Empresas do ramo adulto enxergam oportunidade de crescimento no esporte

Tendência chegou à Série A do Brasileirão neste ano, com patrocínio da Fatal Model ao Vitória; especialistas analisam prós e contras

Foto: Divulgação/Fatal Model

Nesta sexta-feira (6), é celebrado o Dia do Sexo. A data se consolidou como oportunidade para quebrar tabus sobre a sexualidade, além de promover a discussão sobre a importância de se relacionar de forma segura e falar abertamente sobre a temática. Neste contexto, de acordo com especialistas, o meio esportivo pode ser um grande aliado e fornece um espaço importante para este tipo de debate.

No ano passado, por exemplo, o site de acompanhantes Fatal Model esteve em evidência no país ao firmar acordo com o Vitória. Apesar das ressalvas iniciais, o patrocínio gerou resultados positivos. Ao passo que a marca ganhou visibilidade com a exposição no uniforme do clube baiano, realizou ativações e ajudou até mesmo na chegada de reforços durante a campanha do acesso, gerando boa aceitação por parte dos torcedores.

De acordo com Nina Sag, diretora de comunicação e porta-voz da Fatal Model, a parceria com o Vitória abriu portas no esporte, embora a empresa ainda encontre certa resistência em função do segmento de atuação:

“Quando realizamos nossas primeiras tentativas de parceria no esporte, foi comum a rejeição por parte dos clubes. Nesse sentido, a parceria com o Vitória ajudou a demonstrar a seriedade do nosso trabalho. Por mais que ainda exista um certo receio, temos ampliado nossa atuação nesse mercado, buscando quebrar tabus e conscientizar a sociedade por meio dos patrocínios”, afirma.

Os movimentos da Fatal Model no futebol brasileiro se iniciaram em 2022, com patrocínios pontuais. Na temporada passada, a empresa intensificou os investimentos e teve um total de oito clubes patrocinados. Neste ano, chegou ao ápice da expansão no mercado, figurando em amistosos internacionais da Seleção Brasileira por meio da exposição em placas de publicidade. A marca ainda estará presente em um total de 600 jogos da Série A e B do Brasileirão.

Segundo Nina, estar presente no meio esportivo ajuda a empresa a transformar a percepção sobre o mercado de acompanhantes: “O futebol nos permite dialogar com uma grande parcela da população e reforçar que a profissão de acompanhante é digna de respeito, assim como qualquer outra. Nosso objetivo é conscientizar a sociedade e trazer mais dignidade aos profissionais deste mercado”.

Acordos nesse sentido não são uma novidade no país. Entre os anos de 2011 e 2012, a Jontex, marca fornecedora de preservativos, ganhou destaque na camisa do Corinthians, chegando a ocupar até mesmo parte frontal – posição mais valiosa do uniforme alvinegro. À época, o discurso dos representantes da empresa já era de conscientização e promoção da segurança nas relações sexuais.

Do ponto de vista legal, segundo Rodrigo Calabria, advogado do escritório CCLA Advogados, não existe nenhuma legislação específica que restrinja o patrocínio de empresas do segmento adulto no esporte.

“Na ótica criminal, o que a lei proíbe é a indução à prostituição, o que não é o caso. O grande ‘ponto nevrálgico’, porém, é que essa publicidade pode atingir o público infantil. Nesse sentido, há o risco de o Poder Judiciário vir a atender que tais parcerias representam propaganda abusiva, o que poderia causar a suspensão da veiculação e, em último estágio, a consequente rescisão do contrato de patrocínio”, afirma Rodrigo.

“No meu entendimento, no entanto, o patrocínio em camisa, ou mesmo naming rights, não caracteriza publicidade especificamente dirigida a crianças ou adolescentes”, complementa.

Movimento também é observado internacionalmente

Em 2023, o mercado esportivo internacional também observou a pretensão de empresas do ramo do entretenimento adulto em patrocinar equipes do futebol europeu. Finalista da temporada 2022/23 da Champions League, a Inter de Milão recebeu proposta milionária para estampar a marca do site “My Club” durante a final da decisão continental.

Principal concorrente do “Only Fans” no segmento de produção e venda de conteúdo erótico, a empresa ofereceu cerca de 100 milhões de euros para se tornar patrocinadora máster do clube italiano até 2029, o que não se concretizou. Posteriormente, a empresa voltou a realizar ofertas e tentou patrocinar o Chelsea, da Inglaterra, também sem sucesso.

Rodrigo ainda explica que, no Brasil, a diferença entre patrocínios de empresas deste ramo para sites de apostas ou empresas de bebidas alcoólicas, que também oferecem produtos destinados a maiores de 18 anos, está na regulamentação.

“As bebidas, por exemplo, já contam com suficientes normas reguladoras, e todos os agentes já sabem o que pode ou não ser feito. Para as apostas, por ocasião da discussão do PL que deu origem à lei 14.790/2023, chegou-se a querer vetar a publicidade de casas de apostas por times, o que não foi incluído no texto final”, finaliza.

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