UM JOGO QUE O BAHIA PODERIA, MAS NÃO DEVERIA TER PERDIDO

"na maioria dos acontecimentos negativos, sempre se extrai algo positivo"

Foto: San Junior / Divulgação

Por conta do fracasso do Esporte Clube Bahia nas competições que antecederam a Série B, felizmente, tenho a hombridade de dizer que até o momento da redação do presente texto, em pleno andamento dos jogos realizados e com o Bahia ainda ocupando, provisoriamente a 2ª posição na tabela, estou “queimando” a língua por conta dessa excelente campanha que o Esquadrão vem realizando nessa Série B, cuja edição, por reunir cinco grandes clubes campeões brasileiros – Bahia, Cruzeiro, Grêmio, Sport e Vasco da Gama – excluí o Guarani, por razões óbvias -, é vista pela mídia esportiva como à mais difícil e seletiva edição da era dos pontos corridos.

 

É claro e evidente que sou saudosista por ter convivido com o futebol-espetáculo praticado por grandes craques do passado e estaria mais feliz ainda se os bons resultados obtidos pelo Bahia estivessem aliados à grandes apresentações do time no decorrer das treze partidas que foram realizadas, quando o tricolor foi quase imbatível na nossa catedral do futebol que é a Fonte Nova, obtendo 87,7% de aproveitamento em sete partidas realizadas, perdendo o mais recente jogo para Chapecoense, um duelo em que se previa um amplo favoritismo do mandante, entretanto, mais uma vez, por conta de uma boa dose de culpa do treinador aliada as contingências do futebol, o Esquadrão perdeu o jogo, desperdiçando três importantes pontos.

Quando vi o desmanche daquele time do Bahia que sofreu o mais cruel e dramático rebaixamento dentre os demais sofridos na Série A, onde só remanesceu uns quatro ou cinco titulares e, ainda por cima, o clube que ficou três meses com o seu departamento de futebol acéfalo, sem um executivo do ramo e ainda, a Van de jogadores que foram contratados para disputar às diversas competições da temporada, iniciando com fracassos no campeonato baiano e na Copa do Nordeste, confesso que imaginei que o time seria um mero coadjuvante da Série B.

Excluindo as contratações de César e Davó que, respectivamente, já atuaram no Flamengo e no Corinthians, os demais atletas, Luiz Henrique, Djalma Silva, Didi, Zé Vitor, Jonathan, Henrique, Rezende, Emerson Santos, Warley e Vitor Jacaré, eram tão desconhecidos que o técnico Guto Ferreira acabou pagando um mico durante uma entrevista coletiva esquecendo o nome do lateral direito Jonathan, fato que rendeu muita chacota para o treinador e serviu de deleite para os repórteres.

Como dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, cheguei a conclusão de que, o quê parecia estar errado, estar dando certo por se tratar de jogadores típicos de Série B, com técnica limitada mas, sobrando raça, força e disposição para lutar pelos três pontos em cada jogo, quando conseguiram mudar aquele triste perfil de um time acomodado com resultados ruins, inerte dentro de campo e sem vontade, disposição ou tesão de conquistar bons resultados.

Imagino que por mais irritado e inconformado que o torcedor tenha ficado após a inesperada derrota diante do fraco time da Chape, entendo que, independentemente, das deficiências técnicas dos laterais, do pobre e morrinhento futebol praticado por Patrick, da carência de um centroavante, do ramo, para fazer sombra à Rodallega que após a lesão, ainda não “voltou à jogar” e sem esquecer das pixotadas praticadas pelo treinador Guto Ferreira que sempre procura inventar, tanto na escalação da equipe como nas substituições no decorrer dos jogos, temos que apoiar e incentivar o time que, apesar das oscilações técnicas e táticas dentro de campo, tem mostrado que o esquema da rapaziada é um por todos e todos por um, sempre jogando um futebol simples, sem brilho, mas, com muito brio, ou seja, um futebol pegado, sério e cirúrgico, típico de Série B.

Sem deixar de exigir da diretoria do clube contratações, ou melhor, reforços pontuais para integrar o time, já a partir da abertura da próxima janela, não podemos abandonar o nosso foco que é o acesso à Série A, dando apoio integral a esses jogadores, sem se iludir com as críticas destrutivas de alguns (de)formadores de opinião que tentam jogar o torcedor contra o Clube, temos que chegar à conclusão que à derrota pra Chapecoense foi um “zero” fora da curva e temos que nos conscientizar que “não é por ter morrido um caranguejo que o mangue ficará de luto”, ou seja, não é por uma inesperada derrota do nosso time, que a crise será instalada, haja vista que, apesar dos pesares, continuamos bem posicionados no G-4, em plena busca do acesso.

Para finalizar, como dizem que na maioria dos acontecimentos negativos, sempre se extrai algo positivo, posso dizer que é preferível perder três importantes pontos para Chapecoense que só luta pela fuga do rebaixamento do que perder três importantíssimos pontos para Vasco, como já perdemos; Cruzeiro e Sport, que conseguimos vencê-los ou contra o Grêmio, que ainda vamos enfrentá-lo, adversários fortes e autênticos concorrentes ao acesso à Série A.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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