Eleição no Vitória: Conheça as propostas de Manoel Matos

Se eles cumprissem o orçamento, o Vitória chegaria ao final de 2017 com R$ 49 milhões em caixa

Depois de encerrado processo das eleições do Esporte Clube Bahia com Guilherme Bellintani vencendo pleito com enorme tranqüilidade, inicia-se quase que imediatamente processo semelhante com o Esporte Clube Vitória que na próxima quarta-feira dia 13 de dezembro definirá o novo Presidente e Vice-Presidente do Conselho Diretor do clube após um período turbulento com a eleição de Ivan de Almeida que renunciou ao cargo antes mesmo de completar o seu primeiro ano de governo.

Concorrem ao cargo de presidente do Vitória, até então, para o biênio de 2018/2019, os rubro-negros, Ricardo David, o inoxidável Raimundo Viana, Manoel Matos, Tiago Ruas e Gilson Presídio, sendo a grande novidade, creio eu positiva, com retorno do ex-presidente Paulo Carneiro, agora como diretor de futebol na chapa encabeçada por Manoel Matos. No minimo vai dá o que falar pelo seu jeito veemente em defender as cores do Vitória. Vejo como positiva o retorno de Paulo Carneiro que acredito que tenha serviços de relevância prestados ao Leão.

Nesta segunda-feira o Jornal Correio da Bahia entrevistou o candidato Manoel Mattos de 60 anos empresário e que já foi foi gestor da base entre 2014 e 2015 e vice-presidente entre 2015 e 2016. É conselheiro desde 2006. Foram abortados temas importantes como contratações, gestão profissionalizada, patrocínios e os assuntos relacionados.

CORREIO: Por que você quer ser presidente e quais feitos na carreira te credenciam para o cargo?

Manoel Matos: Na verdade não existia a identificação do meu nome. O que existia eram grandes rubro-negros, como os três ex-presidentes (Adhemar Lemos, Paulo Carneiro e Alexi Portela) que fizeram um grupo de união. Essa união surgiu por conta da nossa indignação com o que vinha acontecendo no Vitória. Nunca tivemos o clube numa situação tão favorável para ser administrado e obter conquistas, no entanto o que vimos foi o trem se descarrilhando. Então esse grupo me convidou para voltar ao clube, agora num cargo majoritário. Por um motivo simples: eu sou a pessoa do grupo com mais memória do que aconteceu nas gestões recentes, de 2015 a 2016. Nós tínhamos em 2015 uma crise no futebol. Assumi o clube (como vice-presidente) junto a Raimundo Viana e, apesar da torcida não reconhecer, alcançamos os principais objetivos.

C: Como você avalia a gestão de Ivã de Almeida? O que manterá e mudará no clube?

MM: O pior foi a falta de liderança. Você tinha um presidente ausente, sem poder. Quando você tem uma administração sem liderança, todo mundo manda. E quando todo mundo manda, ninguém manda. Em função da falta de liderança, da falta de experiência e de conhecimento das pessoas, a gestão começou a ter erros em todas as áreas. Eu participei do processo de transição de 2016 para 2017 durante sete dias. E percebi que, cada vez que apresentava um setor do clube, aparecia um novo dono. Não tinha um líder, as pessoas estavam em busca de cargos. O líder, que deveria ser Ivã, não participou das reuniões. Quem tomou a frente disso foi Paulinho (Paulo Catharino Filho, presidente do Conselho Deliberativo). A reunião de transição do futebol não durou 40 minutos. E olha que Sinval Vieira ficou fora para fumar ou falar ao telefone em 60% do tempo.

C: Como você acha que encontrará os cofres do Vitória?

MM: O orçamento do Vitória nos últimos dez anos sempre teve um déficit de R$ 10 milhões. Daí você colocava vendas de atletas para fechar no azul. Quando não vende, fecha no vermelho. A maior parte dos recursos vêm da televisão. Da TV, o Vitória tinha R$ 25 milhões aplicados e entrariam R$ 15 milhões no orçamento para 2017. Nós previmos R$ 9 milhões de venda de atletas. Ou seja, se eles cumprissem o orçamento, o Vitória chegaria ao final de 2017 com R$ 49 milhões em caixa, fora os rendimentos do que está aplicado. Quando eles chegaram, eu falei: vocês têm R$ 1 milhão de folha. Então podem sair contratando Brasil afora mais ou menos R$ 1,9 milhão. Se eles cumprissem isso, terminariam o ano bem e com o Vitória preparado para o futuro. Nós não vamos achar esse dinheiro e provavelmente encontraremos gastos que foram empurrados para o ano que vem. Qual é a solução? David. Espero que a gestão atual não venda David antes do novo presidente assumir. Seria prudente deixar para a nova administração, assim como fiz com Marinho no ano passado.
C: Como você pensa em gerir a base do Vitória, que neste ano não revelou nenhum jogador?

MM: Pretendo contratar um gestor de futebol que vai cuidar do sub-15 ao profissional. E ele vai ter que me mostrar resultados em todas as categorias. Mas não com títulos, que é o que a torcida cobra. Queremos preparar os jogadores. Pretendemos trazer grandes profissionais e criar uma metodologia para transformar garotos em realidade. Em 2014 (quando Matos era diretor da base), fizemos um trabalho para reunir 200 garotos. Desses, selecionamos 20 de potencial. E estabelecemos a meta de que no mínimo cinco deles teriam que estourar em dois ou três anos. Desses garotos tínhamos Ramon, David, Yan (hoje no Palmeiras), Nickson (hoje no Cruzeiro), Luan (sub-20), Caíque, Ronaldo, Wallace (goleiros). Olhe então quantos se desvalorizaram ou deixaram o clube. Quero ver todos esses contratos e investir nesses atletas para recuperá-los.

C: Quais as suas propostas para o Barradão? Pretende seguir aquele seu projeto de transformar o estádio em arena?

MM: Eu vi um candidato comentando que vai modernizar o Barradão. Por favor, não faça isso. O Barradão está adequado com a nossa realidade. Vamos ter um acesso melhor (pela Via Expressa) e temos aquele projeto da Arena Barradão pronto. Não significa que ele vai ficar morto, mas queremos agora trabalhar fortemente no futebol. Acho que o Barradão está defasado desde 2010. Temos um plano máster para duplicar a via na frente e construir um ginásio, mas a prioridade hoje é o futebol.

C: Qual o seu projeto para melhorar o Sou Mais Vitória, que tem registrado poucos associados?

MM: O programa de sócios do Vitória é um programa de acesso ao estádio. Quando percebemos isso em 2015, fizemos uma política de preços que valorizava o sócio. E o que aconteceu? O torcedor começou a se associar. Batemos 10 mil. O ingresso custava R$ 30 e o sócio pagava apenas R$ 7,50. A cultura baiana e talvez nordestina não permite que o vínculo chegue a 30 mil. Então temos que ser criativos para que o cara se associe. Vamos trazer profissionais de primeiro nível para que isso aconteça. O Atlético-PR tem 20 mil sócios. Acho que temos aí um dos maiores desafios possíveis da gestão, mas acredito que, alavancando o futebol, o sócio vem junto.

https://futebolbahiano.org/2017/12/eleicoes-do-vitoria-ricardo-david-promete-gestao-profissional.html

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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