Ceará e Fortaleza souberam administrar a crise, o Bahia não!

Ceará e Fortaleza souberam administrar a crise, o Bahia não!

O Bahia está com os jogadores com salários (um mês) e direitos de imagem atrasados (entre três e sete meses),

Foto – Felipe Oliveira/EC Bahia

Foi cultuado como pano de fundo na época na intervenção no Bahia, – que alias, foi necessária e, sobretudo providencial – que o clube entrava numa nova era, com uma espécie de recomeço e como consequência digamos: da plantação da prosperidade passaria a ser vista com o avanço das novas administrações. O antigo presidente, Marcelo Pereira, até dizia que era o fim da chamada “Era das Trevas” e a pedra fundamental da reconstrução do tricolor de aço. De fato, o Bahia mudou e mudou para melhor em quase todos os aspectos, outros não tão positivos assim, como a quase elitização do clube, porém, recuperou o prestígio e a visibilidade.

 

No primeiro momento do período da intervenção não sustentou o clube na Série A, porém, depois de arrumar a casa, retornou a primeira divisão ainda no segundo ano da gestão de Marcelo Pereira e nela se encontra até então, porém sem qualquer avanço significativo naquilo que podemos dizer ser a essência e até mesmo a razão da existência do próprio clube: O FUTEBOL. Os frutos deste segmento não amadureceram e o torcedor tricolor segue correndo atrás de ano a ano na esperança da permanência na elite do futebol nacional ainda aflito e sob o signo da incerteza, como no ano passado, e este ano a agonia persiste.

Por outro lado, alguns clubes da região que ainda tradicionais e com historias respeitáveis, porém, desempenharam um papel secundário, cresceram em todos os aspectos. São os casos do Ceará e notadamente do Fortaleza, isto sem alardes ou revoluções e com o agravante que o fato se deu num momento turbulento.

No momento, o Bahia está com os jogadores com salários (um mês) e direitos de imagem atrasados (entre três e sete meses), e parte dos funcionários ainda sem receber o décimo terceiro salário de 2020 e por isto, não deram entrevistas após a derrota para o Internacional, a décima primeira em 22 jogos. A direção do clube justifica a situação citando a crise do coronavírus que produziu e ainda produz estragos em diversos segmentos da economia, e o futebol não poderia ser diferente, pela ausência de público nos estádios, perda de receitas como redução das cotas de TV, queda na arrecadação dos sócios e despesas antes não previstas.

No entanto, a motivação só reforça o bom trabalho administração de Ceará e Fortaleza, que também atravessaram a tempestade, aliás, como todos os demais. Os cearenses conseguiram, por mérito e capacidade de controlar a crise, driblar a situação e cumprir todos os compromissos, apesar das consequências da pandemia.

O Ceará foi ajudado pela venda de quatro jogadores com valores significativos e a facilidade para buscar o crédito necessário no mercado – pela ótima situação fiscal do clube – foram as medidas tomadas, além de redução salarial permitida pelo Governo por tempo determinado. Não ocorreu nenhum abalo, no entanto, o Vozão no Brasileirão ainda busca engrenar. No momento, é o 11º colocado, com 28 pontos, cinco acima da zona de rebaixamento e cinco abaixo do G-6.

No Fortaleza, o clube também precisou de crédito – alguns dirigentes fizeram aporte – e acertos para postergar alguns pagamentos de janeiro e fevereiro deste ano foram elaborados, mas tudo foi rapidamente equacionado, também por alguns valores que entraram em negociações de atletas e pelo uso da redução salarial temporária. O Leão do Pici faz uma campanha brilhante na Série A, ocupando a 3ª colocação com 36 pontos, além disso, chegou numa inédita semifinal de Copa do Brasil.

Pelo visto, o Bahia manteve os gastos, a crise aumentou e o resultado é o clube atolado na zona de rebaixamento (17º colocado, com 23 pontos, dono da pior defesa da Série A) e com baixas perspectivas. O Esquadrão também vendeu alguns jogadores, casos de Gregore, Thiago, Juninho, entre outros. Porém, também investiu em alguns reforços que não deram certo, principal exemplo para o paraguaio Óscar Ruiz, que não custou barato, assim como aconteceu com Clayson no ano passado, e ambos não vingaram. Vale destacar o custo que o clube tem com o “projeto sub-23”, que praticamente não traz frutos ao elenco principal.

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Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com



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