BA-VI: Torcida do Vitória merece uma trégua

Futebol é igual a tourada, cruel. Não obedece à regra do merecimento ou se aplica a justiça. Não permite pedidos ou aceita clemência e, para agravar a insensibilidade esportiva, a qualidade da satisfação é medida pelo nível de brutalidade imposta ao adversário, é aquela coisa, não basta só ganhar, é preciso também dar 4 pulos na cabeça do vencido e, depois, observar com uma luneta se não houve algum tipo de adulteração no atestado de óbito fornecido pela funerária. Notamos isto no ano passado, quando o Esporte Clube Vitória simplesmente brutalizou o Esporte Clube Bahia em campo e, nos dias seguintes, seus torcedores impuseram um autêntico desamparo moral aos torcedores do Esporte Clube Bahia, sem dó ou complacência. 

É claro que existem aqueles de bom coração, desportistas natos, bem criados, educação rigorosa, que absorvem exemplos e acabam aceitando, e até admitindo , um resultado simples para qualificar e quantificar suas alegrias, desprezando a malvadeza de tripudiar pelo infortúnio dos torcedores machucados e, até por bondade e benevolência, aceitam a derrota sem que isto o faça perder o rebolado. Me incluo entre estes, e vou um pouco além. 

No BA-Vi desta tarde, que vale pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro, mesmo torcendo para o Bahia como um condenado para entrar na lista da alegria eterna, admito que um triunfo rubro-negro será bem aceito e de modo resignado. Não que acredite que um time fraco e desqualificado como o tem o Esporte Clube Vitória, atualmente, mereça vencer qualquer partida, mas sim, por acreditar que seus torcedores merecem uma trégua, alguns momentos de alegria e breves e necessários sentimentos de piedade, em um ano em que já esgotaram todas as possibilidades de sucesso, já que apanhou no Campeonato Baiano, foi despachado da Copa do Nordeste e eliminado da Copa do Brasil e, como sabemos, não vai para lugar algum no atual Campeonato Brasileiro.

E então, pergunta-se: e se não vencer pelo menos um BA-VI? A desgraceira será total, a amargura irá se estabelecer antes da metade no ano só porque quero? Seria justo abreviar o ano esportivo de forma tão precoce, isto, quando levado em consideração supostas alegrias, justamente às 20h deste Domingo? Pergunto: será justo um time que antes era tido, visto e havido como o melhor do Nordeste, deve amargar 1 ano sem vencer aquele, por eles denominados de Sardinha, e sofrer consecutivamente por sete jogos sem triunfos? Não, não é justo. Ah de maneira alguma. Sabemos que ninguém bateu na mãe ou no pai. 

E outra, todos merecem um lugar ao sol, pelo menos uma única vez a cada 365 dia por ano, exceto, é claro, os fora da lei, que privilegiados pela constituição, gozam de maiores e grandes regalias, que estão previstas nas diretrizes da execução penal. 

Além disso, é duro notar o Franciel Cruz cabisbaixo, falando fino, canalizando suas mágoas e tristezas na morte de Jair Rodrigues e não se sensibilizar. O Marcos Guimarães, maltratando o cachorro da vizinha, e além de compreender, apoiá-lo. Complicado ouvir o barulhento silêncio pouco inocente do meu amigo Pastor Jota Rodrigues, que anda de língua presa e, por isto, desaparecido e, simplesmente, aceitar tudo isto como normal e natural. Não é fácil saber da pele pálida e o rosto rubro, na antes estampa alegre e feliz do querido amigo Victor Hugo, e não me compadecer, só porque que sou Bahia e assim ache que deva de ser e para sempre.

Portanto, hoje às 18h30 pontualmente, estarei de olho da TV, torcendo pelo Bahia, porque sei que o triunfo será fundamental para pavimentar o caminho em direção de uma grande campanha, que irá fortificar o Bahia Novo e democrático, no entanto, em nome do meu conhecido espírito cristão, e em homenagens as mâes rubro-negras, admito aceitar o revés pelo placar mínimo, porque acredito que ninguém é merecedor de tal nível de sofrimento como esta sendo imposto aos torcedores do Esporte Clube Vitória no ano de 2014.

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