Desabafo de um torcedor do Bahia

“O Bahia precisa entrar no mercado”. Essas são as palavras usadas em todas as entrevistas pelo presidente Marcelo Guimarães Filho, ao justificar negociações precoces de jogadores formados no Fazendão.
Sinceramente? Conversa mole! 

Um clube como o Bahia, para voltar no mercado (quem tirou?), precisa é de conquistas, de força dentro e fora de campo e não de pires na mão. A diretoria só busca jogadores que venham de graça – à negociação atual com Adriano Michael Jackson não me deixa mentir –, o que por si só já comprova uma procedência para lá de suspeita, e de um ano para cá resolveu entrar no mercado em promoção. Mais ou menos assim: “levem nossas principais promessas por valores irrisórios para o mundo do futebol e contem sempre com nossa simpatia para futuros negócios”. 

Tentei ao máximo não ser ranzinza nesse texto. Queria evitar me deixar levar pelo coração. O medo de pisar no jornalismo é grande, mas, quer saber de uma? Tem horas que cansa! Não estou mentindo nem aumentando a situação, apenas falando de coração aberto sobre os fatos. De certa forma, sempre utilizei esse espaço como um espelho do torcedor. E, não nego a ninguém, é isso que sou também! Moro em Juazeiro e sempre estou em Senhor do Bonfim. Os amigos tricolores dessas duas cidades sempre querem saber sobre o Bahia. Eu não sei o que falar. Normalmente a galera busca uma palavra de conforto, uma esperança. “E meu Bahia, não vai contratar ninguém?”; “Éder, que porra é essa? Ficam com a base que disputou rebaixamento dois anos e ainda acham bom?”. Hoje pela manhã, em uma reunião, um cliente me reconheceu e antes de entrar na pauta do encontro, perguntou logo. “Como é que vendem Gabriel para o Flamengo? São loucos? Faça alguma coisa, Éder Ferrari, não deixe o Bahia vender Gabriel não”. Respondi com um sorriso amarelo de lamentação. 

Em um ano, o Bahia vendeu Filipe, Ananias, Maranhão, Paulinho e por fim, Gabriel. Perdeu Vander e Mansur na Justiça. Oficialmente, os valores nunca foram divulgados de maneira transparente. É sempre uma mistura de euros, com dólares, com reais. Porcentagens bem confusas, entre outras maneiras que dão a entender a vontade de deixar a torcida no escuro quanto ao arrecadado. Por que não divulgam os valores, como fazem quase todos os clubes? É tudo sempre confuso! O que esperar, esportivamente, de uma diretoria com tal conceito? Abrir mão de promessas, com valores que servem para bancar salário de um ou dois medalhões por uma temporada? “Ah, lá ele vai se valorizar!”. E assim o Bahia perdeu Vander. De muito promissor a um mero enfeitador sem vontade de jogar. 

A Venda de Gabriel 

A venda de Gabriel foi de uma cegueira sem tamanho! Neto de um campeão Brasileiro pelo clube (volante Flávio em 1959); torcedor declarado e sincero do clube; identificado, com carisma de sobra; sério, responsável e consciente do dever profissional. Ainda o faziram antes de começar a temporada que tem tudo para ser a de se firmar tecnicamente e até como líder, por um valor que tampa apenas o buraco do dente, mas abre uma broca temerosa no time. E ainda para um adversário direto no Brasileiro! Era o momento de fazer um trabalho forte de marketing e utilizar o garoto como estrela. A Fonte Nova vem aí! Agregar dentro e fora de campo, porém, deve dar trabalho criar essas ações. Para eles, não vale a pena e é melhor vender. Mantém uma porcentagem e espera que os outros façam pelo Bahia o trabalho que deveria ser dele! Por fim, não vão conseguir contratar ninguém a altura, muito menos um melhor. Hoje, a posição ficaria entre o jovem Ítalo Melo (promissor, mas que precisa de tempo e paciência) e a incógnita (?) Thuram. Estão preparados? Devem contratar Adriano Michael Jackson. Solução para o time ou cala boca para a torcida? 

 De que maneira esse dinheiro será aplicado? Como foi utilizado o da venda dos outros meninos? Ah, Filipe, destaque no pequeno Rio Ave de Portugal, deve iniciar a próxima temporada no Benfica. Massa, né? E lembrar que o Bahia perdeu 20% dos direitos em troca de uma obscura permuta (?) para uma viagem do Sub-20 à Europa… A diretoria sempre reclama da falta de recurso. E a culpa é de quem? Minha? Do torcedor? E o “maior contrato da história do clube”, assinado com a Rede Globo? E a rendas dos jogos? Nike? OAS? Netshoes? É difícil entender o que está acontecendo! 

É impressionante como um discurso repetido várias vezes com uma boa oratória, se torna um fato! Apequenaram o Bahia! Nossa força foi kriptonizada! E não falo pela venda de Gabriel e sim por tudo que vem acontecendo nos últimos anos. Pode se vender tranquilamente um jogador, mas que haja um plano de fortalecimento, crescimento, e não o chute no saco. 

Brincam e ironizam nossa paixão! Até quando vão jogar no lixo todo o potencial tricolor? É, meu brother, o ano de 2013 promete ser muito

Desculpem o drama, mas esse tricolor aqui precisava desse desabafo. Posso até me arrepender depois, mas em uma hora como essa, o jornalista fica em segundo plano… 

Eder Ferrari/ Bahia Noticias

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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