Mulheres boas de comando e de bola

Algumas mulheres nos ensinaram a ser mais que ter mais. Muitas são motivo até para devoção: mães, primeiras namoradas, esposas… Sempre presentes, as mulheres estão na vida de um homem até na escolha de um clube de futebol. Minha mãe, torcedora do Vitória, humildemente sorria para mim quando seu “vitorinha”, termo carinhoso, ganhava um BaxVi. Minha mãe ensinou-me a doçura de rivalizar sem necessariamente arrancar os cabelos dos adversários.

E as mulheres no Brasil já foram proibidas de jogar futebol, pasmem! Quanta desrazão! Isso foi lá pelos idos da ditadura. Diziam que a mulher não tinha jeito para o futebol. Imaginem se Marta, nosso estrela do futebol feminino, tivesse vivido em tal momento triste da nossa história republicana!? Jamais conheceríamos o gênio feminino para o futebol de Marta.

Cada vez mais presentes nos Estádios de futebol, as mulheres hoje querem dominar também a arte de conversar sobre futebol. Admito que muitas mulheres brasileiras dão um show de bola em especialistas homens que militam na imprensa esportiva. Muitas poderiam até ser treinadoras de clubes de futebol, teriam certamente um maior domínio sobre os jogadores “farristas”, saberiam lidar com suas inseguranças e necessidade de auto-afirmação.

Mas, a mulher também é forma, é desejo e beleza. A mulher brilha como uma espécie de ponta de ciúme do homem por não podemos gerar dentro de nós mesmos uma vida, como não podemos ter o domínio completo sobre a perpetuação da espécie sem a mulher. Por isso, muitos temem dividir a bola com elas. Temem jogar um jogo “feito para homens” e perder o jogo.

Patrícia Amorim é hoje a presidente do Flamnego. Em breve, teremos cada vez mais mulheres participando do processo de evolução do futebol para um entretenimento saudável e democrático. Onde a sensibilidade feminina contribua para o aperfeiçoamento do esporte até o momento em que o homem fracassou. É lançar um olhar para o futebol e ver que hoje o futebol gera violência e virou só mercadoria.

Dizem tantas asneiras no dia a dia sobre as mulheres que é preciso fazer ouvido de mercador para aguentar tantas besteiras. A verdade é que a mulher é um ser inescrutável. Não se pode dominar algo tão maravilhoso sem ser antes dominado por ela. Se é conhecido que um cientista precisa de neutralidade para analisar o objeto de sua pesquisa, foi por isso Freud infeliz quando quis reduzir a mulher a uma parte do poder do homem.

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