Kieza, Pittoni e Soares: Presidente do Bahia abre o jogo

O Bahia, apesar da presença incerta na Série A de 2016, já traça metas para próxima temporada e a principal delas em relação ao futebol já está definida, é claro, a permanência do atacante Kieza, principal jogador e artilheiro do time no ano. Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, nesta quarta-feira, o presidente Marcelo Sant’Ana confirmou que tenta a aquisição em definitivo do atleta junto ao Shanghai Shenxin, da China. 


Se a permanência de Kieza depende apenas da negociação com o clube chinês, já que há o interesse tanto do Bahia quanto do jogador em manter o “casamento” que vem dando muito certo, não podemos dizer o mesmo do meia Wilson Pittoni. No primeiro semestre, quando vivia boa fase, o paraguaio foi procurado para renovar seu vínculo. No entanto, não aceitou a proposta de aumento salarial e extensão do contrato por mais uma temporada, acabou perdendo espaço no time e tudo indica que deve deixar o Fazendão ao término do contrato que vai até dezembro. 

O mandatário tricolor também falou sobre o possível pré-contrato que Pittoni teria assinado com o Vitória, elogiou o meia Escudero, explicou a demissão do técnico Sérgio Soares e abordou outros assuntos como a Cidade Tricolor, campanha da equipe e dificuldades na Série B.

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA DO PRESIDENTE: 

KIEZA

“Nosso desejo é permanecer com Kieza, e desejo dele também continuar no Esporte Clube Bahia. Estamos em negociação com o Shangai, mais uma vez, agora para adquirir Kieza em definitivo. É o desejo do Esporte Clube Bahia.”


PITTONI

“Ele não joga, no momento, por opção do técnico, o Charles Fabian, como não jogava antes por opção de Sérgio Soares. Sobre a questão administrativa, não posso garantir que ele assinou ou não um pré-contrato com o Vitória. É uma pergunta que tem que ser feita ao atleta. Em maio, o Bahia ofereceu uma renovação de contrato para Pittoni em um valor superior ao salário que ele ganha atualmente. O atleta não teve interesse na renovação naquele momento, manifestou isso através do seu empresário, que nos fez uma contraproposta que, financeiramente, o Bahia não podia atender. Depois disso, a conversa ficou paralisada sobre uma possível renovação contratual. Para avançar um pouco mais, o Bahia ofereceu a renovação de um ano de contrato àquela altura. O atleta queria uma renovação de dois anos. O Bahia se comprometia em pagar todo o débito que o Bahia tem com ele porque, ano passado, o Bahia não pagou o salário de Pittoni quando ele foi emprestado ao Olímpia. Então, o Bahia tem um débito com esse atleta”

PRÉ CONTRATO

“Nesse segundo semestre, a gente não voltou a conversar sobre renovação contratual. Ele pode sim ter assinado pré-contrato com outra equipe. A legislação esportiva diz que seis meses antes de terminar um contrato qualquer atleta, no mundo, pode assinar com outra agremiação, se transferindo no final do contrato. Então, isso é uma situação que o Pittoni está passível, como outros atletas do Bahia que têm um vínculo com período inferior a seis meses também podem. Como também os jogadores do Vitória já podem ter assinado pré-contratos com outras equipes, como também os jogadores do Botafogo, do Corinthians”  

ESCUDERO 

“Não tenho problema em dizer que o Vitória tem bons jogadores. Ontem, a gente teve uma reunião em São Paulo com a Globo, eu fiquei durante a tarde inteira conversando com o vice-presidente do Vitória, doutor Manoel Matos, sobre a questão de elenco. Escudero, por exemplo, é um jogador do Vitória que eu acho de grande qualidade. É um jogador que tem uma característica que eu gosto que é ser competitivo. Ele, quando entra em campo, quer ganhar acima de tudo. Isso é uma característica em um atleta que forma um grupo vencedor. Escudero é um cara competitivo, se esforça, batalha pelo resultado. Ele não é um cara acomodado. A gente gosta desse perfil de jogador. Temos também no Bahia alguns jogadores com esse perfil”

SÉRGIO SOARES

“No Ba-vi, quando fui para a coletiva, não considerava justo que ele fosse fuzilado em praça pública. Sabia que a conta ia ser pesada. Perdemos o Ba-Vi do primeiro turno. Na Fonte Nova, perdemos de virada. Pelo que ele fez na temporada, não considerava justo que ele fosse execrado e considerado responsável pelos insucessos no clássico. Fui para ser corresponsável pelo momento ruim em que o Bahia estava dentro da competição. Fui para, se alguém quisesse questionar algo que não fosse da alçada do técnico, eu pudesse responder. Não garanti a permanência dele naquela entrevista. Disse que ele era o técnico do Bahia enquanto a direção achasse que não era momento de se fazer mudança. O resultado do Ba-Vi tinha sido ruim. Se eu causo uma instabilidade maior, poderia perder para o Paysandu três dias depois. Minha preocupação era manter o foco do jogo contra o Paysandu. A decisão de mudar a comissão técnica já havia sido tomada mais de quinze dias antes. Existiam outras argumentações dentro do clube. Existem outras pessoas que opinam nessa parte do futebol. Resolvemos dar o crédito ao trabalho do Sérgio no Bahia, que foi um trabalho bom”


CIDADE TRICOLOR

“Cidade Tricolor é uma negociação que a gente tem tido com a OAS. A OAS está em recuperação judicial. E aí, para ficar em uma linguagem bem de leigo, a OAS não pode tomar uma decisão sem consultar o juiz da recuperação judicial, decisões que envolvam a parte de patrimônio, que é o Fazendão e também a Cidade Tricolor. Então hoje o Bahia não tem a segurança jurídica, pelo menos no momento, de que, se o Bahia cumprir sua parte no acordo estabelecido no final do ano passado, a OAS poderá cumprir a parte dela. Que seria passar o Fazendão ao nome do Esporte Clube Bahia novamente. Porque de uma maneira, na minha ótica, irresponsável, o presidente destituído passou o Fazendão para o nome da OAS sem ter nenhuma garantia em troca, pelo menos nenhuma garantia contabilizada dentro dos documentos do ECB. E, depois, quando o Bahia concluir o pagamento, o Bahia terá também em sua posse a Cidade Tricolor. Então a gente tem tentado chegar a um consenso com a OAS. O Fazendão foi alienado fiduciariamente a uma empresa chamada Planner. Aí envolve três bancos como interligados nesse negócio. E a gente tem tentado construir um caminho que satisfaça todas as partes, a empresa, aos três bancos envolvidos, o Esporte Clube Bahia, a OAS, e que tenha a autorização do juiz que é responsável pela recuperação judicial da OAS.”

CAMPANHA NA SÉRIE B

“A expectativa que a gente tinha era de ter feito uma Série B mais tranquila. A gente sabe que não existe facilidade. O futebol brasileiro hoje é muito nivelado. Independentemente da Série A ou Série B. Muito parelho o nível técnico dos jogadores. Temos poucos jogadores no Brasil que fazem diferença técnica para suas equipes. Mas, pelo que apresentamos no início do ano, tinha a expectativa de ter uma caminhada mais segura, uma distância mais confortável do quinto colocado. Isso não aconteceu dentro da competição. No início de outubro, o Bahia terminou trocando o comando técnico. (…) A gente hoje tem uma campanha razoável dentro da Série B. Acredito que dá para ter um crescimento nos últimos jogos. Mas tranquilidade realmente a gente não teve dentro dessa competição.”

DIFICULDADE NA SÉRIE B

“Conjunção de fatores. Apesar das limitações do Bahia, ainda tenho a opinião que nenhum elenco da Série B é melhor que o do Bahia. Com as fragilidades, deficiências, limitações que temos, tivemos contratações erradas, sim. É bom deixar claro. Mas erramos, porque temos uma folha de R$ 1,396 milhão contra R$ 2,7 milhões do Botafogo e R$ 2,5 milhões do Vitória. O investimento que a gente fez é bem menor que os dois principais concorrentes diretos da Série B. Temos nossas limitações. Quando a gente olha os elencos, para mim, opinião individual, temos o melhor elenco da Série B, mas não é um elenco muito melhor que os outros. O Vitória tem bons jogadores, tem jogadores com quem eu queria contar no Bahia. O Bahia também tem jogadores que o Vitória gostaria de contar. O Botafogo tem principalmente um goleiro que é o melhor do Brasil, apesar de ter sido barrado na Seleção.”  

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: [email protected]

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