Bellintani diz que afastamento é também uma forma de proteger Ramírez

Bellintani revelou a conversa que teve com o jogador do Bahia

O presidente Guilherme Bellintani finalmente rompeu o silêncio e nesta segunda-feira (21), em entrevista ao O GLOBO, falou abertamente sobre a denúncia do volante Gerson contra o meia Juan Pablo Ramírez, ocorrida no último domingo, durante o duelo entre Flamengo e Bahia, no Estádio do Maracanã. O mandatário revelou os detalhes da conversa com o meia colombiano, que negou ter chamado Gerson de negro e disse que foi chamado de “gringo de merda”.

 

“Conversei com o Ramírez à noite, no hotel, falei com ele de manhã e agora à tarde estou indo novamente. Pela terceira vez. Vou procurar mais detalhes, mais informações. Vou ter que exaurir o assunto ao máximo até concluir. O Ramírez nega veementemente que tenha falado aquilo. Ele relata várias discussões ao longo do jogo, não apenas naquele momento. Ele diz que foi chamado de gringo de m… e outras coisas. O jogo foi assim, muito tenso. Mas ele nega que tenha falado qualquer palavra de injúria racial.”

Bellintani explicou o afastamento, alegando que a “fala da vítima foi muito relevante”, porém, ao mesmo tempo frisa que é também uma forma de proteger o jogador do Bahia.

“O afastamento já é um sinal de que a fala da vítima foi muito relevante. É um sinal claro que consideramos, nos crimes de racismo e injúria racial, a fala da vítima suficientemente grande, importante, relevante para anunciar um afastamento. Mas isso também visa um pouco à proteção do atleta. É para que ele se resguarde no momento e consiga ter uma apuração que não envolva outras questões do clube. A gente acha que com ele afastado a gente vai conseguir um processo mais isento.”

Questionado pelo “O Globo” se ouvir outros jogadores do elenco não é buscar uma versão corporativista, o presidente discordou e citou um depoimento do volante Gregore.

“Não. De jeito algum. Sendo bem franco: vou citar um depoimento do Gregore. Ele me disse: “Presidente, Ramírez está dizendo de forma muito convicta que ele não falou aquilo para o Gerson. Se ele não tiver falado, precisamos defender o Ramírez. Mas eu disse a ele que, se ele tiver cometido aquilo, ele tem que pagar pelo que ele fez”. Palavras do Gregore. Nossos jogadores hoje têm um sentimento, um envolvimento na causa antirracista muito grande. Gregore falou isso para Ramírez, que esse era um tema que ele nem sabia direito o que era e a presença no Bahia o fez valorizar isso. Ele disse para o Ramírez assumir, se ele tivesse feito. O Ramírez pediu que confiasse nele e relata que, quando passa por Gerson, ele está de costas. O vídeo mostra isso, o que faz com que talvez eu possa acreditar eventualmente que Gerson tenha entendido errado. Mas, repito, para mim, sempre parto do princípio de que o que a vítima está relatando é verdade.”

 

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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