Quando comecei a torcer e a me empolgar com o futebol, lá pelos anos sessenta, imagino que poderia até, na teoria, o termo “mídia” existir, mas, na prática, imagino que não existia, porque o setor de imprensa que cobria o futebol e demais esportes, era denominado de Imprensa Esportiva ou de Crônica Esportiva, que desde aquela época, sempre foram PRECONCEITUOSOS com o futebol nordestino, num tempo em que a predominância do rádio, dos jornais impressos e da famosa Revista Placar, principalmente, as grandes e potentes emissoras de rádio do eixo Rio-São Paulo, notadamente as Rádio Globo, Tupy, Nacional, Bandeirantes e Record, emissoras que abrangiam todo território nacional, influenciaram e induziram, fortemente, o torcedor nordestino a torcer pelos clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo que na época, sediavam os oito maiores, melhores e mais populares clubes do futebol brasileiro.
Passada à época dos velhos clichês dos impressos, das precárias transmissões de TV, das potentes ondas médias e curtas do rádio e dos pesados gravadores com fita cassete muito utilizados pelos repórteres de pista para as entrevistas de cada jogo, sem falar na parafernália de fios utilizados para uma transmissão, chegamos à era digital que vem tirando de circulação os impressos, realizando transmissões de jogos com o locutor no estúdio e o comentarista e os repórteres repercutindo o jogo em home office, sem falar na variedade de portais, blogs, sites, lives e um monte de plataformas digitais que alimentam ou envenenam, em profusão, as redes sociais antes, durante e após uma partida de futebol.
Mas, voltando à vaca fria, a outrora crônica esportiva do eixo Rio-São Paulo, renovada e revigorada por novos profissionais que surgiram no ramo, tanto no segmento corporativo como no autônomo, continua na mesma toada, ou seja, mudou os caranguejos, mas, a lama é a mesma, com a mesma estratégia que permanece há muito anos atrás, que é a tática de sempre subestimar, humilhar, desvalorizar e boicotar o futebol nordestino, uma das regiões mais castigadas do país pelas desigualdades sociais, mas, habitada por um povo alegre, hospitaleiro e trabalhador, todavia, sempre serviu de chacota para os habitantes do “Sul Maravilha”.
Tomei conhecimento através desse importante Blog, da insatisfação do presidente Guilherme Bellintani e do seu vice Vitor Ferraz, quando criticaram “veículos nacionais por ignorar à Copa do Nordeste”. E eu digo: motivos não faltam para esses veículos nacionais ignorar e continuar ignorando o sucesso, os pontos positivos e tudo de bom que acontece, não só a respeito da Copa do Nordeste, mas, também, em todo futebol nordestino porque, além de já ser um posicionamento radical da grande mídia sulista desde quando o atleta calçava chuteiras com sola fixadas com pregos e se praticava futebol com bola de couro que pesava 1 kg, ainda culpo o próprio presidente Guilherme Bellintani e outros personagens do nosso futebol, por colaborarem com o descaso dos veículos nacionais para com o nosso futebol.
Todos nós lembramos daquele lamentável “caso” de crime de Injúria Racial envolvendo o jogador Índio Ramirez e o jogador Gerson do Flamengo, quando o farsante do Flamengo acusou o nosso jogador de tê-lo chamado de “negro”. O Guilherme ao invés de procurar, a priori, apurar os fatos internamente, ouvindo nosso jogador e algum companheiro que estava próximo dele, assim que terminou o jogo, foi logo se arvorando em telefonar para a “vítima” pedindo prévias desculpas pelo fato, em seguida, em entrevistas à grande mídia nacional, procurou aumentar o veneno que sempre essa mídia destilou contra o Nordeste contribuindo, sobremaneira, para que o fato – pela razão de ser, extremamente, negativo para o nosso futebol -, ganhasse grande destaque nacional, como ganhou, enquanto o Índio Ramirez que foi acusado, covardemente, pelo fato, ficou sem pai e sem mãe, no momento em que o presidente do clube, preferiu acreditar no mentiroso do Gerson e deixar seu atleta entregue às traças.
Após provas e contraprovas, em que nada foi provado ou comprovado sendo que, o processo após julgado, foi encerrado e arquivado, o nosso presidente foi incapaz de mover um processo por crime de Calúnia e Difamação contra o farsante, porque se fosse ao contrário, o jogador Ramirez ia ver com quantos paus se faz uma canoa. Portanto, bem feito, Presidente, o troco que essa mídia lhe deu no último fim de semana, procede, quando no domingo à noite, um dia após o jogo final válido pela Copa do Nordeste de Ceará 1(2) x (4)2 Bahia, uma partida que chamou a atenção de todo Brasil, até porque, por força de contrato, foi transmitida em âmbito nacional, tanto por TV aberta como por assinatura, nós, torcedores do Bahia, tivemos o dissabor de assistir no Fantástico, o programa de maior audiência nas noites do domingo, a goleada de 4×1 do Flamengo diante do Volta Redonda, jogo que aconteceu também no sábado e válido pelo campeonato regional do falido e combalido futebol carioca, em detrimento à exibição dos gols da decisão do título da maior e melhor competição regional do futebol brasileiro e, de contrapeso, o apresentador informou mas, não exibiu, o gol do 1×0 do jogo Bahia x Bahia de Feira, válido pelas semifinais do campeonato baiano.
Outro fator que tem contribuído para esse descaso dos grandes veículos nacionais para com o nosso futebol, é a crítica obsessiva, abusiva e contumaz feita, diuturnamente, por meia dúzia de gatos pingados que se dizem cronistas e benfazejos do nosso futebol, mas, não sei se por índole, ou por serem “viúvas” de gestões anteriores ou, ainda, em função de alguma birra ou de algum problema de ordem pessoal com algum dos cartolas do nosso futebol, utilizam seus microfones instalados nas cabines e nos estúdios do ódio, só para malhar e tentar desqualificar o dirigente, insuflando o torcedor a ficar contra sua gestão. Trata-se de elementos adeptos ao esquema do quanto pior melhor, que procuram chifre em cabeça de cavalo no intuito de criar ou forjar, constantemente, fatos negativos para o nosso futebol.
O jornalismo tem que ser exercido com seriedade, imparcialidade e isenção e o jornalista, radialista ou cronista esportivo que se encaixar nessa premissa, tende a ter credibilidade e se tornar um grande formador de opinião e não um deformador de opinião. Isso, não significa que o sujeito não possa criticar, pode e deve sim, fazer suas críticas baseadas em fatos consistentes e não aleatórios e mentirosos, como tentam fazer determinados elementos que se camuflam de cronistas esportivos, não para agregar valores ao futebol e sim, para conspirar e desagregar.
Isto posto, mesmo sendo uma minoria de cronistas baianos que esculhambam, desvalorizam e achincalham o futebol da Bahia, onde suas duas principais forças, Bahia e Vitória detêm oito títulos conquistados da Copa do Nordeste e ainda por cima, reitero, termos um dirigente que, numa tremenda armação de um jogador do Flamengo calunia um jogador do Bahia e, na dividida, o cartola prefere acreditar no ator autor da denúncia.
Qual a moral ou argumento que esse cartola tem para cobrar dos grandes veículos de comunicação do país, a repercussão da final da Copa do Nordeste, quando ele próprio resolveu conspirar contra o futebol nordestino?
José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.