Bahia 3 x 7 Vitória: A reprise de um MASSACRE sete anos depois

Após goleada, Esporte Clube Bahia lutou e conseguiu sua "Carta de Alforria"

Torcida do Bahia protesta pedindo a saída do presidente Marcelo Guimarães Filho. Foto: atarde.com.br

Um clássico tem várias definições, mas, a mais curiosa e redundante que já ouvi ou li é aquela que diz: “clássico é clássico e vice-versa”. Mas, no clássico Bavi que a TV reprisou neste domingo para todo o estado da Bahia, o “Vice” aplicou um versa no adversário que se constituiu no maior massacre do futebol baiano dos últimos tempos. Brincadeiras à parte, com esse negócio de “vice”, que foi utilizado, apenas, para tentar descontrair o “tão escabroso episódio”, mas, a pancada foi forte, até porque, os especialistas em queda de raios, não se cansam de afirmar que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes seguidas, mas, na Arena Fonte Nova, tal máxima fugiu à regra e, acabou acontecendo, haja vista que, já havia o registro da goleada de 5×1 na reinauguração da Arena e pouco mais de um mês depois, mais uma humilhante e acachapante goleada de 7×3 imposta pelo Vitória, diante de um outrora gigante que havia perdido a identidade, a dignidade e a robustez, porque já tinha entrado em estado de gigantismo.

 

Durante a semana, percebi a  indignação e a revolta de alguns amigos tricolores inconformados com a decisão da TV de reprisar um jogo, ou melhor, um massacre, que causou um dos maiores dissabores e desapontamentos à Nação Tricolor, com muitos colegas dizendo que não era nenhum masoquista para  sofrer mais de uma vez e prefeririam nem assistir à reprise. Em contrapartida, disse-lhes que, mesmo não sendo masoquista, iria assistir o jogo, na íntegra, por entender que aquele “massacre”, independentemente, dos prejuízos morais e financeiros causados ao clube e da decepção, humilhação e angústia que sobraram para o torcedor, serviu como ponto de partida, ainda não para o Bahia que a gente quer mas, se encaminhando pra o Bahia que a gente está querendo.

Durante a década de 2000, o Bahia passou cinco anos na Série B e dois anos na Série C, só retornando à Série A em 2011 e a partir daí, começou a passar pela imaginação do torcedor, o fator da desconfiança em relação a aparente fraqueza  do time, ficando sempre com um pé atrás em função de um retorno à Série A, após tantos anos vegetando nas divisões inferiores do futebol brasileiro, porque o que não faltava ao Clube era carência de um elenco qualificado compatível para competir com os outros grandes clubes brasileiros na disputa de um Brasileirão na busca do título ou de uma vaga na Libertadores.

Falta de critérios técnicos para contratação de bons jogadores,  rotina de salários e encargos sociais atrasados o que culminou com a perda de jogadores importantes oriundos da Divisão de Base, em função do não recolhimento do FGTS e, sobretudo, a falta de uma gestão séria, transparente, competente e democrática e, a prova de todas essas carências e mazelas que foram citadas, foi o sofrível desempenho do time dentro de campo nas temporadas pós acesso, principalmente, em se tratando de Brasileirão quando o time jogava para não cair, disputando a fuga do rebaixamento por três anos seguidos, sendo que em 2014, mesmo o clube já estando livre das más gestões anteriores, foi inevitável um novo rebaixamento porque a bola não pune só pelo que se faz no presente, pune também pelo acúmulo de erros de um recente passado, o que culminou com mais uma punição à Instituição.

Como dizem que: “o que não é pra sempre, Deus consente” e, também, há outra máxima onde diz que “Deus escreve certo por linhas tortas”, estava determinado que naquele dia 12/05/2013 data em que se comemorava o Dia das Mães, mas, que em termos de futebol, talvez tenha sido o dia de maior sofrimento e  acabrunhamento para o torcedor do Bahia. A verdade é que desde 2011 na reeleição do último presidente do Bahia eleito pelo sistema “Presépio” quando o nome do postulante ao cargo era apresentado e recebia o “Amém” das “Vacas de Presépio” (leia-se, Conselho deliberativo), que um ex-conselheiro foi expulso do quadro, justamente, por não concordar com as atitudes do então presidente, começando a luta titânica  para uma intervenção no Clube, para derrubada do regime antidemocrático e antiético para que o Clube pudesse trilhar por novos caminhos, entretanto, quando obtinha uma liminar favorável, em menos de 24 horas, tinha outra que à cassava.

Infelizmente ou, felizmente, foi a partir daquela goleada que a situação ficou insustentável junto a torcida e esse mesmo torcedor e ex-conselheiro Jorge Maia que não o conheço pessoalmente, mas, gostaria de conhecê-lo, entrou com mais uma ação na justiça requerendo urgente e inadiável intervenção no Clube. A liminar foi concedida e, graças à Deus, não teve outra ou outras liminares que impedissem o processo, com a Instituição recebendo sua “Carta de Alforria” que foi a intervenção, a qual, culminou com a deposição do presidente e seus asseclas.

Isto posto, em 2014, a partir do mandato-tampão de presidente do saudoso Fernando Schmidt, a Instituição foi democratizada com o sócio-torcedor escolhendo seus gestores, acabando de uma vez por todas com aquele astuto grupo das “Vacas de Presépios”, antigos eleitores e puxa-sacos da presidência, enquanto que a tendência é, que a cada dia, tenhamos um Bahêa mais forte e equilibrado, tanto em termos políticos, administrativos, financeiros e, sobretudo, competitivo e vencedor dentro de campo, voltando à conquistar títulos importantes para tentar saciar a insaciável sede de títulos da imensa Nação Tricolor.

#FiqueInCasa

José Antônio Reis, torcedor do Bahia e colaborador do Futebol Bahiano.

 

Autor(a)

José Antônio Reis

Torcedor Raiz do Bahêa, aposentado, que sempre procura deixar de lado o clubismo e o coração, para analisar os fatos de acordo com a razão. BBMP!

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