E.C. Vitória rumo à glória

Chegou a hora de escrevermos a história. Dezessete anos depois, o Vitória está de volta a uma final de competição nacional de porte. Assim como em 1993, quando encaramos o Palmeiras na decisão do Campeonato Brasileiro, enfrentaremos uma equipe qualificada como favorita, recheada de craques e incensada pela imprensa. Cabe à coletividade rubro-negra, aí incluídos jogadores, comissão técnica, direção e torcida, mudar o final da trajetória. Cada um de nós tem parcela de responsabilidade para trazermos essa taça.

Os jogadores estão fazendo sua parte. Em todas declarações que tenho ouvido desde a passagem para a finalíssima da Copa do Brasil, percebo que a turma que entrará em campo nos dias 28 de julho e 4 de agosto tem a real dimensão do que significa esse título para o Vitória. O espírito é de decisão, encarando o compromisso com a seriedade necessária. O respeito ao forte time do Santos é pregado, mas sem medo, submissão ou conformismo de que já está de bom tamanho figurar na decisão.

A comissão técnica também tem parcela de crédito. É esporte nacional sentar a madeira no treinador quando a situação desanda. Com o Vitória não seria diferente. Nos momentos em que patinamos na temporada, muitos criticaram com veemência o técnico Ricardo Silva. Nem parecia que tinha assumido o posto no início do ano ostentando índice de popularidade talvez só comparável ao do nosso governante-mor.

Mas o bom Ricardo não perdeu a linha, manteve a postura sutil que o caracteriza e colhe os frutos: no momento certo, já se observa o chamado “dedo do treinador” na equipe, que (enfim!!) tem um padrão de jogo e ganhou confiança. Nos jogos pós-Mundial, o crescimento do time, invicto nesse período, é notório. O que não me impede de continuar discordando da escalação de apenas um atacante de ofício.

Com todos os seus defeitos, já conhecidos de todos, a direção merece sua referência positiva no caminho que nos levou até a final. O ambiente interno do Vitória, sereno e pacificado, foi construído por essa gestão. Se pecou na política de contratações, a direção tem o louvável mérito de haver eliminado as picuinhas e a atmosfera pesada que rondavam a Toca em anos anteriores, facilitando o dia-a-dia de todos os que fazem o futebol no Leão.

E a torcida… O que falar de meus irmãos rubro-negros!!! Alegria, emoção e satisfação são adjetivos que vem a minha cabeça ao perceber que sou também um desses apaixonados pelo Vitória. Mas a qualificação que se encaixa melhor no meu estado de espírito é orgulho. É com a alma orgulhosa que vejo cada demonstração de carinho da massa pelo centenário Leão. A histórica e arrepiante Carreata Rubro-Negra, que conduziu nossos guerreiros para a partida na Vila Belmiro foi um desses exemplos de amor à instituição.

Melhor que qualquer ação de marketing já produzida pelo clube, o que a torcida protagonizou na saída da concentração ao Aeroporto 2 de Julho foi de emocionar até Vicente Del Bosque. A mesma força da arquibancada, que fez os jogadores superarem suas próprias limitações técnicas para alcançar a decisão, estava presente no trajeto. Uma injeção de ânimo e confiança para os homens que envergarão o manto leonino em busca da glória.

Não tenho dúvidas de que os guerreiros que pisarão o gramado da Vila Belmiro terão na memória as imagens que presenciaram durante o embarque. Imagens de torcedores apaixonados e que contam com eles: homens, mulheres e crianças, muitas crianças rubro-negras, como a maioria da juventude soteropolitana, que se acostumou a ver o Vitória campeão. Que venha nossa coroa (o Nordestão e a Sul-Americana estão aí…)!

José Raimundo Silveira

Militar, jornalista e rubro-negro desde os tempos de Ricky.

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