Infantis fora de campo, infantis dentro de campo

O time do Bahia pós-Hélder e Fahel parece um misto dos infantis e juvenis do E.C.Bahia. A falta de uma pegada mais forte, o faro de cobertura e segurança, o passe e a chegada na área e até a bola aérea no jogo de ontem me fizeram pensar na consistências da linha de meio do Bahia não nessa estréia, mas no jogo do ano passado entre Bahia e Vitória Conquista quando Fahel fazia um gol de cabeça. Vocês podem pensar que estou nostálgico de dois jogadores que não deram ao Bahia o título de campeão brasileiro, mas eu retruco que nos campeonatos de pontos corridos foram os jogadores que mais vezes figuraram como titulares no Bahia e se sustentaram apesar do rodízio de técnicos (Conservador, eu). Sim, hoje sou mais conservador. Não admito um time como o Bahia jogar com tanta displicência e tomar dois gols como se o Conquista convidasse toda a defesa e meia de contenção do tricolor para o recreio escolar e fizesse as crianças mal posicionadas do Bahia dançarem uma musiquinha de Pablo.

Sinto-me bastante decepcionado, não vou mesmo arriscar nenhum otimismo quanto por time que precisa jogar como empregados profissionalizados. O espírito da base deve ficar para trás, a exemplo de Railan que infantilmente colocou a mão na bola para impedir o arremate do jogador do Conquista e ainda foi expulso. Castigo duplo! O Bahia levou o gol e ficou com um jogador a menos. Railan que mostrou em alguns momentos na temporada passada que tinha condições para jogar no tricolor, mas que em alguns outros momentos parecia tão desastrado nos cruzamentos e marcação que me deixava furioso. Essas oscilações são normais, dizem. Mas, não podemos permitir que um jogador continue oscilando muito para que não comprometa um trabalho sério. Ainda bem que ele não jogará a próxima partida e o substituto mostrou que pode encarar o desafio com mais segurança na lateral de campo tricolor. Railan terá outras oportunidades, mas terá que conquistar fora da cota dos juniores no time profissional. 

O certo é que tenho dúvidas sobre nossas divisões de base. São elas ao mesmo tempo nosso ouro, ao mesmo tempo que podem por imaturidade comprometer a “perfomance” do time em campo. Creio que chegou a hora de mostrar um equilíbrio maior a exemplo das históricas passagens de Evaristo de Macedo no Bahia que conseguia verificar a maturidade dos jovens para entrar no profissional antes de jogá-los aos leões,  Nesse momento Sérgio Soares precisa ter essa clarividência de poupar mais a base para pontualmente lançar os garotos para adquirir maturidade em jogos dentro de casa e no segundo-tempo de jogo. Lembro-me de Charles em 1988 que entrava sempre no segundo-tempo e acabou se tornando um dos melhores atacantes do Bahia. Não adianta lançar esses meninos como se eles tivessem nascidos prontos. Jogadores como Neymar são exceções e precisam ainda assim de conquistar a confiança de outros grandes jogadores como fez o garoto do Santos ao se aproximar de Messi.

O pós-Helder e Fahel se mostra difícil para o Bahia armar uma defesa e meio mais consistentes e o Bahia precisa reconquistar sua torcida que anda muito desconfiada. Não existe fórmula pronta para isso, mas vale a honestidade do trabalho a ser incorporado pelos subordinados de Sérgio Soares. A motivação aos novos jogadores que chegam e a vibração dos juniores ainda deve contaminar a torcida, o orgulho de vestir o manto deve ser maior que suas carreiras. Acredito que até Maxi sentiu o peso de vestir a camisa tricolor, todavia é hora de dar a volta por cima e não se deixar abater por uma partida que podia ter sido mais fácil caso o tricolor não aceitasse o convite para bailar numa festa infantil regada com muita música de Pablo.

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