Acompanhando o final da décima rodada do Campeonato Brasileiro e a composição da tabela, com o Grêmio na lanterna e o São Paulo (próximo adversário do Bahia) na porta do Z4, e um G6 composto por apenas dois times ditos grandes na preferência da mídia nacional, com o Bragantino dividindo a liderança com o Palmeiras, e com Fortaleza e Bahia se destacando nas primeiras colocações, o Ceará se recuperando e subindo na tabela, enquanto Corinthians, Internacional, Flamengo e Fluminense no meio da tabela, vejo um cenário atual que promove um claro desconforto para a imprensa nacional em geral.
Não costumo assistir noticiários nacionais (parei tem algum tempo), mas, venho observando alguns pormenores, tal como a boa campanha do RB Bragantino, um time moderno, sem torcida, com ideias de jogo definidas, com destaques individuais e um jogo coletivo envolvente, e detentor da melhor campanha nessas 9 rodadas com 73% de aproveitamento (empatado com o Palmeiras), contudo a reunião desses predicados de nada valem. As letras garrafais da notícia em todos os canais se voltavam para entender porque o São Paulo não vinha conseguindo vencer e não porque o melhor time ganhou.
Essa praxe é recorrente, e o destaque para Athletico-PR e os clubes do Nordeste são praticamente nulos, afinal, é melhor sempre exaltar a derrota de quem eles preferem noticiar do que os triunfos de times que por anos vêm fazendo trabalhos contínuos e estruturados.
No que tange ao Nordeste, em especial, nossa região tem apresentado bons resultados e manutenção dos times na Série A. Logicamente, há o fator Copa do Nordeste, que tem mudado o modo de pensar dos dirigentes e promovendo uma competição onde há visibilidade e uma exigência técnica cada vez mais elevada.
Só a título de exemplo, o Náutico hoje é líder da Serie B, com uma campanha eximia até então, sem esquecer que Sampaio Corrêa e CRB aparecem no G-4, mas, preferem noticiar o calvário do Cruzeiro, Botafogo e Vasco que se arrastam na competição e ainda não dão segurança nenhuma aos seus torcedores de que vão para a série A ano que vem, ainda que estejamos apenas na nona rodada.
Por que escrevo esse texto? Porque precisamos prestigiar cada vez mais nossos clubes, nossa imprensa, que ainda precisa dar menos espaço para os clubes que não são daqui de nossa região, aos nossos setoristas de internet que fazem um belíssimo trabalho no acompanhamento diário dos nossos clubes, para cada vez mais encurtar o abismo criado e perpetuado há décadas na organização do futebol brasileiro e fidelizam os jovens torcedores com esse espaço e informações diárias.
Sou do tipo que não acredito que esse afastamento irá acabar de uma hora pra outra, mas o desenho atual de organização do futebol brasileiro verve cada vez mais no caminho de uma nova ordem em campo (não sei no cartolagem que é sempre uma incógnita). Equipes endividadas, sem organização financeira, irão cada vez mais decair tecnicamente e quem trabalha certo e pago em dia, atrairão melhores profissionais ano após ano.
Independente de como acabe esse longo Campeonato Brasileiro, que geralmente muda bastante durante seu curso, espero de coração que essa ordem se mantenha. Não pode competir com os investimentos gigantes e fora de nossa realidade que são aplicados nos times do eixo sul/sudeste, mas, na paridade técnica cada vez mais próxima entre os times da Série A quando está 11 contra 11 em campo.
Desejo nos meus devaneios que o cenário continue assim, mesmo sabendo que é muito difícil, mas, como esse comentário é pontual e tempestivo, me agrada a agonia da imprensa tendenciosa e marrom tentando explicar o inexplicável enquanto a gente vai erigindo nossos pilares ano após anos para quebrar essa ordem perversa e mesquinha do Futebol Brasileiro atual.
Diego Campos, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.