Quem quer ser Gigante, tem de respeitar os pequenos.

Quem quer ser Gigante, tem de respeitar os pequenos.

Quem quer ser Gigante, tem de respeitar os pequenos.

O Bahia no mesmo ritmo. Faz partidas boas com falhas individuais, e não consegue somar pontos. Paiva dizendo que a equipa está “crechendo” e os “adeptos” chamando ele de burro. O twitter virou um bando de Mourinhos que criticam desde Ferran Soriano até o Grupo City, que venceu a Champions, seu 20º título em 15 anos de Manchester City. E o empate ficou de bom tamanho. Mas nada disso importa hoje, para mim.

Sou sócio do Bahia desde quando nem me entendia por gente. A carteirinha de 1982 é uma das provas disso. Estava na Fonte no jogos do título 1988, exceto na goleada contra o Santos porque estava de castigo por ter ido pra final em matemática; Vivi o melhor e o pior do Bahia. Sofri com a queda e os 2 anos na “Cerei C”. Vibrei com o gol de Sorato contra o Ananindeua e com Charles contra o FAST. Estava na Fonte no dia da queda da arquibancada. Vibrei com o acesso, critiquei a primeira tentantiva de Golpe pra tirar MGF, porque achava o momento errado. Fiz campanha aqui, segurei faixa de FORA MGF, quando veio o momento certo de tirá-lo. E tiramos. Em apoio a redemocratização, fiz a minha associação. Criei o perfil @socioesquadrao no instagram e comecei a divulgar as ações do Bahia, quando critiquei o marketing do clube. Quando solicitado repassei ao clube sem problemas. Voltei a me associar, até a covid. Depois da crise retornei e estou apto a pegar minha camisa de sócio. Porém, ontem sofri um golpe duro.

Com a divulgação do Bahia meu filho, de 9 anos, se animou. Ele que sempre apareceu aqui nos meus textos, desde os 3 meses de idade comemorando o título de 2014, veio me falar sobre a festa, mostrando o card do instagram do Bahia. Chamou o primo flamenguista pra ir com ele, acordou 7h da manhã e a primeira coisa que fez nesse sábado foi dizer: “Alexa, preparar alarme para 14:30h, Dia de Bahia.”

Mas nem precisou. Às 14h se preparou todo, colocou a bandeira como capa, tirou foto e fomos pra festa na hora marcada. Ao chegar na Arena, a ansiedade era tanta, que subiu as escadas como se estivesse aquecendo para entrar em campo. Mas aí veio a surpresa triste: o marketing do Bahia não explicitou no card da festa, que só teria acesso ào BahiaDay, quem tivesse acesso pelo Sul, e meu Acesso Garantido é do Norte. Tentei argumentar com a representante do clube na catraca que estava errado, que não havia essa restrição no card. Fui ignorado. 

Desci ao CAS para conversar com a atendente, mostrei a ela o anúncio e o texto, e que se alguém errou, não fui eu. Nada. 

Pedi pra falar com a supervisora do CAS, pra tentar ao menos que ela me concedesse um acesso provisório, algo do tipo, mas descobri que eu não era o único pai ali a questionar o erro do clube. Só ouvi um: o evento não é nosso, é da Arena Fonte Nova com o Marketing do Bahia. Pra piorar, tentaram me fazer crer que o erro foi meu, mesmo mostrando os prints do instagram oficial do clube.

Saí indignado dali, com um sentimento de impotência e tristeza. Ainda assim tentei comprar ingresso com cambista, mas não consegui;

Perguntei ao meu filho, que segurava o choro, se ele queria ficar pro jogo. E aí comecei a ouvir coisas que matam qualquer um: “não, pai. Vamos pra casa e você brinca comigo de bola”. Era o choro da criança contrastando com a maturidade de quem viu que seu pai tentou fazer de tudo pra ele entrar na festa e não conseguiu. Aquilo me esbagaçou por dentro.

Paramos no pé da Ladeira dos Galés, comemos um queijinho e enquanto pensava no que poderia fazer pra deixar ele menos triste, pensei no quanto sempre falei em formar torcidas locais, fazer as crianças do estado, em torcedoras de Bahia, do Vitória, do times do interior  Evitar essa evasão de torcedores para clubes do eixo Sul/ Sudeste e para times de fora. E me vi ali, sentado do lado de fora, barrado na festa do meu clube, com meu filho, enquanto muitos torciam pelo Manchester City, na Champions.

Um erro como esse, que parece bobo para um clube Gigante, pode ser fatal na cabeça de uma criança. Não se pode tratar com amadorismo nenhum dos setores do clube. E logo eu, formado em marketing e pós-graduado em Gestão Esportiva, que sempre defendi (e até ajudei) a gestão de comunicação do meu time do coração, fui alvo dessa porrada. Dói mais porque sei que bastava um “Acesso exclusivo para quem entra pelo Sul” e nada disso teria acontecido. Mas aconteceu.

Sinceramente, de nada adianta o Bahia ser o Mundo, se não respeitar a sua futura geração de Torcedores.

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Autor(a)

Erick Cerqueira

Resenheiro extra-oficial do Único TIME BI CAMPEÃO BRASILEIRO entre Minas Gerais e o pólo Norte. Pós graduado em Gestão Esportiva e Publicitário. Twitter: @ericksc_



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