Com sua sanção datada de 1998, a Lei nº 9.615 ou Lei Pelé apareceu com o desígnio resguardar os jogadores, profissionais e das categorias de base. O texto indicado enquanto o Rei do Futebol era de Ministro do Esporte institui preceitos para os vínculos entre atletas e agremiações. Entre as quais está, especialmente, o fim da Lei do Passe — antigo instrumento jurídico que sustentava os jogadores “presos” aos clubes mesmo após de concluírem os contratos. Além de trazer mais “cristalinidades” às negociações.
Entretanto, a atual legislação cria problemas para os clubes na hora de renovar com seus atletas. Principalmente aqueles recém-promovidos das divisões de base. Até a década de 1990, enquanto a Lei do Passe ainda existia, os jogadores eram de posse clubes. As transferências eram acertadas entre as equipes e os atletas auferiam uma percentual de 15% do valor da transação. Ou seja, diversamente de outros assalariados, os futebolistas eram obstados de determinar o próprio futuro.
A lei em comento ampliou o poder dos empresários sobre os atletas e naturalmente sobre os clubes. Eu inquiri à bancada da Radio Sociedade da Bahia, sobre como os empresários interferem na escalação do técnico Cavalcanti.
Enquanto ouvinte do programa BATE BOLA, a resposta que ouvi é a que eu já esperava e que a maioria da torcida do Bahia também tem conhecimento, que é como é notória influência dos empresários na escalação de alguns atletas do Bahia em detrimento de outros. É visível e apesar disso aparentar ser algo subliminar é praxe em alguns times do Brasil e no Bahia se mostra claríssimo.
Se o Bahia estabeleceu uma política de captação de jogadores para a equipe sub 23, em tese, é para que estes sirvam ao time principal, ou que pelo se mostrem úteis para fazer o suprimento do time principal quando este precisar. Seria inteligente se não houvesse a clara interferência do “Business”, nas escalações, afinal, eu entendo que a base, em tese, é pra servir ao time principal, e os títulos na base são importantes, mas não o fim principal dela.
Qualquer clube que tem as diretrizes estabelecidas não dificulta a transição do atleta, e deixa o caminho aberto para a subida do atleta pela sua qualidade, não pela qualidade do empresário. Dificultar essa transição culmina no desestímulo do atleta de barriga vazia, que ao produzir e se esforçar, tentando fazer seu melhor é preterido por jogadores famosos e improdutivos, que além de ocupar a vaga de quem quer jogar de fato, ainda causa prejuízos esportivos para a equipe.
Ou o Bahia revê esse cenário ou vamos continuar refém de jogadores pífios com empresários fortes, fazendo do clube a vitrine do pior que há, das falsas grifes, salários altos e rendimento baixo. Num time de futebol o treinador deve ter autonomia para fazer as mudanças sem precisar se justificar para quem quer que seja, sem que tenha que colocar um cara que não rende porque ele é caro e de empresário famoso.
Enquanto o Bahia não abrir os olhos ou “parar de fingir que não vê tal cenário”, vai perder atletas promissores, desperdiçar ativos que podem ter valor agregado no campo e nos cofres vai continuar com baixo rendimento esportivo e se manter como barriga de aluguel de jogador alheio.
Nem sempre a solução está no ouro dos tolos que é oferecido como solução, pois esse brilha forte, contudo que não é real, apenas ilusão. Queremos mais qualidade em campo e menos lobby para sair da caixa, como diz o professor de mãos atadas e refém dos lobistas do futebol.
Diego Campos, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.