O Bahia de amanhã será o mesmo de hoje

Como milhões de outros
tricolores, aguardo, apreensivo, a partida de domingo.  Os ventos nos são favoráveis e aposto com
certa confiança no triunfo frente ao Náutico.

Mas, se estou apreensivo com a
renovação da licença, não tenho absolutamente nenhuma expectativa de que, em
2013, o Bahia terá um time que não tirará meu sono.  Estou tranquilo quanto a isso: eu sei que
ficarei preocupado com o descenso até a reta final.  Isso por questão de ordem material e
gerencial.  

O desenho do campeonato
brasileiro, que eu considero justo porque dificilmente os melhores não são os
vencedores finais, é por si mesmo excludente, isto é, ele deixa de fora da
competição principal – o título e a Libertadores – os times de pouco recursos
financeiros e que não são atraentes para os melhores jogadores. Este é
exatamente o caso do Esporte Clube Bahia. Além disso, há o problema de gestão
dos escassos recursos do clube – não estou me referindo ao modo como os
gestores chegaram ao cargo, mas sim ao modo de gerir. Não sei se o Bahia tem
gente preparada para geri-lo com competência.

Há torcedores que acreditam que a
mudança política no clube alteraria esta situação. Infelizmente, eu não
compartilho este otimismo. Das urnas não saem necessariamente os mais honestos
nem os mais competentes, nem muito menos elas têm o dom de multiplicar os
recursos. A cota da TV continuaria a mesma, o patrocinador principal
continuaria pagando a mesma merreca, porque o valor que eles pagam ao Bahia tem
a ver com o tamanho do mercado local e não com a política do clube: a renda
média do baiano continuaria não atraindo patrocinadores de peso, além do mais,
os melhores atletas continuariam visando o centro-sul, de olho na Europa. Falam
de “associação de massa”, mas eu deixo isso de lado, porque eu não quero crer
que, para planejamento de médio e de longo prazo, se está apostando numa renda
extremamente incerta e flutuante, como é a do pagamento voluntário.

Há argumentos de que a Copa do
Nordeste modificaria um pouco este cenário, mas, até agora, não li nenhum
argumento sobre como esta Copa alteraria a economia do Nordeste e tornaria os
times locais atrativos aos grandes patrocínios. O mesmo raciocínio serve para
os que defendem que, se tivermos mais times do Nordeste na série A, isso
fortaleceria o futebol da região, mas eles não deixam claro o porquê de, por
exemplo, a participação do Vitória e do Bahia na série A levaria ao aumento da
cota de televisão para cada um deles, provocaria o aumento do patrocínio
máster, ou porque jogadores que não quiseram vir para o Bahia neste ano,
aceitaria vir para o Tricolor no ano que vem porque o Vitória estaria na série
A. No ano que vem, o Vitória pode conseguir mais jogadores, mas porque ele
estará na série A e não porque o Bahia também lá estará.

Deixo claro que tudo isso são
elucubrações, estou argumentando tomando como base as informações de que
disponho e, como todas informações, elas são precárias. Ponho esses argumentos
justamente para conhecer os contra-argumentos que indiquem como a política do
clube, a Copa do Nordeste e a multiplicidade de times nordestinos na série A
seriam fatores que aumentariam os recursos dos clubes para que eles pudessem
participar com dignidade da primeira divisão.

A meu ver, as chances de
expressão nacional e de Libertadores para os nossos clubes residem
primordialmente na Copa do Brasil.


Dinensen

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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