Série A: O que os demais times do Nordeste têm, que o Bahia não tem?

Ceará, Fortaleza e Sport fazem campanhas regulares na competição

Há algum tempo, quando se falava em competitividade no Brasileirão, os próprios gestores dos clubes nordestinos eram os primeiros à afirmar que havia uma diferença abissal nos orçamentos dos clubes da nossa brava região Nordeste, haja vista que os orçamentos dos nossos clubes sempre foram considerados miçangas, em comparação com os dos grandes clubes sediados no eixo Sul-Sudeste, fator que sempre foi preponderante porque, tomando-se por base o silogismo do poderio econômico dos clubes situados nas duas regiões mais ricas do Brasil, para quem só faz fé na pujança financeira e despreza a criatividade, as competições nacionais, principalmente, o Campeonato Brasileiro da Série A que, desde de 2003, vem sendo disputado na fórmula de pontos corridos, se tornasse numa espécie de “carta marcada” para os clubes favoritos à conquista do título.

 

Desde 1971, quando começou o Campeonato Brasileiro de Futebol, propriamente dito, que reunia os vinte melhores clubes do Brasil, com o Atlético Mineiro sendo campeão, sob o comando do então  jovem Telê Santana que iniciava sua carreira de treinador, além de muitas nomenclaturas, houve vários formatos de disputa e o que ficou consolidado foi o de pontos corridos, implantado em 2003 e, enquanto em outras formas de disputa que anteciparam à atual, tivemos quatro clubes campeões fora do contexto da rotina, o Guarani de Campinas, Campeão Brasileiro de 1978, Coritiba em 1985, Sport em 1987 e Bahia em 1988, quando no formato atual, só se sagraram campeões, grandes cubes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Felizmente, de uns cinco anos para cá, a mentalidade dos gestores de clubes do futebol nordestino tem avançado e, consequentemente, o nosso futebol tem mudado de patamar. Há algum tempo, o objetivo de um clube nordestino no Brasileirão era, simplesmente, permanecer na competição, todo ano, em crise, lutando para não cair  enquanto que agora, mesmo sabendo que a conquista de um título do Brasileirão é uma possibilidade remota e uma tarefa quase inexequível, já prospectam uma vaga à Copa Libertadores ou, na pior das hipóteses, na Sul-Americana se preocupando, também, em fazer boas campanhas na Copa do Brasil, a competição mais rentável do futebol brasileiro, haja vista que, enquanto o Bahia deu caruara no jogo de estreia,  sendo sumariamente eliminado pelo River do Piauí, com o agravante da permanência do então treinador, o Ceará já está habilitado às oitavas de final da competição, o mesmo acontecendo com o Fortaleza que por ter sido campeão no ano passado da Copa do Nordeste, garantiu vaga antecipada para essa fase da competição, o mesmo que acontecerá com o seu rival em 2021.

Após as explanações, vou direto ao cerne da questão que é o título do artigo. Pelo que tenho conhecimento, o orçamento do Bahia de 2020 divulgado no início do ano, girou em torno de 190 milhões de reais, isto sem prever a pandemia iniciada em março, mas, um problema que não afetou apenas o Bahia e sim  todos os clubes e, no atacado, comprometeu toda economia mundial, então, nenhum gestor de clube tem o direito de culpar a pandemia pelo fracasso do seu clube, em função de todos estarem remando contra a mesma maré e, o cerne da questão é a situação crítica do Bahia que já na 12ª rodada do Brasileirão segura a lanterna da competição, em relação aos seus confrades do Nordeste que fazem campanhas regulares na competição, com orçamentos menores e parcimoniosos investimentos na contratação de jogadores e ainda posso incluir o Atlético Goianiense, um time egresso da Série B do ano passado, sediado na região Centro-oeste, também, com orçamento inferior ao do Bahia vem fazendo uma campanhas digna na competição. Mas, como o assunto é o quarteto nordestino que disputa à competição, a seguir, vou pontuar alguns dados:

1) O Ceará começou mal a temporada com o técnico Argel Furks, que foi substituído por Enderson Moreira e atualmente, comandado por Guto Ferreira que foi Campeão da Copa do Nordeste, disputará às oitavas de finais da Copa do Brasil e e faz uma campanha aceitável no Brasileirão, fechando a 12ª rodada no 12º lugar, com 14 pontos conquistados. Vale salientar que, embora o Vozão não tenha um “DADE”, tem um departamento  de futebol proativo com capaciDADE de garimpar novos e promissores talentos, – como o Bahia já fez com Zé Rafael e Gregore -, adquirindo seus direitos econômicos por por valores módicos, atletas que além de qualificar ou requalificar o time, podem garantir ao clube, vultosas receitas numa futura negociação. No início do ano, adquiriu junto ao Barbalha o atacante Cleber que foi decisivo nas finais da Copa do Nordedte e, recentemente, contratou junto ao Volta Redonda o atacante Saulo Mineiro, artilheiro da Série C, um jovem de 23 anos, adquirindo um bom percentual dos seus direitos econômicos por módicos 300 mil reais.

2) O Fortaleza, um clube que a partir de 2007 passou uns dez anos nas Séries B e C, retornou à Série A em 2019, sendo Campeão da Série B de 2018, Campeão da Copa do Nordeste de 2019, além de fazer uma boa boa campanha no Brasileirão de 2019, finalizando à competição na 9ª colocação, inclusive, acima do tão comemorado 11º lugar conseguido pelo Bahia. Na presente temporada, chegou à semifinais da Copa do Nordeste, vai descer de “paraquedas” nas oitavas de finais da Copa do Brasil, por ter sido campeão da Copa do Nordeste de 2019, vem realizando uma campanha boa e segura no Brasileirão, ocupando, atualmente, um digno 9º lugar na competição.

3) O Sport Clube do Recife que no ano passado estava completamente endividado e creio que ainda esteja, conseguiu o acesso à Série A aos trancos e barrancos sob o comando de Guto Ferreira que foi demitido durante o Campeonato pernambucano e substituído por Daniel Paulista, chegando ao cúmulo de estar fora das finais do Campeonato Pernambucano e disputar o torneio da morte para escapar do rebaixamento regional, e acabou se salvando. Na presente temporada, fez um um péssimo início de Série A que culminou com a troca de Daniel Paulista por Jair Ventura, tem conquistado importantes vitórias e, após o fechamento da 12ª rodada, já está paquerando o G-6, ocupando à 7ª colocação com 17 pontos conquistados, quase o dobro da mísera pontuação de 9 pontos do Bahia.

4) O Esporte Clube Bahia que no papel é o maior clube do Nordeste, mas, dentro de campo todos estão vendo o que vem acontecendo. Como já expressei, reiteradas vezes, minha opinião em vários artigos publicados nesse Blog convido, publicamente, o presidente Guilherme Bellintani para tentar explicar à Nação Tricolor, o porquê dos outros três clubes do Nordeste, mesmo com orçamentos e receitas inferiores às do Bahia têm times melhores e mais competitivos que o do Bahia, haja vista que, contra números não há argumentos e esses números do Brasileirão, são incontestes.

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

 

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor do Esporte Clube Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

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