Ex-CEO do Bahia avalia chance de união dos clubes com criação da Libra

"Claro que haverá conflito de interesses, pois quem se beneficia pela atual distribuição não vai ficar satisfeito"

Os próximos anos do futebol nacional promete ser de intensa revolução. A principal novidade deve englobar a criação de uma corporação, chamada por Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Com uma proposta que abarca os 40 clubes das Séries A e B, a discussão inicial já teve um avanço, onde alguns times aderiram à proposta. Por outro lado, por questões de divergências financeiras outras equipes negaram a assinatura do documento.

 

Entre os novos acontecimentos está a divulgação de uma carta-proposta publicada por alguns dos clubes que discordaram em partes e solicitaram alterações nos termos. Ex-vice-presidente e ex-diretor executivo do Bahia, Pedro Henriques, analisou a projeção atual da Libra.

“Sem dúvidas é algo real. Claro que haverá conflito de interesses, pois quem se beneficia pela atual distribuição não vai ficar satisfeito com uma mudança. A realidade é que houve uma alteração de cenário importante nas negociações de 2016 (direitos de transmissão de 2019 à 2024). Foi ali, com a chegada da Turner, através do Esporte Interativo, que se implementou pela primeira vez no Brasil o modelo de distribuição 50-25-25. Isso fez com que o Grupo Globo reagisse e finalmente mudasse seu modelo para o atual 40-30-30. Foi uma evolução, indiscutivelmente. No entanto, com a não inclusão do Pay-per-view nesse modelo de divisão, as distorções ainda se mantiveram. Penso que é inevitável, para haver uma liga, que o modelo seja mais equitativo. Creio que não importa tanto se 50-25-25 ou 40-30-30, a grande questão a definir é a diferença máxima entre quem mais arrecada e quem menos arrecada na competição. Chegar a um consenso sobre esse número é o desafio”, comentou.

Desligado do Esquadrão de Aço em março de 2020, Henriques explicou que a dificuldade de alcançar um denominador comum entre os clubes mediante os desejos individuais e coletivos é o principal obstáculo.

“Acredito que todos os clubes estariam unidos nas agendas de calendário e profissionalização da arbitragem. O principal ponto de divergência, sem dúvidas, é a divisão de receitas pois, infelizmente, muitos dirigentes pensam de forma limitada, no seu clube, sem perceber que o crescimento da competição, no médio e longo prazo, o beneficiará. Outro ponto delicado deve ser o fair play financeiro pois, certamente, haverão aqueles que entendem que não deve haver intervenção externa na gestão dos clubes. Mas a realidade é que a profissionalização da gestão é algo imperativo para profissionalização do nosso futebol e é inadmissível vermos tantos absurdos na gestão dos clubes brasileiros que atrasam salários, direitos de imagem, impostos e as mais variadas obrigações para montarem elencos que não tem condição de pagar e ter conquistas em campo que são construídas em cima de verdadeiras fraudes.”

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