O projeto do Bahia e do Vitória para o futuro

Vi muitos tricolores e rubro-negros tristes com o resultado ao findar essa temporada. Mas, afinal, por que tanta tristeza? Não sabiam que seus times eram limitados, recursos escassos e por vários anos quase desabaram disputando os últimos lugares? Porém, nós insistimos. Criamos expectativas de que esse ano seria melhor que os outros anteriores e conseguiríamos beliscar a Libertadores. A desilusão, todavia, mostra-nos a verdade: Não estamos prontos para seguir adiante com planos mais audaciosos sem antes vermos onde continuamos a cometer os mesmos erros, ou estamos definitivamente para sempre condenados a brigar pelas últimas posições?

Desde logo repilo os mais “realistas” que consagram a falta de utopia realizáveis no futebol baiano. Eu preciso de utopias para poder continuar escrevendo, se não as tivesse eu deixaria esse espaço para outros que tenham uma nova mensagem. A cultura administrativa e institucional do futebol baiano é ruim, mas sabemos que as mudanças são possíveis quando nos unimos como aconteceu com o meu tricolor que espantou uma dinastia de péssimos administradores do Bahia. O problema é, então, definir o que falta  e o que temos de priorizar para os nossos clubes para almejarmos um status de maior respeito em nosso futebol como representantes competitivos por vagas nos campeonatos nacionais e internacionais. 

O que temos na Bahia em excesso são bons jogadores em formação! Por que não priorizamos esse dado? Ficamos esclarecidos que o mercado não está para peixe, para o Bahia e o Vitória. Ao contrário da índole do ano passado  no rubro-negro, quando fez uma campanha invejável, a regra é o fracasso no futebol baiano com os jogadores de fora de maior salário. As decepções ao final da temporada por descaso desses jogadores em honrar tanta energia depositada neles é certa. Assim, não podemo fazer da exceção uma regra! A prioridade são nossas revelações, o material humano a ser trabalhado e desenvolvido responsavelmente. É nessa aposta, então, que vejo o futuro do futebol da Bahia mais forte com o Bahia e o Vitória. Se atentarmos para as propostas dos candidatos a presidente do Bahia veremos essa diretriz de aposta na base como alavanca do futebol do clube. Os candidatos pretendem priorizar a base, inverter as prioridades, e, finalmente convencer a torcida a entender a questão sensível entre despesas e receitas. 

Mas, o que nos prende? O que falta? Justamente a institucionalização da responsabilidade administrativa, o equilíbrio entre receitas e despesas, junto com uma política eficaz do departamento de futebol na qual a busca por jogadores se dê em razão da preferência pela base a jogadores “estrangeiros”. No mercado, em regra, virão jogadores sem conhecer o valor do nosso futebol e sem identificação com o clube que certamente não terão êxito. Chega de procurar jogadores estrangeiros! Quem está ganhando com isso não são os clubes baianos. O que o Bahia gastou com jogadores estrangeiros daria para o tricolor estar com a Cidade Tricolor, o CT do Bahia, já em funcionamento. O desabafo de Charles ao final do jogo de ontem em Curitiba não foi só uma queixa oportunista, antes foi um torcedor apaixonado pelo seu clube apontando o dedo com coragem para a covardia. A Bahia perde espaço agora para Santa Catarina, Goiás, Paraná, Pernambuco e Ceará porque insiste na covardia!

É certo que houve evolução na parte administrativa e patrimonial do Bahia e do Vitória nos últimos anos. Antes os nosso valores tinham seus direitos fatiados do clube, mas hoje o Bahia e o Vitória reverteram essa situação. Todavia, o Vitória ainda não é democrático e impede que os mais aptos disputem o seu principal cargo administrativo de forma ampla. Hoje, o Vitória é restrito a um grupo de oligarcas, sem noção da realidade da força do valor democrático como busca política pelo bem comum pelo conflito entre os mais aptos de forma civilizada no espaço público. Nessa questão, ao contrário do Vitória, o Bahia deu um salto e traz essa novidade da democracia como meio para que os mais convincente sejam escolhidos e fiscalizados de forma mais ampla possível. O tricolor, hoje, parece mais esperançoso, o torcedor do Vitória mais revoltado pela falta de democracia.

A utopia parece mais realizável hoje no Bahia que no Vitória, mas a esperança é que possam crescer juntos nessa busca por galgar novos horizontes. Todavia, mesmo com nossas utopias, sabemos das desilusões do nosso futebol e suas utopias, mas, também, o complexo de vira-lata de alguns não pode nos contaminar, queremos os tiranos longe dos nossos clube para voarmos mais longe com os planos mais audaciosos e modernos de estruturação de nosso futebol apesar de toda a cultura nacional do Brasil nos furtar espaço e dinheiro. Sabendo que não é fácil a luta, porém quem briga nunca saberá sua dificuldade sem encarar desafios internos e externos com valor e honra. O Bahia e o Vitória podem chegar mais longe e nos presentear com nossas melhores mentes, basta dar espaço a bons administradores e ideias que precisam de contínua renovação. A democracia permite superar as crises, mas a ditadura só aprofunda as distâncias e as mágoas.

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