aproximaram de Jodilton e Elmano, dois empresários de sucesso, que estão comandando o Fluminense, mas as nossas conversas, apesar de terem sido muito boas, não avançaram e eles têm todo direito e liberdade de seguirem o caminho que considerarem melhor para o clube.

Eu sempre estarei a disposição deles, torcendo para que o Fluminense consiga galgar um lugar de destaque no futebol da Bahia, do Nordeste e quem sabe, até no futebol do Brasil. Eu torço muito por eles, mas não existe nada sobre minha entrada no clube.

PORTAL FS – Eles propuseram alguma espécie de sociedade ao senhor?

PAULO CARNEIRO – Eu não entro em detalhes quanto a essas questões. Eu até soube que minha proposta tinha vazado para um repórter e fiquei muito chateado com isso. No meu entendimento essas questões comerciais são confidenciais e eu não divulgaria como não divulgava na minha época no Vitória, e era até mal entendido por causa disso.

Questões comerciais são inerentes as pessoas que estão conversando, fiquei muito triste ao saber que a minha proposta tinha vazado, apesar dela não ter nada demais. O repórter está no papel dele e não tem culpa, mas espero que as pessoas tenham mais cuidado com isso.

PORTAL FS – Que tipo de gestão deve ser colocada em prática no Fluminense para que o clube tenha sucesso?

PAULO CARNEIRO – Eu costumo dizer que seja o Fluminense de Feira ou o Real Madrid da Espanha, um clube tem que ter marketing, estádio e divisão de base para prosperar, estes são pilares fundamentais. A divisão de base é importante para que seja possível fazer um time mais barato e ter matéria prima para você criar receitas alternativas. Já o estádio, é onde você deve abrigar as propriedades comerciais e associar o torcedor, por que hoje, as pessoas não se associam apenas por causa das campanhas eventuais.

O torcedor tem que ser sócio de onde o Fluminense joga, e atualmente o calendário do futebol brasileiro já permite isso. Por exemplo, quando o Fluminense chegar a uma Série C e o estádio receber algumas melhorias, ficará ótimo, embora ele não esteja no lugar ideal, que seria na Avenida Getúlio Vargas. Mas, não fomos nós que construímos e nem cabe construir outro estádio.
Então, nesse caminho, com estádio, divisão de base e um bom planejamento de marketing, qualquer equipe vai estar bem colocada de acordo com seu nível e seu status.

PORTAL FS – Considerando a realidade atual o Fluminense de Feira tem condições de futuramente estar pelo menos na segunda divisão do futebol brasileiro?

PAULO CARNEIRO – Eu acho que é esse o caminho para o Fluminense, não ficar sonhando com a Série A, mas acreditar na segunda divisão, que é uma competição que vai acrescer muito mais, os direitos de televisão vão dar um salto. Eu acho que em aproximadamente três ou quatro anos, o contrato de televisão vai estar na casa dos 100 milhões de reais, e isso é suficiente para um clube se manter.

Agora, se sonhar com a primeira divisão, quebra a cara. Na Série A, qualquer clube sem dinheiro vai subir e descer, subir e descer. Vitória, Bahia e Sport Recife como são do Clube dos 13, tem uma receita melhor, que permite que eles briguem pra ficar na elite, mas quem não tem, vai ficar subindo e descendo. E isso desgasta até os dirigentes. Eu entendo que a Série B deve ser um caminho que o Fluminense de Feira deve trilhar como meta.

PORTAL FS – A existência de mais de um clube profissional na cidade de Feira de Santana é um incentivo adicional para ambos? Isso é bom ou é ruim para o Fluminense?

PAULO CARNEIRO – Isso é negativo. Você não pode impedir a criação de outros clubes, mas uma cidade como Feira só comporta um representante. Com todo o marketing, toda mídia, todas as atenções voltadas para o Fluminense. Quando aparecem muitos times a tendência é que o principal clube tenha dificuldades.

Mas, o Fluminense tem muita força e deve aproveitar isso, até por que o torcedor se cansa, ele quer ver resultado. É por isso, que aqui tem torcedor do Bahia e do Vitória e de outros clubes. Mas, na hora que o Fluminense ressurgir, esse torcedor deixa de ser Bahia e Vitória.

É a mesma coisa que nós, no passado fazíamos. Eu era Flamengo, por que o Vitória não ganhava de ninguém. Embora a força da mídia eletrônica faça com que os mais jovens escolham o torcer pelo São Paulo, pelo Palmeiras, tem que ser feito um trabalho de marketing muito forte para que essa juventude seja Fluminense de Feira

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