Bahia de Bruno Paulista é o tricolor real

O caso da cessão dos direitos de Bruno Paulista que agora não é mais jogador do Bahia se insere num fenômeno mais amplo que nem o presidente do Bahia quando era jornalista não atinava: a falta de estrutura dos clubes de futebol do Brasil. O Bahia e outros clubes do Brasil ( com raras exceções) só podem financiar seus times principais se “queimarem” jogadores da base em formação para clubes europeus. Os clubes, assim, para financiarem seu futebol e nosso divertimento precisam cada vez mais cedo rifar jogadores promissores que antes só saíam do clube com mais títulos no seu clube formador e também mais velhor.

É muito triste que assim seja com o Bahia, pois a ideia ambiciosa é evitar que esse fenômeno do futebol moderno não aconteça com um grande time como o Bahia. Mas, o presidente não poderia evitar mesmo que quisesse. Manter Kieza e outros salários em dia exige uma engenharia financeira sofisticada, além de pensar na estruturação do clube para um futuro promissor. Inegável que é lamentável que assim aconteça com o Bahia, mas é uma realidade em que o Bahia se encontra. Sabemos que o endividamento do Bahia em causas trabalhistas em acordos firmados com a justiça do trabalho, por isso o Bahia agora paga seus salários em dia e não deixa compromissos firmados hoje para outras administrações.

Recentemente, o Sport-PE se desfez de um patrimônio de seu clube, o jogador Joelinton, para o futebol alemão, pela metade do que foi cedido por Bruno Paulista para o futebol português. A necessidade do Sport em manter-se na série “A” foi imperativa para que sua torcida compreendesse a situação. No entanto, na Bahia, mais precisamente com o Bahia, isso se transformou para alguns torcedores em um caso de grande comoção. Eu entendo que Bruno é um jogador realmente diferenciado e que na série “A” poderia ser cedido pelo triplo que está indo para o Sporting Lisboa, mas não tem jeito por enquanto de Bruno ficar no Bahia, e antes dessa negociação ser fechada sabíamos que mais um jogador da base iria embora muito cedo.

Hoje, continuo ajudando meu clube como sócio e torcedor. Não perco minha fé de que ainda poderemos financiar nosso futebol com recursos dos associados e patrocinadores sem “queimar” jogadores promissores da base. Espero, sem qualquer esperança, na verdade está acontecendo, que o Bahia finalmente venha a estruturar-se com a mesma força que a nova lei que foi sancionado pela presidente nos impõe: salários em dia com o trabalhador e dividas zeradas com o estado. Assim, poderemos crescer com tranquilidade e evitar que o Bahia venha a sofrer mais no futebol. Todos lembram o que não queremos no Bahia e pelo menos quanto a isso estamos concordando.

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